A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

sexta-feira, 14 de março de 2008

PALAVRAS DO TRADUTOR

PALAVRAS DO TRADUTOR


Amados irmãos!

É com muita alegria e satisfação no espírito que vos apresento esta obra que Espírito Santo trouxe para a língua portuguesa tendo em vista a edificação do corpo de cristo, da igreja de fala portuguesa. Particularmente, nunca vi uma exposição da história da igreja com uma visão tão ampla e equilibrada como a apresentada neste livro. O desejo do meu coração é que o Senhor use esta literatura para encher e renovar a mente dos Santos e dar-lhes clareza do porque hoje estamos enfrentando essa apostasia e esfriamento.
Que possamos estar apercebidos, com nossas vasilhas cheias e transbordantes do óleo que o é Espírito de Deus. Que O Senhor use esta ferramenta para despertar aos que dormem, antes que se dê o grito: Eis o Noivo!!
AGRADECIMENTOS

Quero deixar escrito neste livro palavras de gratidão que transbordam em meu coração.
Em Primeiro Lugar quero agradecer ao Meu Senhor Jesus Cristo que por intermédio de Seu Espírito, me conduziu à tradução de uma riquíssima obra sobre a nossa história, desprezando o fato de que não falo o Espanhol, o Senhor mostrou que Ele é a minha provisão! Cristo é meu tradutor!! Cristo é meu Dicionário! Cristo é minha disposição! Cristo é minha perseverança, e por isso, por mérito exclusivo do Senhor, esta obra agora poderá ser lida pelos irmãos de fala portuguesa.
Agradeço também à minha querida esposa Tatiane e minha filha Pâmela, pelo apoio que me prestaram durante a tradução, me encorajando e orando junto aos meus amados irmãos da cidade de Alegrete, Rio grande do Sul.
Agradeço ao Irmão Arcadio Sierra Díaz pelas constantes orações juntos aos irmãos das igrejas da Colômbia, especificamente a igreja que está em Bogotá; e por ter permitido a tradução desse livro para o Português.


Paulo Almeida.

BIBLIOGRAFIA ( Em Espanhol )

BIBLIOGRAFIA ( Em Espanhol )

- Actas de los Mártires. Daniel Ruíz Bueno. BAC, Madrid, 1975- Asuntos Eclesiológicos. Gino Iafrancesco V. 1981-1992- Babilonia, Misterio Religioso. Ralph Woodrow.- Comentario Exegético-Devocional a Toda la Biblia. Desde Santiago hasta Apocalipsis. Matthew Henry. CLIE, 1991.- Cómo Escapar del Laberinto Religioso sin dejar de ser fiel a Dios. Raúl Marrero. Editorial Vida - 1998- Compendio Manual de la Biblia. Henry H. Halley. Editorial Portavoz, 1955.- Contra Viento y Marea. Leslie T. Lyall.- Cristo y Su Iglesia. Santos Olabarrieta. Fort Lauderdale, Fl. USA. Pág. 28-29.- Discípulo. Juan Carlos Ortiz. Argentina.- El Llamado. Rick Joyner. Danprewan Editora. Río de Janeiro.- El nombre de la Rosa. Umberto Eco. RBA Editores, S.A., Barcelona, l994.- El Nuevo Testamento - Versión Recobro. Notas y bosquejos por Witness Lee. Living Stream Ministry, 1994.- El Testimonio de Watchman Nee. Compilado por Kwang Hsi Weigh. Editora Árvore da Vida, Brasil, 1990.- Enciclopedia Ilustrada de Historia de la Iglesia. Samuel Vila, Darío A. Santamaría. Editorial CLIE, 1979.- Frente a la Caida. Gino Iafrancesco Villegas, 1992.- Hacia el Centro. Gino Iafrancesco V. 1993.- Hermanos Libres, ¿Por qué? Raúl Caballero Yoccou. Talleres Gráficos Argen-Press, S.R.L., Buenos Aires, 1964.- Historia de la Iglesia Cristiana. Jesse Lyman Hurlbut, J. Roswell Flower, Miguel Narro. Editorial Vida, 1978.- Historia del Cristianismo. Kenneth Scott Latourette, 2 tomos. Casa Bautista de Publicaciones, 1979.- Historia del Pueblo Judío. Werner Keller. Sarpe. 1985.- Historia del Protestantismo. Ricardo Cerni. El Estandarte de la Verdad, Gran Bretaña, 1992.- Introducción a la Teología. Gino Iafrancesco V., 1991.- La Búsqueda Final. Rick Joyner. Whitaker House. USA. 1997.- La Casa y el Sacerdocio. Gino Iafrancesco V., 1992.- La Enseñanza de los Apóstoles. Witness Lee. Living Stream Ministry, Anaheim, Cal. 1994.- La Fe Bíblica e Histórica de los Bautistas sobre las Doctrinas de la Gracia. Compilación de varios autores. Iglesia Bautista de la Gracia. México, 1997.- La fiesta de los Tabernáculos. George Warnock. 1951.- La Historia de la Iglesia y de las Iglesias Locales. Witness Lee. Living Stream Ministry, Anaheim, Cal, 1991.- La Iglesia Normal. Watchman Nee. Tipografía Indígena, Cuernavaca, Mor., México, 1964.- La Ortodoxia de la Iglesia. Watchman Nee, Ediciones Cristianas. Santafé de Bogotá, D.C.1998.- Las Dos Babilonias. Alexander Hislop. Ransom Press International. 1998.- La Vida de Nee To-sheng (Watchman Nee), Angus I. Kinnear. Ediciones Hebrón, Argentina, 1984.- Los Asuntos de la Iglesia. Watchman Nee. Living Stream Ministry, Anaheim, California, 1991.- Los Cánticos Graduales. Stephen Kaung. Ediciones Hebrón.- Padres Apostólicos. Daniel Ruíz Bueno. BAC, Madrid, quinta edición, 1985.- Una Historia Ilustrada del Cristianismo - La Era de los Gigantes. Tomo 2. Justo L González. Editorial Caribe. 1978.- Una Interpretación del Apocalipsis. Domingo Fernández Suárez. Casa Bautista de Publicaciones. 1976- Una Introducción a la Historia y Teología de la Reforma. Theo G. Donner. Seminario Bíblico de Medellín, 1987.- Ven, Señor Jesús. Watchman Nee. Editorial CLIE, 1984

VII- Laodicéia

Capítulo VII
LAODICÉIA

SINOPSE DE LAODICÉIA

O juízo do povo e a Filadélfia degradada

Da hierocracia de Tiatira e Sardes surge a teocracia de Filadélfia, mas degenera em democracia em Laodicéia - Laodicéia é uma Filadélfia degradada - Do fervor espiritual à mornidão.

A conotação da teologia da prosperidade

A igreja proclama que é rica, mas essa riqueza não é de Deus - Diz Deus que essa igreja é uma desventurada, miserável, pobre, cega e nua - O movimento chamado Verdade Necessitada – O Senhor castiga aos que ama - Tem que pagar um preço.

O Senhor fora da igreja

O Senhor tem falado à Igreja - A igreja não deixa entrar o Senhor - Ele chama aos vencedores, ao que queira abrir-lhe a porta- Ele vomitará de Sua boca a igreja morna – Jesus Cristo agora trabalha com os vencedores - Poucos querem comprar o ouro refinado de Deus.

Os vencedores de Laodicéia

Sétima recompensa: Se sentarão com Cristo em seu trono glorioso - É o maior galardão oferecido aos vencedores de todas as épocas, prometido pelo Senhor Jesus, o primeiro vencedor.

A CARTA À LAODICÉIA


"14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. " (Ap. 3:14-22).

