A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

sábado, 1 de setembro de 2007

Carta de Inácio aos Esmírnios

CARTA DE INÁCIO AOS ESMÍRNIOS


(Neste documento se encontra o registro escrito mais antigo sobre o que já se estava ocorrendo em algumas partes, que houvesse distinção entre bispo e presbítero, considerando ao bispo superior aos presbíteros ou anciãos. Não obstante que este documento pode ter algum valor histórico-cultural, deve se adverter que seu conteúdo, em alguns aspectos como o caso de bispado de seu capítulo VIII, é contrário às Escrituras e, pelo menos, para o povo cristão essa parte não teria nenhum valor espiritual)

Assinatura e saudação.

Inácio, por sobrenome Portador de Deus: À Igreja de Deus Pai e do amado Jesus Cristo; a que alcançou misericordia em todo dom da graça; a que está cheia de fé e caridade, e sem que lhe falte carisma algum; Igreja diviníssima e portadora de santidade, estabelecida em Esmirna da Ásia: Minha mais íntima saudação no espírito irreprovável e na palavra de Deus.


Elogio ao destinatário. Profissão de fé.


I. Eu glorifico a Jesus Cristo, Deus, que é quem até tal ponto os há feito sábios; pois muito bem me deu conta de quão apercebidos estáis de fé incomovível, bem assim como se estiverás cravados, na carne e no espírito, sobre a cruz de Jesus Cristo, e que afiançados na caridade pelo sangue do mesmo Cristo. E é que os vi cheios de certeza no tocante a nosso Senhor, o qual é, com toda verdade, da linhagem de Deus segundo a carne, Filho de Deus segundo a vontade e poder de Deus, nascido verdadeiramente de uma virgem, batizado por João, para que fosse por Ele cumprida toda justiça. 2. De verdade, finalmente, foi cravado na cruz abaixo Poncio Pilatos e o tetrarca Herodes -de cujo fruto somos nós, fruto, digo, de sua divina e bem aventurada paixão-, a fim de alcançar bandeira pelos séculos, por meio de sua ressurreição, entre seus santos e fiéis, ora venham dos judeus, ora dos gentios, reunidos em um só corpo de sua Igreja.

Os docetas, entes superficial


II. Porque tudo isso sofreu o Senhor por nós a fim de que nos salvemos; e o sofreu verdadeiramente, assim como verdadeiramente ressucitou a si mesmo, não segundo dizem alguns infiéis, que só sofreu em apariência. Eles sim são a pura aparência! E, segundo como pensam, assim lhes sucederá, que fiquem em organismos incorpóreos e fantasmáticos.


"Tocar, apalpar e ver"

III. Eu, por minha parte, sei muito bem, e nele ponho minha fé, que, depois de sua ressurreição permaneceu o Senhor em sua carne. 2. E assim, quando se apresentou a Pedro e seus companheiros, lhes disse: Toca-me,apalpe-me e veja como eu não sou um espírito incorpóreo. E ao ponto lhe tocaram e creram, ficando compenetrados com sua carne e com seu espírito. Por isso despreciaram a mesma morte, ou melhor, se mostraram superiores à morte. 3. E mais, depois de sua ressurreição, comeu e bebeu com eles como homem de carne que era, se bem, espiritualmente estava feito uma só com seu Pai.


Feras em forma humana.

IV. Agora bem, caríssimos, tudo isso os exaltou, mesmo sabendo que também vós sentis assim. Mas é que eu me faço de sentinela por vós contra essas feras em forma humana, é necessário que não só nunca os recebais entre vós, senão que, se possível, nem mesmo topar deveis com eles. A única coisa que vos cumpre é que rogueis por eles, porque se há maneira de que se convertam, coisa por certo difícil. entretanto, isso cai dentro do poder de Jesus Cristo, verdadeira vida nossa.2. Porque se só em aparência foram feitas todas estas coisas por nosso Senhor, logo também eu estou carregado de cadeia em apariência. Por quê então me entreguei muito entregue à morte, à espada, às feras? Mas a verdade é que estar perto da espada é estar perto de Deus, e encontrar-se em meio as feras é encontrar-se em meio de Deus. O único que faz falta é que ele seja em nome de Jesus Cristo. A troca de sofrer juntamente com Ele, tudo suportou, como quiz Ele mesmo, que se fez homem perfeito, é quem me fortalece.


Os que negam, são negados.

V. A Ele, por desconhecer, lhe negam alguns; ou melhor, tem sido por Ele negados, como advogados que são antes da morte que da verdade. Gente a quem não tem logrado convencer os profetas nem a lei de Moisés, nem sequer, até o presente, o Evangelho mesmo, nem os sofrimentos de qualquer de nós. 2. E é que sobre nós professam também a mesma opinião.Porque, de que me aproveita que alguém me louve, se maldiz a meu Senhor ao não confesar que leva uma carne? O que isto não confessa, lhe há negado absolutamente, e é ele então quem levam sobre si um cadáver.3. Agora, pelo que faz a seus nomes, como são de gentes infiéis, não me pareceu bem declara-los aqui. E mais: nem mesmo lembrar-me quisera deles até que se convertam àquela paixão que é nossa resurreição.


Caridade, pedra de toque.

VI. Que nada se leve ao engano: mesmo as potestades celestes e a glória dos anjos e os príncipes, visíveis e invisíveis, se não crêem no sangue de Cristo, estão também sujeitos a juizo. O que possa entender que entenda. Que nada se envaideça pelo lugar que ocupa, pois tudo está na fé e no amor, às que nada se pode antepor. 2. Pelo demais respeito aos que professam doutrinas alheio à graça de Jesus Cristo, vindo a nós, podemos ver de quão contrários são ao mover de Deus. A prova é que nada se lhes dá pelo amor; não lhes importa a vida e o órfão, não se lhes da nada ao atribulado, nem se preocupam de quem esteja preso ou solto, Faminto ou sedento.