O juízo do povo

Laodicéia estava localizada ao sul da Frigia (Ásia Menor), edificada ao redor do ano 250 a. C. por Antíoco II (261-246 a. de C.), rei sírio da descendência de Seleuco, chamada assim em honra de sua mulher, Laodios, que mais tarde ficou tão agradecida que o envenenou. Essa localidade era um centro comercial, profissional e financeiro, e não é coincidência que a cidade fosse conhecida pela manufatura de telas de lã negra. Também em seu entorno cultural era sede de uma famosa escola de medicina, e se especula que elaboravam um pó que servia para curar os olhos. Alguns exegetas supõe que a igreja nessa localidade foi fundada por Epáfras, dado o contexto de Colossenses 4:12-13. Ao ser ocupada pelos romanos, chegou a ser sede do procônsul romano. Laodicéia foi destruída totalmente no ano 1042, por Temur, o famoso guerreiro asiático, restando dela só um montão de ruínas dos templos, os teatros e outros edifícios.Para muitas pessoas tem sido muito difícil, para não dizer impossível, explicar a profecia do Senhor nesta carta à Laodicéia. Para a grande maioria dos exegetas, Laodicéia representa a caótica situação da Igreja em geral, tal como o observamos tempos contemporâneos; mas ainda vemos algo disso, é mais que isso. A par com essas considerações, e para não confundir Sardes com Laodicéia, se deve ter em conta que o Senhor fala de encontrar em Sua vinda a condição das igrejas de Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia; por tanto estas quatro condições estarão presentes ao regresso de Cristo. Assim que, mesmo que Laodicéia reflita a condição degradada dos cristãos contemporâneos, entretanto, posto que Sardes e Laodicéia são diferentes, Deus quer nos revelar algo mais. Laodicéia não é o mesmo que Sardes. Laodicéia é a degradação de Filadélfia. Assim como Sardes (o protestantismo) sai de Tiatira (catolicismo romano), e Filadélfia (os irmãos) de Sardes, assim também Laodicéia (os leigos) se desprende de Filadélfia, nasce dela, pelas razões que iremos esboçando na continuação. Laodicéia não deve confundir-se. Como o resto das localidades, Laodicéia também tem um nome simbólico. Etimologicamente a palavra Laodicéia sai da combinação de duas palavras gregas: "Laos", que significa povo, gente, laico, leigo, e "dikecis", que significa opinião, costume, juízo; de onde se tem que Laodicéia quer dizer, a opinião ou costume do povo ou laicado. Outros tem dito que significa o juízo das nações, direito das gentes. Em Tiatira e Sardes se pode falar de hierocracia, em Filadélfia de teocracia e em Laodicéia de democracia. (Hierocracia, governo de sacerdotes; teocracia, governo de Deus; democracia, governo das gentes).
Esta carta simboliza a etapa histórica da igreja desde a última parte do século dezenove até o regresso do Senhor e é caracterizada pela degradação que começaram a experimentar os irmãos na condição de Filadélfia em sua vida e expressão de igreja. As assembléias dos Irmãos começaram a ruir menos de um século depois de iniciar o Senhor a restauração da Igreja nos albores do século XIX. Então a condição de Laodicéia é a parte da igreja restaurada que se degradou depois, mas que difere da igreja reformada, pelo que não se deve confundir a Laodicéia com Sardes. A igreja degradada seguirá existindo até o eventual regresso do Senhor. Que não se mantenha firme e fiel na condição de Filadélfia, guardando a palavra de Deus e o nome do Senhor, muda, se degrada e passa a ser parte de Laodicéia.


Filadélfia degradada

" 14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: ".

O Senhor não recrimina Filadélfia em absolutamente nada, pelo contrário, tem frases de elogio para ela, mas toda a carta a Laodicéia se pode tomar como uma advertência aos irmãos filadélfos. Nesta carta tudo são reprovações. É uma forma caída de Filadélfia, porque em Filadélfia se manifesta a vida de Deus unindo aos irmãos no amor ágape, mas se Filadélfia falha e não se mantém firme em sua posição, então ocorre uma dramática mudança, mas não para regressar a Sardes, e sim que ao decair, se converte em Laodicéia; ou seja, que os que caem de Filadélfia formam a Laodicéia. Caso se tenha perdido o amor entre os irmãos, o que segue é que cada qual quer que se imponha sua opinião; então se começa a usar outra linguagem, não a do amor fraternal vivo senão o dos direitos mortos das pessoas. Quando é o amor de Deus o que prevalece na igreja, fica excluído e sobrando tudo o que se relaciona com as opiniões e reclamações das pessoas.Roma gera ao protestantismo, este forma à igreja restaurada, os irmãos, e dos irmãos (adelfos) se constituem os leigos (laos), sem que nenhuma destas posições da Igreja desapareça até a vinda do Senhor. Filadélfia teve sua consolidação no começo do século XIX com as assembléias dos Irmãos em Inglaterra, e seu testemunho do Senhor era muito brilhante, plenos de amor pelo Senhor; mas cinqüenta anos depois em muitas das assim chamadas assembléias dos irmãos, esse amor começou a se degradar; todo esse testemunho, essa vida e essa luz continuou perdendo seu brilho no orgulho e a egolatria. O orgulho e a egolatria são desbastadores na Igreja. Hoje existem as assembléias dos irmãos em muitos países, mas na maioria delas não está Filadélfia. Essa é a conseqüência da degradação da Igreja.Seria um erro reduzir Laodicéia ao protestantismo, não; recorde-se que o protestantismo é Sardes. Dentro dos planos do Senhor para restaurar a Sua Igreja, promove a Sardes como um avanço de Tiatira; logo se executa outro avanço com Filadélfia, mas com Laodicéia ocorre um retrocesso. Em quanto à autoridade, é inegável que em Tiatira se caracterizam pelo absolutismo cesaropapista, em Sardes se substitui a legitimidade espiritual pelas meras formas sacramentalistas e tradicionais, pois o Senhor lhe diz que tem nome de que vive e está morto; Filadélfia, por sua parte, se aferra ao Senhor, a Sua Palavra e á comunhão legítima do Corpo de Cristo. Mas Laodicéia, em troca, se desliza aos interesses pessoais e às decisões meramente democráticas, mas sem teocracia.A cada uma das igrejas o Senhor se apresenta com umas credenciais diferentes de acordo com as características de cada uma, fazendo referencia ao que Ele é e ao que Ele faz. Fazendo uma recapitulação das mesmas, temos que a Éfeso, que havia deixado apagar o calor do primeiro amor, o Senhor se apresenta como o que tem as sete estrelas em Sua destra. A Esmirna, a fim de animá-la a ser fiel em meio da perseguição, o Senhor se apresenta como o vencedor da morte. A Pérgamo, que se casa com o mundo, que tolerava a idolatria, a heresia e a imoralidade, o Senhor se apresenta como o que tem a espada aguda de dois gumes, para cortar essa união e toda essa maldade. A Tiatira, que permitia os ensinamentos de Jezabel e das profundezas de Satanás, se apresenta como o Filho de Deus que tem Seus olhos como chama de fogo, para levá-la a juízo. A Sardes, que tem nome de que vive, mas que está morta, apresenta-se como o que tem os sete espíritos de Deus, para dar vida aos mortos. A Filadélfia, diante da qual têm posto uma porta aberta, se lhe apresenta como o que tem a chave de Davi; e a Laodicéia, a igreja morna, a que se ufana de que é rica e que não necessita de nada mais, se apresenta como o Amém, a testemunha fiel e verdadeiro, o princípio da criação de Deus, em quem a igreja encontra todos os tesouros da fé, da graça e da vida espiritual.Aqui o Senhor é o Amém, o firme, o fiel, o veraz. Por quê? Porque, mesmo sem que se mencionem heresias nem imoralidades, havia um culto à personalidade, um orgulho farisaico e envaidecimento espiritual enlaçado com marcado materialismo, indiferença, confiança em sua justiça pessoal, e coisas assim, que provoca as náuseas no Senhor, em uma época quando as mesmas igrejas não parecem contar para nada com o Senhor. Vivemos em uma época em que para muitos crentes, a prosperidade econômica e o desfrute de muitas comodidades materiais, são sinônimos de bênçãos de Deus. Da a impressão de que a igreja de Laodicéia duvida das promessas divinas e vai se esfriando. Mas, o que diz a Palavra de Deus?" 19 Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim.20 Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio. " (2 Co. 1:19,20).Amém significa firme, inamovível ou confiável. Tudo isso é o Senhor, e assim se apresenta a uma igreja que não se manteve firme Nele, senão que se degradou. É grave que depois de haver tido luz, a recusa. Quando o Senhor lhe diz que Ele é a testemunha fiel e verdadeira, indica que a igreja na condição de Laodicéia não é confiável, senão titubeante, instável, não se mantém firme; o Senhor não pode esperar dela que mantenha o testemunho do Senhor fiel e verdadeiro. Com as palavras o princípio da criação de Deus, o Senhor dá a entender que Ele é a origem de toda a criação, fonte e princípio imutável das revelações divinas, da salvação, da obra de Deus, da edificação da Igreja, por tanto sem Cristo essa obra deixa de ser de Deus. Isso nos indica que Laodicéia tem abandonado a correta e verdadeira linha de Deus, a que vem tendo desde o princípio. Pode nos parecer difícil diferenciar externamente a Filadélfia de Laodicéia; porque na realidade Laodicéia é uma Filadélfia orgulhosa, altiva, sem amor, jactanciosa de riquezas, em uma palavra, degradada espiritualmente. Não podemos jactar-nos de nada porque qualquer coisa que tenhamos, seja na ordem material ou espiritual, tudo o temos recebido. E se ainda temos algo na carne, não nos devemos gabar, porque tudo o que forma a carne é esterco diante de Deus e de Seus propósitos.

A igreja Morna

"15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; ".
Ao que tenha a frieza da morte, Deus quer dar-lhe vida, mas ao morno, o Senhor prefere vomitá-lo de sua boca, o qual implica ser recusado por Ele. Os alimentos mornos não são agradáveis, e se pode ser ou um pecador sincero ou um cristão hipócrita. O que é mais agradável? A mornidão significa que não há uma decisão entre o Senhor e o mundo. O morno é um abandeirado da justiça própria. Recorde-se que quem nos justifica é Deus. A justiça própria e o legalismo vem das mãos humanas. Se há descuido no fervor da vida espiritual abundante, as obras têm o selo da aparência exterior e do orgulho, em uma aparência de não estar no mundo, mas olhando sempre o mundo, e isso não agrada ao Senhor. Caso se caia no terreno da religiosidade, tenha-se em conta que isto é um engano de Satanás. A religiosidade se alimenta da mornidão e do legalismo. Ninguém pode contar com um amigo morno em seus afetos. Disse Olabarrieta:"Efetivamente a característica dominante da fé hoje no mundo é sua mornidão. Não estão contra a Bíblia, nem contra Cristo nem seus apóstolos, nem contra o mundo, nem contra os criminais, nem contra a madre superiora, Tem que ir de braço com todos: Inclusive a crença é de que existe um Deus bom misericordioso que salvará a todo o mundo, posto que todas as religiões são boas e todos os caminhos marcados por elas servem. O que é vergonhosamente um insulto à justiça de Deus e ao único caminho da Salvação pela graça, fundamentada exclusivamente na morte de Jesus, o Filho de Deus, único substituto válido para resgatar-nos na justiça perfeita de Deus!" (Santos Olabarrieta.op. cit., pág. 38).


A desventura da jactância

" 17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. "
A auto-suficiência havia cegado a Laodicéia, enredada pelo orgulho espiritual. Porque Filadélfia é rica, mas não se gaba, e ao gabar-se se converte em Laodicéia. De que se gaba Laodicéia? De ser rica no vão conhecimento doutrinal, preferencialmente; não necessariamente de riquezas materiais, ainda que também nestes tempos finais muitos se gabem da prosperidade meramente material. Os que não necessitam nada espiritualmente, seguro que estão mornos e próximos a morrer. Mas o Senhor lhe diz que não se gabe de saber doutrina, que é ignorante de sua verdadeira situação espiritual, não mirando nas coisas com a autêntica visão senão desde um ponto de vista equivocado. O desventurado é um desgraçado, porque pode sentir-se muito ditoso com a atual situação, mas Deus o vê desventurado desde o ponto de vista da eternidade. À Laodicéia lhe falta sinceridade com o Senhor. O rico se sentia muito feliz com seus cotidianos banquetes, mas por dentro a realidade era outra; interiormente Deus via no rico piores chagas que as que sofria Lázaro fisicamente em seu corpo. O Senhor visa o miserável que somos, ou dignos de misericórdia, ainda que pretendamos aparentar outra coisa, porque o desamparo e a malícia do coração não se podem esconder de Deus. As assembléias professantes se consideram a si mesmas ricas de muitas coisas, mas a realidade, como a vê Deus, é que estão pobres de Cristo.Nessas condições, o Senhor qualifica a igreja em Laodicéia como pobre, submersa na escuridão. É verdade que há organizações religiosas que se gabam de possuírem esplêndidos templos e instalações, apoteóticos rituais, alta cultura e tradições cristãs, inúmeros recursos materiais, grande prestígio ante os olhos do mundo, uma extraordinária organização e hierarquia, e sentir-se muito ricos, coisas que para o Senhor não interessam quando não se tem posto em um nível muito por debaixo dos verdadeiros e bíblicos propósitos de Deus e se hajam ajustado à Sua economia; mas aqui não só se refere à Palavra a essa classe de riquezas. Porque devemos ter em conta que, por exemplo, às vezes parece que no protestantismo há maior jactância pelas riquezas materiais, mas muito pouco pelas riquezas espirituais. As riquezas deste mundo sobram na obra de Deus. O verdadeiramente importante é fazer a obra de Deus em amor, com os recursos que Deus nos dá em Cristo, para a construção de um templo que não é deste mundo, porque Deus não habita em templos feitos por mãos humanas.Laodicéia diz que é rica, e em sua degradação se jacta dessa riqueza, e se plena de orgulho; mas o Senhor não valoriza como riqueza o que Laodicéia considera como tal; ela é pobre; o Senhor disse que é pobre. Por que o Senhor diz a Laodicéia que ela é pobre? Porque experimentalmente desconhece as riquezas de Cristo. Agora necessita comprar ouro refinado para enriquecer-se, porque está longe da realidade espiritual da eterna economia do Senhor. Pode-se ter muito ouro e prata, mas carecer dos tesouros derivados do Cabeça da Igreja, Jesus Cristo. Estando na condição de Filadélfia não aprenderam a serem humildes diante do Senhor, e caíram no orgulho de Laodicéia. Da condição de Filadélfia à Laodicéia há tão somente um passo. Se verdadeiramente és rico nas riquezas celestiais, nem sequer te dê por informado; todavia que siga havendo sede em teu coração pelas coisas de Deus. "Se alguém tem sede, venha a mim e beba" (Jo. 7:37b). É perigoso sentir-nos já satisfeitos, já sem a necessária sede pelas coisas de Deus, para que o Senhor não nos veja como uns miseráveis e orgulhosos. Houve observadores que estimaram que muitos dos irmãos na China eram culpáveis de orgulho espiritual. Inclusive se deram casos de grupos que se separaram das igrejas para formar corpos "purificados" e exclusivos.Como o temos comentado no capítulo anterior, em um amplo setor de Filadélfia, mesmo nos albores, muitos irmãos se inclinaram pela exclusividade e começaram a estreitar-se, a fechar-se, assunto que se havia iniciado com Darby, Kelly, Raven, Grant e outros pioneiros. Em 1876 surgiu um movimento similar chamado Verdade Necessitada, o qual, com o hipotético respaldo de várias passagens das Escrituras, fazia uma curiosa classificação do povo de Deus e sua recepção, pois faziam uma diferenciação na igreja, por um lado, definindo-a como o corpo de Cristo, composta de todos os crentes, e por outro lado a Igreja de Deus, à qual relacionavam com a comunhão (Atos 2:42), com a casa de Deus, com a assembléia de Deus vivente, a qual, segundo eles, estava constituída somente pelos crentes localizados na confederação da Verdade Necessitada. Estes círculos fechados constituem por si barreiras para a unidade e a liberdade de Espírito.Aliás, o Senhor diz a Laodicéia que está cega, mas esta cegueira é pior que outras porque é uma igreja que não quer ver sua própria condição, e havendo perdido a percepção espiritual, é incapaz de ver o que é realmente de Deus. A tragédia de Laodicéia não só é que não tenha a visão, senão que pensa ter quando realmente não a têm, e o pior é que se gaba de que ainda a têm. Se tu lhe dizes que está cega, te apelidam de estúpido. Laodicéia continua aferrada em seu ambiente religioso, e tem descido dos lugares celestiais, porque o orgulho não eleva senão que abate, faz cair; é por isso que o Senhor, aos vencedores de Laodicéia promete que se sentarão com Ele em Seu trono. Que triste é haver chegado a ter a visão e perdê-la e ficar cego; o importante é poder dizer: Antes era cego e agora vejo. Não importa que me expulsem de meu círculo religioso. Agora tenho a visão de Deus em Cristo. Mas a visão requer de um sacrifício; mas isso é para os vencedores. Quem não vê, está impossibilitado para trabalhar na edificação da casa de Deus. A visão não se estanca, é viva e contínua, progressiva e renovada; é o trabalho do Senhor em ti e contigo.Aqui o Senhor não está se referindo aos "ministros" cegos pela perspectiva de ganância e proveito material no campo religioso, nem aos pregadores assalariados seguidores do caminho de Balaão, que não havendo escutado a voz de Deus, tampouco entendeu a visão, não obstante que o Senhor lhe abriu os olhos quando um pouco antes havia aberto o de seu asno. Pregadores deste tipo não visam à glória de Deus senão suas próprias considerações e de que maneira são afetados seus próprios interesses, comodidade e prestígio. Tampouco está se referindo o Senhor aqui à cegueira produzida pelo zelo religioso, de ser fiel ao estabelecido pelo homem e não segundo Deus; esse zelo é desorientador e cria um véu que nos impede ver a autêntica visão de Deus em Seu Espírito e em Sua Palavra. Tu tens a Palavra de Deus frente a teus olhos, a estas lendo e não vês o que Deus está te dizendo. Se teus olhos espirituais estão cegos, não poderás ser usado para abrir os olhos a outros, para que se convertam das trevas à luz de Deus. Só em Cristo há luz, porque Ele é a luz; em tuas próprias considerações há cegueira.Por último, o Senhor diz a Laodicéia que está nua. Esta igreja degradada se orgulha de estar muito bem vestida, mas é uma falsa e hipócrita vestidura farisaica. Ao não viver por Cristo, sua cegueira lhe impede ver que está nua. Aos nossos primeiros pais não lhes serviram as vestiduras que eles mesmos se haviam proporcionado; o Senhor os via nus, e Ele mesmo se encarregou de cobri-los. Já temos dito que a segunda vestidura em nosso diário andar é que levemos nossa própria vida à cruz, à morte, e vivamos a Cristo como nossa justiça subjetiva. "As ações justas dos santos" (Ap. 19:8b) são as que se realizam em nosso andar em Cristo, porque Ele é nossa justiça. O vestido para cobrir a nudez é a verdadeira justiça. Nem todos os irmãos participarão das bodas do Cordeiro, senão só aqueles vencedores com essa vestidura que reflete a classe de vida que viveram neste corpo, suas obras justas.