Os hereges fogem da Eucaristia.

VII. Apartem-se também da Eucaristia e da oração, porque não confessam que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, a mesma que padeceu por nossos pecados, a mesma que, por sua bondade, ressucitou o Pai. Assim pois, os que contradizem ao don de Deus, morrem e perecem entre suas Indagações. Quanto melhor lhes fora celebrar a Eucaristia, a fim do que ressucitou!2. Convém, por tanto, apartar-se de tais gentes, e nem privada nem publicamente falar deles, e sim prestar toda atenção aos profetas, e exclusivamente ao Evangelho, em que a paixão se nos faz patente e vemos cumprida a ressurreição. Toda divisão, em troca fuga, como princípio do mal.


Tudo abaixo a dependência do bispo.

VIII. Segui todos ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai, e ao colégio de anciãos como aos apóstolos; em quanto aos diáconos, reverenciados como ao mandamento de Deus. Que nada, sem contar com o bispo, se faça quanto ao que se refira à Igreja. A Eucaristia há de se ter por válida que se celebre pelo bispo ou por quem dele tenha autorização. 2. Onde que que apareça o bispo, ali esteja a multidão, ao mesmo modo que onde quer que esteja Jesus Cristo, ali esta a Igreja universal. Sem contar com o bispo, não é lícito nem batizar nem celebrar a Eucaristia; senão, melhor, aquele que o aprovar, isso também é agradável a Deus, a fim de que quanto fizereis seja seguro e válido.


Exortações e gratas recordações.

IX. Razoável coisa é que por fim voltemos sobre nós mesmos, enquanto temos tempo para converter-nos a Deus. Bem está que sabemos de Deus e do bispo. O que honra ao bispo é honrado por Deus. O que as ocultas do bispo faz algo, rende culto ao diabo. 2. Que tudo, pois, redunde em graça para vós, pois dignos sois dele. Em tudo me aliviastes, como a vós outros rogo; vos alivie Jesus Cristo. Ausente ou mesmo que presente me hão dado provas de vosso amor. Que Deus seja vossa paga, a quem alcançareis, como tudo suportais por seu amor.


Minhas cadeias, resgate vosso.

X. Bem fizestes em receber como a ministros que são de Cristo Deus, a Filón e Reo Agatópode, que me vem acompanhando com a visão de Deus. Eles dão também graças ao Senhor por vós, por os haverem aliviado a eles de todas as maneiras. Nada disso há de ser perdido para vós outros. 2. Por resgate vosso ofereço meu espírito e minhas cadeias, que vós não despreciastes altivamente nem os envergonhastes delas. Tampouco de vós se envergonhará aquele que é vossa honesta esperança: Jesus Cristo.


Um embaixador de Deus a Antioquía.

XI. Vossa oração tem chegado até a igreja de Antioquia da Síria, desde onde, carregado destas diviníssimas cadeias, vou saudando a todos, eu, que não sou digno de contar-me entre eles, pois sou o último de todos; entretando, porque assim quis o Senhor, e não pelos méritos de que eu tenha conciência, e sim da pura graça de Deus - e oxalá me seja dada cumprida!-, fui feito digno, por vossa oração, de alcansar a Deus.2. Agora bem, para que vossa obra chegue a sua perfeição, tanto na terra como no ceú, é conveniente, para honra de Deus, que vossa igreja eleja a um embaixador divino que vá até a Síria e lhes felicite por gozar de paz e haver recobrado sua própria grandeza e se haja restabelecido o próprio corpo daquela igreja.3. Assim, pois, me há parecido coisa digna de Deus enviar a algum dos vossos com uma carta, a fim de que celebre juntamente com ela a bonança divina que lhes há sobrevindo e que por vossa oração hajam felizmente atracado já ao porto. Se sois perfeitos, tendes também pensamentos de perfeição. Porque se vós estais decididos a agir bem, pronto esta Deus também a procurar os que houverem de necessitar.


Saudação e despedida.

XII. Os saúda no amor dos irmãos de Troas, desde onde também os escrevo por mão de Burro, que enviasteis comigo juntamente com os Efésios, irmãos vossos, e que em tudo me tem aliviado. e prouvera a Deus que todos lhe imitaram, como modelo que é no ministério de Deus! Que a graça se lhe recompense de tudo em tudo. 2. Saúdo a vosso bispo, digno de Deus; ao divino colégio de anciãos, e aos diáconos, conservos meus, e a todos os do povo em geral, em nome de Jesus Cristo, em sua carne e em seu sangue, em sua paixão e ressurreição, corporal a par que espiritual, na unidade de Deus e de vós outros. Que a graça seja convosco; a misericórdia, a paz e a paciência em todo momento.


Saudações particulares.

XIII. Saudação às famílias de meus irmãos, com suas mulheres e filhos, às virgens que são chamadas "viúvas". Recebei meu adeus na virtude do Pai. Os saúda Filón, que está comigo. 2. Minhas saudações à família de Tavías, à que rogo se firme na fé e no amor, tanto corporal como espiritual. Saúdo a Alce, nome para meu querido, e a Dafno, o incomparável, e a Eutecno, e nominalmente a todos. Adeus na graça de Deus.
PAIS APOSTÓLICOS. Versão de Daniel Ruíz Bueno. BAC, Madrid. Quinta edição de 1985. Páginas 488 a 496.

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