Ouro refinado no fogo

" 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. ".
A compra deste ouro refinado não é uma coisa fácil, pois para comprar se requer pagar um preço, e, aliás, não se trata do ouro corrente; este ouro refinado se refere em primeiro lugar à natureza de Deus, tipificada na arca do tabernáculo, a qual foi coberta de ouro puro por dentro e por fora, somente se pode ter entrando ao Lugar Santíssimo por meio de Cristo, na comunhão íntima com Cristo, com Sua cruz, com Seus sofrimentos, com Sua humildade e simplicidade, pagar o preço nas provas de fogo, integrados na construção de Sua obra, da Nova Jerusalém, e assim experimentar as riquezas de Cristo. Quando as virgens insensatas foram ressuscitadas, já não tiveram a oportunidade de pagar o preço; o tempo havia passado. Nesse tempo só se poderá pagar o preço nas trevas exteriores. Também o ouro refinado se compara com a fé, por meio da qual participamos da natureza de Deus. À igreja degradada não basta o conhecimento e a doutrina de Cristo, nem da Bíblia, nem das diferentes correntes teológicas; é necessário que pague um preço pelo ouro, pelas vestiduras brancas e pelo colírio. É fácil saber como aprender, mas é difícil saber como comprar. Muitas vezes se recebem graus por terminar estudos de conhecimentos, mas sem experimentar a cruz.Só pela fé participamos da natureza divina, ambas tipificadas pelo ouro. Em sua primeira carta, Pedro diz: " para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; " (1 Pe. 1:7). Logo em sua segunda epístola segue dizendo:" Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo,. pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor " (2 Pe. 1:1,4-7).Aqui vemos que não é suficiente a riqueza na doutrina. A igreja deixou o amor fraternal, se degradou pelo orgulho do conhecimento doutrinal, mas sem fé isto é inútil para participar da natureza divina de Cristo. Não se trata de que estejas rico em conhecimentos, nem de que atues somente com base nessas riquezas, " Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. " (Gl. 5:6). O preço que tem que pagar pode incluir o desprender-se das coisas mais amadas por nós, inclusive nossas próprias vidas. Medita nas palavras de Paulo em Filipenses 3:8. De acordo com o contexto, tudo o que Paulo havia considerado muito valioso para ele, ao final, para ganhar a excelência do Senhor em sua vida, tudo isso o chegou a considerar comida de cachorro. Pagando com tudo o que temos, ainda assim o preço é muito baixo comparado com o precioso tesouro do Senhor.O Senhor recomenda a Laodicéia a comprar Dele vestiduras brancas para cobrir-se, e isto tem que ver com a conduta ou as obras aprovadas pelo Senhor, quando o Senhor mesmo vive na Igreja. Quando tu és filho de Deus pela fé em Cristo Jesus, és revestido de Cristo, mas é necessário que essa fé e esse revestimento se traduzam em tua conduta, a vida de Cristo em ti, que se realizem as boas obras preparadas de antemão por Deus (cfr. Gálatas 3:26,27; Efésios 2:10), que realizes as obras com um motivo puro. A mesma experiência te ensinará que quando creste fostes revestido de Cristo, Sua justiça te cobriu objetivamente; mas em teu andar com Ele de pronto sentes que estás nu, que Cristo não é ainda uma vivencia subjetiva em ti; então necessitas cobrir-te de outro tipo de vestiduras, por meio dos quais tu possas experimentar a Cristo, expressa-lo por meio de teu ser, e para isso deves pagar um preço.Também, recomenda à igreja degradada que ponha em seus olhos colírio para que veja, mas somente o Espírito Santo pode ungir; então este colírio é a revelação do Espírito Santo, para que a igreja não se baseie só no conhecimentos doutrinal. Muitos destes conhecimentos impedem de se perceber a adequada e necessária revelação do Espírito de Deus, e a igreja entra em uma etapa de cegueira. "20 E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento 27 Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou. " (1 Jo 2:20,27). O colírio é o Espírito da unção. O elemento sobrenatural da vida cristã é ter visão espiritual; perdê-la significa cegueira, incerteza, derrota. A vida do crente não depende das prescrições e os legalismos de seu sistema religioso. A vida espiritual normal é sempre, deve ser sempre, sobrenatural; mas é quando o crente tem recebido visão espiritual. Se não há visão espiritual, ou caso tenha se perdido essa visão, não há sobrenaturalidade, só há religiosidade. Se o crente chega a receber visão sobrenatural e depois a perde, chega à condição de Laodicéia. Por exemplo, uma pessoa pode ser muito zelosa de suas tradições religiosas, mas esse "zelo" pelas coisas de Deus o mantém preso na cegueira. Só quando Deus o ilumina espiritualmente, é como poder inteirar-se de sua própria cegueira. É o caso de Saulo de Tarso. Era tanta sua cegueira e seu zelo por sua religião judia e suas instituições ancestrais, que havia crido ser seu dever fazer muitas coisas contra o nome de Jesus de Nazaré. O crente com visão espiritual vive em lugares celestiais, que é a esfera sobrenatural da Igreja com Cristo, e o que perde essa visão sobrenatural, desce à terra, ao puramente religioso, e em sua cegueira enterra seu talento.Não agrada ao Senhor que o louvem ou o sirvam levados pelas exigências legalistas dos religiosos. As "missas" perdem todo significado quando há visão espiritual. Tudo começa quando o Pai revela a Seu Filho em ti, e isso sucede quando o Pai abre teus olhos espirituais para que vejas a glória do Senhor, e em teu legítimo andar com Cristo sejam inúteis todas as fabricadas "leis" cristãs, encaminhadas a um aparente e artificial andar piedoso, externo, vazio e até hipócrita, porque as aparências costumam ser enganosas. Devemos pedir ao Senhor que Ele nos revele. A respeito há três citações bíblicas, entre outras, que me chamam muito a atenção. Lemos em Efésios 1:17-18:" 17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele,18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos ".A que nos tem chamado o Senhor? A sermos conformados à imagem de Seu Filho. Romanos 8:29 diz: " Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. ". Não podemos ser conformados à imagem do Filho de Deus sem antes conhecê-lo, sem ter uma visão completa Dele. Necessitamos que o Pai nos dê espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento Dele; que haja visão em nossos olhos espirituais.Também lemos 2 Coríntios 3:18: " E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito ". É necessário que se realize em nós uma metamorfoses, até que o Senhor Jesus se reproduza em nosso interior por Seu Espírito, em Seu caráter, Sua personalidade, Sua perfeita humanidade, até que Ele possa manifestar-se através de nós.

O Senhor castiga aos que ama

" Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te ".O senhor diz aqui que também ama a Laodicéia, porque ainda que mornos, ali há filhos de Deus; e é por isso que a repreende e a corrige, requerendo-a para que ao invés de morna seja zelosa, fervorosa, que não siga ufanando-se de seu morto e vão conhecimento, que pague o preço do arrependimento de seu estado de mornidão, comprando o ouro da fé provada no fogo, a que obtém a plena aplicação da graça de Cristo, para que volte a desfrutar da realidade do Senhor com sua vestidura branca e o colírio da unção espiritual. É isto um preço barato? As provas de fogo são um preço alto sobre tudo quando nosso coração está cheio de soberba. A disciplina do Senhor enquanto vivemos nesta terra pode ser em que nos sobrevenha enfermidade, debilidades, tribulações e até mesmo morte prematura. " 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.31 Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.32 Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. " (1 Co.11: 30-32). O Senhor sempre exerce a disciplina por amor, mas quase sempre o arrogante e orgulhoso não está disposto a receber a repreensão do Senhor. O arrependimento não é uma comédia superficial com o que muitos se enganam e tratam de enganar aos demais. É uma realidade na que, em um confissionário católico romano, com freqüência, ambos protagonistas, tanto o sacerdote como o penitente, sabem que ali pode haver de tudo menos arrependimento. Os que na realidade se arrependem nesse sistema, são apelidados de loucos e maníacos. Quando uma pessoa se arrepende, muda de vida, e deve tomar sua cruz cada dia para poder seguir ao Senhor. A pessoa não somente deve se arrepender a nível individual, a igreja corporativamente também deve arrepender-se. O Senhor da certo tempo para que nos arrependamos, como no caso de Jezabel de Tiatira " Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.
22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. " (Ap. 2: 21-22). A igreja degradada não deve seguir orgulhosa de seu conhecimento morto e vazio. Ver também Hebreus 12:3-11.

O Senhor esta às portas

" Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. ".
Neste período da Igreja, a vinda do Senhor já está próxima, esta às portas; mas Laodicéia tem se degradado tanto que, sua Cabeça, o Senhor Jesus, ao que aparentemente serve, está á porta, por fora da igreja, chamando ao que queira abrir-lhe e escutar-lhe, obedecer-lhe. Ele está chamando objetivamente a toda a igreja, mas já Ele sabe que a igreja em Laodicéia inchada em seus conhecimentos e em seu orgulho, mas sem a presença do Senhor, não lhe vai a abrir; então o chamamento será aceito subjetivamente por alguns crentes, membros individuais que querem abrir-lhe as portas de seu coração e intimamente cear com o Senhor, e nos quais o Senhor transforma as verdades objetivas em experiências subjetivas. Uma coisa é alimentar-se de doutrinas mortas e muito conhecimento, e outra é comer e alimentar-se do Senhor como a árvore da vida no jardim (Éfeso), como o maná escondido e da boa terra. O crente passa por três etapas: Egito, o deserto e Canaã, e em cada etapa tem de comer cada vez algo mais de Cristo: o Cordeiro, o maná e o fruto da terra. O comer contigo significa que o Senhor quer entabuar uma relação de especial amizade contigo, uma relação de íntimo trato. A esta igreja lhe promete cear com ele quem lhe abrisse a porta, o qual não se refere simplesmente a comer algo, senão que vai mais adiante, a participação ampla das abundâncias de um grande banquete. O Senhor quer comer com o que lhe obedeça. Ainda que em Laodicéia haja reprovações, entretanto, o Senhor é tenro: " Eu repreendo e disciplino a quantos amo ",e " Eis que estou à porta e bato ".Note que chega a época em que Cristo fica excluído como Senhor e Salvador de um setor da Igreja; por fora da porta de Sua própria Igreja. O grosso da igreja degradada permanece em um estado de religiosidade sem Cristo, portando lâmpadas sem azeite, seus membros são mornos, auto-suficientes, vaidosos nas suas posições, tratando de cobrir sua nudez e sua vergonha com o vestido dos que vendem o azeite, fazendo suas próprias obras, e não necessariamente as do Senhor. Na igreja não é o mundo o que está à porta, senão Cristo. Por dentro da estrutura eclesiástica, quando Cristo está excluído, por muita aparência de normalidade que possa haver, não há convicção de pecado, só há uma roupa de religiosidade e de mornidão. Quando a estrutura religiosa de Jerusalém lhe recusa, o Senhor não fica em Jerusalém, sai do sistema religioso imperante e se vai para Betânia, a casa de aflição, mas também a casa do banquete. Este versículo, sacando-lo de seu contexto, tem sido usado para evangelizar aos pecadores, mas aqui o Senhor o está dizendo é para a Igreja. Um incrédulo, morto em seus delitos e pecados, não tem a capacidade nem a luz suficiente para abrir a porta de seu coração a Cristo. É Deus por meio de Seu Santo Espírito quem abre o coração, os olhos e os ouvidos das pessoas; é o Pai quem traz a gente à Cristo. Lemos em Atos 16:14:" Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia ".


Os vencedores de Laodicéia

" Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. ".
Analisando as promessas aos vencedores das sete igrejas, esta é a máxima, a mais nobre e gloriosa de todas, sentar-se com o Senhor em Seu trono. Por que precisamente a esta igreja? Em primeiro lugar tenhamos em conta que a idade da igreja e da graça já vai terminar, e todo vencedor está na expectativa da pronta vinda do Senhor, que vem a sentar-se em Seu trono. O sentar-se com o Senhor em Seu trono é o melhor dos prêmios prometidos, porque os que o receberem tem de participar da autoridade do Senhor, em sua qualidade de reis, governando com Ele sobre toda a terra durante o reino milenar de Cristo. Aqui o que vence o faz sobre a mornidão da igreja degradada, gerada pelo orgulho do conhecimento de muita doutrina, mas sem o Senhor. Aqui o vencedor é o que paga o preço para comprar o ouro refinado nas provas de fogo, as vestiduras brancas de seu andar em Cristo e o colírio da unção e a luz do Espírito Santo. O vencedor de Laodicéia é aquele crente que ante a estrepitosa caída da igreja desde a esfera celestial, não perde sua posição sobrenatural, porque não perde a visão espiritual que o resto da igreja, em sua cegueira, tem perdido. Como em Laodicéia impera uma espécie de anarquia; cada um quer guiar-se por sua própria opinião; ninguém quer se sujeitar a nada e menos ao Senhor, por isso o Senhor oferece ao vencedor de toda essa situação, sentar-se com Ele no Seu trono.O vencedor é aquele crente que vive uma vida de ressurreição. Se quisermos viver uma vida de ressurreição, é necessário que passemos primeiro por um processo de morte de nossa velha natureza. Há um véu que não nos deixa ver esta vida de ressurreição; há um véu que impede que vejamos a glória que o Senhor quer que vejamos; esse véu é a incredulidade, é a vida de nosso próprio eu. O terreno da igreja é o terreno da ressurreição, os lugares celestiais com Cristo, mas só um remanescente da Igreja o tem alcançado. A grande massa não quer abrir a porta ao Senhor.
No curso destes sete capítulos temos desmembrado em seus aspectos histórico e profético as sete cartas enviadas às igrejas em localidades da Ásia Proconsular do primeiro século de nossa era, que representam profeticamente os sete períodos da Igreja do Senhor em seu desenvolvimento histórico, com sua simbologia implícita de sete diferentes classes de igrejas, de acordo com o respectivo período histórico, assim temos: a igreja primitiva, a sofredora, a mundana, a apóstata, a reformada, a restaurada, e a degradada. Já temos visto como Éfeso continuou em Esmirna, e esta se converteu em Pérgamo, a qual a sua vez veio a ser Tiatira; ou seja, que finalmente essas quatro igrejas vieram a converter-se na igreja apóstata, o sistema católico romano. A partir dessa condição surge uma reação de restauração com a igreja reformada, o qual resultou imperfeito, pois a restauração completa da vida apropriada da igreja se realiza com Filadélfia. Finalmente Filadélfia sofreu uma degradação com Laodicéia.Atualmente na terra convivem até a vinda do Senhor estas quatro condições da igreja: A igreja católico romana (Tiatira ou igreja apóstata), a igreja protestante (Sardes ou igreja reformada), Filadélfia ou igreja restaurada, e Laodicéia ou igreja degradada, mas só a igreja restaurada satisfaz o propósito eterno e a economia de Deus para Sua Casa. Então surge uma importante inquietude para ti: deves eleger a igreja na que deves apropriadamente andar com o Senhor.
Primeiro. Preferes seguir sendo católico romano, tendo como cabeça visível ao sumo pontífice da religião babilônica, debaixo das rédeas de uma elite clerical autoritária e mundana? Escolhes a uma religião sincretista, que pratica a idolatria e é continuadora dos mistérios pagãos babilônicos, que aparenta ser fiel ao Senhor, mas que na prática é considerada a grande prostituta pela Palavra de Deus? E deste sistema se conhece muito de suas intimidades e infidelidades, para que continuemos crendo em suas mentiras.
Segundo. Queres continuar no protestantismo com suas incontáveis denominações, com suas organizações com nomes de que vivem, mas que na realidade estão mortas? É verdade que o Senhor tem abençoado muito em seu aspecto global este movimento, mas não são poucas as coisas que o Senhor condena e repreende, tem chegado a hora de que se efetue um giro face a restauração das coisas nos propósitos do Senhor.
Terceiro. Ou te decides a servir ao Senhor na apropriada vida da Igreja, do amor fraternal, Filadélfia, a que guarda a Palavra de Deus, a que não nega o nome do Senhor, na legítima comunhão, autoridade e vida do Corpo de Cristo em cada localidade?É necessário que permaneçamos fiéis ao Senhor na única igreja que é perfeitamente fiel. Filadélfia é o caminho direito e apropriado da Igreja de Jesus Cristo.
Quarto. Por último, começas a sentir-te orgulhoso diante de Deus, te gabas de teus muitos conhecimentos doutrinais, apartando-te da prática da vida do Espírito e cais na condição de Laodicéia, das democráticas opiniões e direitos das pessoas? Sentes-te orgulhoso de tua posição e te gabas diante dos católicos, protestantes, denominações e seitas? O Senhor vomitará de sua boca aos orgulhosos, jactanciosos e arrogantes de Laodicéia.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Alguns Testemunhos dos Irmãos

APÊNDICE DE FILADÉLFIA
ALGUNS TESTEMUNHOS DOS IRMÃOS
(Citados por Watchman Nee em A Ortodoxia da Igreja)


"Um irmão me disse que é obvio nas Escrituras que os crentes reunidos juntos como discípulos de Cristo, eram livres para partir o pão juntos como o Senhor nos encomendou; e que, até onde a prática dos apóstolos pode ser um guia, cada domingo deve ser separado para recordar a morte do Senhor e obedecer ao que Ele exigiu ao partir".

"Caminhando em certa ocasião com um irmão, a medida que descíamos pela rua Lower Pembroke, me disse: ‘Não tenho dúvida de que este é o propósito de Deus com relação a nós, devemos estar juntos com toda simplicidade como discípulos, não servindo em qualquer púlpito ou ministério, senão confiando que o Senhor nos edificará juntos ministrando, uma vez que Ele se agradou de nós e nos viu com bons olhos’. No momento em que ele falou estas palavras, fiquei convencido de que minha alma recebeu o entendimento correto, e que recordo aquele momento como se fosse ontem, e posso descrever o lugar. Foi o dia da grande revelação de minha vida, permitam-me falar assim, como um irmão". (J. G. Bellet)

"Em primeiro lugar, não é uma união formal dos grupos publicamente conhecidos, que é desejável; realmente é surpreendente que ponderados protestantes possam desejá-la: longe de estar fazendo o bem, creio que seria impossível que tal corpo fosse pelo menos reconhecido como a Igreja de Deus. Seria uma cópia de unidade da Católica Romana; perderíamos a vida da Igreja e o poder da palavra, e a unidade da vida espiritual seria totalmente eliminada... A verdadeira unidade é a do Espírito, e deve ser trabalhada pelo obrar do Espírito... Nenhuma reunião que não conceba incluir a todos os filhos de Deus na base completa do reino do Filho alcança encontrar a plenitude da benção, porque não a contempla, porque sua fé não a inclui... onde dois ou três estão reunidos em Seu nome, Seu nome é recordado ali para benção..."Além disso, a unidade é a glória da Igreja; mas a unidade para assegurar e promover nossos próprios interesses não é a unidade da Igreja, senão uma confederação e negação da natureza e esperança da Igreja. A unidade própria da Igreja, é a unidade do Espírito, e só pode estar nas coisas próprias do Espírito, e por tanto só pode ser aperfeiçoada nas pessoas espirituais..." Mas o que deve fazer o povo do Senhor? Deve esperar no Senhor, e esperar de acordo com o ensinamento de Seu Espírito, e em conformidade à imagem, pela vida do Espírito, de Seu Filho. Deve seguir seu caminho pelas pisadas do rebanho, se quiserem saber onde o bom Pastor alimenta Seu rebanho ao meio dia"."Porque nossa mesa é a mesa do Senhor, não a nossa, recebemos a todos os que Deus recebe, a todos os pobres pecadores escapando para o Senhor como refugio, não descansando em si mesmos, senão somente em Cristo". (John Nelson Darby em A Natureza e a Unidade da Igreja de Cristo.)

" Em 1825, Em Dublin, capital da Irlanda, houve muitos crentes cujo coração foi movido por Deus para amar todos os filhos do Senhor, não importando em qual denominação estivessem. Este tipo de amor não foi frustrado pelo muro da denominação. Eles começaram a ver que a Palavra de Deus diz que há apenas um Corpo de Cristo, não obstante em quantas seitas os homens possam dividi-lo. Eles continuaram lendo as Escrituras e viram que o sistema de um homem administrando a igreja e de um homem pregando não é bíblico. Então eles começaram a reunir-se cada domingo para partir o pão e orar. O ano de 1825 foi – após mais de mil anos de igreja católica romana e varias centenas de anos de igrejas protestantes – a primeira vez em que houve um retorno à adoração simples, livre e espiritual conforme as Escrituras. No início eram duas pessoas mais tarde, quatro ou cinco. Esses crentes, aos olhos do mundo, eram inferiores e desconhecidos. Mas eles tinham o Senhor no meio deles e a consolação do Espírito Santo. Eles permaneceram sobre a base de duas claras verdades: primeiramente, que a igreja é o Corpo de Cristo e que este Corpo é apenas um; em segundo lugar, no Novo Testamento não havia sistema clerical. Portanto, todos os ministros da Palavra estabelecidos pelos homens não são bíblicos. Eles acreditavam que todos os verdadeiros crentes são membros deste único Corpo. Recebiam calorosamente todos os que vinham para o seu meio, não importando a que denominação pertencessem. Não tinham preconceito contra qualquer seita. Eles criam que todos verdadeiros crentes têm a função de sacerdote; portanto todos podem entrar livremente no santo dos santos. Eles também acreditavam que o Senhor Ascenso concedera diversos dons à igreja para aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do Corpo de Cristo. Portanto, eles foram capazes de renunciar aos dois pecados do sistema clerical – oferecer sacrifícios e pregar a Palavra. Estes princípios capacitaram-nos a dar boas-vindas a todos os que estão em Cristo como seus irmãos e a estarem abertos a todos os ministros da Palavra ordenados pelo Espírito Santo para servir.".(Watchman Nee, em A Ortodoxia da Igreja, capítulo 7, A Igreja em Filadélfia).

VI- Filadélfia ( 2ª Parte )

Cap. VI
FILADELFIA(2a. parte)

Características judaizantes

Assim como o judaísmo se opôs ao cristianismo, assim também o oficialismo organizado e pretensioso se opõe ao remanescente restaurador; então aqui na carta se da a entender que muitos se aferrariam a características judaizantes, das que Filadélfia se desprendeu de tudo, a saber: Um sacerdócio intermediário, as ordenanças legalistas ou códigos escritos à maneira de Talmud, o templo físico e a ênfase nas promessas meramente temporais ou terrenas, com sua teologia da prosperidade implícita. Na continuação analisamos estes quatro pontos.


O sacerdócio intermediário.

No princípio, Lutero defendia o sacerdócio de todos os crentes, mas não foi restaurado na prática; Lutero insistia na necessidade de um ministério especializado. A prática do sacerdócio intermediário têm resultado no que por meio do sistema clerical os religiosos têm subjugado, e subjugado não só pessoas senão também povos e nações, e esse nicolaísmo segue em vigência. A liderança humana afasta à Igreja da liderança divina e da proteção do Senhor. O Senhor ordenou que a Igreja fosse uma irmandade igualitária. " Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. " (Mt. 23:8). A classe mediadora se desenvolveu no catolicismo romano mediante os sacerdotes chamados padres, nas igrejas estatais como a Anglicana, com o sistema clerical, e nas igrejas protestantes independentes, com o sistema pastoral; contrariando assim o estabelecido nas Escrituras, onde as igrejas que organizavam os apóstolos ficavam debaixo da administração de um corpo ou grupo de anciãos ou bispos, e diáconos. Entre os anciãos ou bispos se exerciam os distintos ministérios.Se a imoralidade do nicolaísmo chegou a profundidades imprevistas no catolicismo romano, pelo lado protestante, por exemplo, na Alemanha, foi acusada a tendência à criação de dinastias pastorais, que se associava com a transmissão dos cargos e ideologias eclesiásticas de pais a filhos, contribuindo a fossilizar o desenvolvimento espiritual do protestantismo.


O código escrito

Quando se renuncia o viver no Espírito e na perfeita comunhão do Corpo, se invalida a Escritura com estatutos e códigos escritos, porque chocam com os princípios da Palavra de Deus, pois ensinam como doutrinas, mandamentos de homens, o qual distancia a Igreja de seu verdadeiro Cabeça e da autêntica estrutura que sua legítima Fonte têm delineado para Seu Corpo. Os códigos escritos invertem a ordem de Deus para Sua Igreja," porque, então, não o buscamos, segundo nos fora ordenado. " (1 Crônicas 15:13b). Em um sistema apóstata, as opiniões dos homens têm mais valor que a Palavra de Deus. Por meio de estatutos de fatura humana se estruturam organizações e se regulamentam os membros, mas constituem práticas diferentes ao verdadeiro batismo no Corpo de Cristo e ingresso à Igreja do Senhor. É o Espírito de Cristo o que verdadeiramente incorpora a Seu Corpo a todos os regenerados. O alento de vida das igrejas locais não é por certo as pessoas jurídicas, senão o Senhor . A vida da Igreja une a água viva do Espírito Santo na comunhão do amor do Pai, a água da Palavra e o batismo, pelo sangue redentor de Cristo. As disposições néscias separam e dividem à família de Deus; e as seitas e os partidos religiosos lastimam e desfiguram o Corpo de Cristo.

O templo físico

Em seu afã de suplantação do plano divino verdadeiro, o sistema babilônico e seus herdeiros naturais, continuam fascinados pela construção de templos físicos. Já fazia séculos que o templo judeu jerosolimitano havia sido destruído pelo império, mas a igreja em Pérgamo herdou da religião pagã a construção de grandes templos materiais, prática que se desenvolveu principalmente com Tiatira; conseqüentemente a igreja reformada (Sardes) o herdou de Tiatira até hoje; Mas biblicamente esses templos não são a casa de Deus, como necessariamente tampouco o são as organizações eclesiásticas que costumam construí-los. Recorde-se que o protestantismo se conta entre os altamente estruturados sistemas religiosos atuais. A casa de Deus é Sua Igreja, a redimida pelo sangue vertido por Jesus na cruz. No protestantismo, igual ao catolicismo romano, costuma se dar mais importância aos templos materiais que ao verdadeiro templo que Deus está construindo para Sua morada. A respeito diz o irmão Nee: "Por favor recordem, o catolicismo é a igreja em cativeiro na Babilônia. Muitos leitores da Bíblia admitem isto. Como os filhos de Israel foram levados cativos a Babilônia, a Igreja também foi levada cativa à Babilônia. O protestantismo regressou da Babilônia, mas não edificou o templo. Apesar de que muitos regressaram da Babilônia, o templo não estava em pé. Hoje em dia vocês e eu devemos ser aqueles que na história da Igreja se levantam a edificar o templo".*(1) De maneira que o Senhor têm uma apropriada economia de Sua Casa, muito diferente à estruturada pelos homens e o mercado religioso. " 10 Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, (segundo o modelo de Deus) para que ela se envergonhe das suas iniqüidades; e meça o modelo.11 Envergonhando-se eles de tudo quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta casa e o seu arranjo, as suas saídas, as suas entradas e todas as suas formas; todos os seus estatutos, todos os seus dispositivos e todas as suas leis; escreve isto na sua presença para que observem todas as suas instituições e todos os seus estatutos e os cumpram. " (Ez. 43:10-11). No povo hebreu Deus estabeleceu um só lugar de adoração, o templo de Jerusalém, e não milhares de sinagogas judias; hoje em Sua Igreja, o Senhor não quer que haja milhares de sinagogas e centros de adoração, senão a unidade de Seu povo em cada localidade, conforme o exemplo e a economia bíblica.
*(1) Os Assuntos da Igreja, Watchman Nee. Living Stream Ministry, 1991, pág. 95.


As promessas terrenas

A Igreja de Jesus Cristo é um Corpo de caráter celestial objeto de benções espirituais nos lugares celestiais em Cristo (cfr. Efésios 1:3b), estrangeira e peregrina nesta terra. " Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, " (1 Pe. 2:11). " Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia " (Jo 15:19). A igreja reformada descuidou seu caráter de peregrina, mas havendo restaurado a leitura da Bíblia, tomou para si as promessas terrenas feitas na Palavra de Deus a Israel, um povo terreno, e doutrinalmente se ensinam como bênçãos de Deus para seus filhos, de maneira que se pode pensar que os irmãos pobres, não são objeto desta classe de bênçãos devido a seu pecado ou porque por alguma estranha razão são discriminados, ou não têm a suficiente fé para cristianizá-las, ou porque não têm aperfeiçoado o método da visualização. Não contente haver saído da mundana Tiatira, o protestantismo têm dado as boas vindas a uma onda da chamada psicologia ou teologia da prosperidade, a qual vêm envolta de um aspecto de metafísica, auto-estima, visualização ou magia branca "cristianizada". A mensagem da cruz se opõe ao da prosperidade terrena; são incompatíveis. " Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. " (Mt. 16:24).A igreja restaurada têm se livrado destas quatro coisas, pois nela se vive o sacerdócio de todos os santos, o guardar a Palavra do Senhor como único código normativo, a vida do Corpo como verdadeiro templo de Deus e as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. A cobertura que necessitamos para nosso ministério é a verdadeira comunhão espiritual e no amor do Corpo. A Palavra de Deus à vez que proclama o sacerdócio de todos os crentes, afirma que o Senhor prove uns ofícios ou ministérios, que se relacionam com o ensinamento, a pregação, a supervisão, a administração, o manter a ordem, o serviço, a economia e a extensão da Igreja, sem que isto se confunda com a criação de hierarquias na mesma. Ministério é serviço.Deus quis fazer da Igreja o Corpo de Seu Filho, e Nele participamos de Sua condição de sacerdote, profeta e rei. Filadélfia, ao expressar a Igreja do Novo Testamento, em matéria teológica não tem uma doutrina particular aparte da Bíblia, pois busca a legítima estrutura teológica onde se deve buscar, na Bíblia.Além do anterior, o Senhor diz que Ele fará que os modernos pretensiosos, que menosprezam aos santos na posição de Filadélfia, e têm aborrecido e perseguido ao remanescente de restauração, venham e se prostrem aos pés dos irmãos de Filadélfia, quando verem que esta é amada pelo Senhor e se manifestar nela a glória do Senhor, para que se repita a história de José, o filho de Jacó e de Raquel, aquele jovem a quem seus irmãos aborreceram e venderam como escravo ao Egito, e ele, débil e sem forças, foi encarcerado e maltratado, mas Deus o amava e se recordou dele e o levantou de tal maneira, que seus irmãos vieram a prostrarem-se ante seus pés. À medida que uma pessoa conhece o verdadeiro Deus e a Sua Palavra, vai anulando toda influência do judaísmo em sua vida. " Portanto, assim diz o SENHOR: Se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles. " (Jer. 15:19).No curso da história da Igreja têm havido muita gente que tem recebido revelação de Deus acerca da situação da mesma. Temos o caso de Barton W. Stone (1772-1844), nascido em Maryland, e havendo exercido como pastor presbiteriano em Kentucky, foi expulso com seus amigos, por suas idéias arminianas, e resolveram constituir um presbitério independente, o qual produziu uma não pequena controvérsia a tal ponto que eles o dissolveram, desejando, segundo suas próprias palavras, que "se fundira em união com o Corpo de Cristo em geral". Mas o curioso é que também eles sentiram chamarem-se simplesmente "cristãos", tomaram a Bíblia "como único guia seguro ao céu", renunciaram com juramento à ordenação, e renunciaram ao batismo de crianças. Em sua relação mútua pediam que "pregadores e povo cultivassem um espírito de paciência mútua, orassem mais e disputassem menos".Outro exemplo o temos em Tomas Campell, um escocês que chegou a ser pastor presbiteriano na Irlanda. Em 1807 veio a Pensilvânia, mas não estava de acordo com as contendas sectárias na Igreja, de maneira que se retirou do presbiterianismo devido a que foi repreendido por admitir à Ceia do Senhor a presbiterianos de diversas crenças. Seu erro subseqüente foi haver formado com seus seguidores "A Associação Cristã de Washington", mas não obstante proclamaram que "onde falam as Escrituras, falamos nós; onde as Escrituras guardam silêncio, o guardamos nós". Também declararam que "a divisão entre os cristãos é um mal horrível... é anti-cristã".

A hora da prova

" Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. ".O mundo têm menosprezado o Senhor; o têm tido como muito pouca coisa, e até hoje Ele têm perseverado em sua paciência, suportando esse menosprezo e essa continua rejeição, e a igreja restaurada o têm acompanhado em seu vitupério, têm sido solidária com o Senhor guardando a palavra de Sua paciência, suportando a rejeição e a perseguição, a oposição e a humilhação, a mesma animadversão que o mundo e os falsos judeus têm ao Senhor.Historicamente o Senhor têm protegido tanto à igreja como a localidade de Filadélfia. À igreja a protegeu no tempo da perseguição geral contra os cristãos, sobre tudo abaixo do imperador Trajano, e mais tarde durante a Idade Média a protegeu dos embates dos islamitas. No século XIV o Senhor também protegeu a esta igreja, quando o conquistador tártaro Tamerlão ou Timur praticamente exterminou todas as igrejas da Ásia Menor. Tudo isso foi assombroso para os maometanos, e por tal motivo chamaram a Filadélfia "Alashir", que em árabe significa Cidade de Deus.A prova que tem de vir sobre o mundo inteiro é a Grande Tribulação, mas antes de que chegue essa hora amarga para a humanidade (a grande tribulação de Mateus 24:21), já saberá guardar Cristo aos santos da hora da prova, posto que guardaram a palavra da paciência do Senhor, que é o sofrimento do Senhor. Recordemos que esta promessa é só para os vencedores. Nós também temos de sofrer rejeição e perseguição. Essa é a promessa do Senhor para Filadélfia. " Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem. " (Lc. 21:36). Recordemos que a Sardes o Senhor também adverte sobre sua vinda. É chegado o momento de que saibamos em que caminho andamos, em qual situação da Igreja vivemos. Estás ainda em Tiatira andando nos ensinamentos de Jezabel, a doutrina de Balaão e as profundezas de Satanás? Segues em Sardes com o nominalismo, com nome de que vives, mas estando morto? Fazemos teimosia em que esta promessa do Senhor indica que os que não guardem a palavra da paciência do Senhor serão deixados na prova, pois as outras três igrejas que continuarão até a vinda do Senhor não se lhes faz esta promessa. No protestantismo se está ensinando uma doutrina muita generalizada e não muito clara a respeito do arrebatamento, e os crentes estão desorientados a respeito.

Os irmãos

Temos visto como dentro do protestantismo e ainda no catolicismo houveram reações por parte dos grupos e pessoas que se inclinaram pela linha da vida interior, e os mais numerosos, os que saindo de Sardes começaram a dar um sério perfil ao período histórico profético de Filadélfia, foram os popularmente conhecidos em seu tempo como Darbytes ou Irmãos de Plymouth (Plymouth Brethren), e também como Assembléias de Irmãos, mas não porque eles tenham adotado esses nomes; eles simplesmente se chamavam a si mesmos "irmãos", "cristãos", ou "irmãos cristãos", devido a que não chegaram a formar uma denominação religiosa.Nos parece apropriado transcrever as palavras do doutor Miguel Ángel Zandrino: "Muitos crentes se sentiam então irmãos por compartilhar a mesma fé, e ter experiências similares na vida cristã. Durante a semana eram amigos íntimos e desfrutavam juntos estudando as Sagradas Escrituras. Mas chegando o domingo, deviam separar-se, pois pertencendo a Igrejas diferentes, não podiam desfrutar unidos da participação da Ceia do Senhor. Isto fez surgir neles uma grande inquietude. Será possível que seja do Senhor que existam tais diferenças? E o problema denominacional cobrou ante eles, imediatamente, a dimensão de um tremendo fracasso do testemunho da Igreja de Jesus Cristo ante o mundo. E se propuseram, a não terem outra denominação, nem reformar as existentes, mas se, reunir ao redor da mesa do Senhor, tratando, em quanto fora possível, não acrescentar nada do homem neste vir ao encontro de Deus para o serviço de adoração". (Prólogo de "Irmãos Livres, Por que?" de Raúl Caballero Yoccou. Talleres Gráficos Argen-Press, S.R.L. Buenos Aires, 1964)As primeiras reuniões em Dublím aconteceram na casa de Lady Powerscourt, as quais contavam as vezes com a assistência de até quatrocentos irmãos; ali assistiam pioneiros como G. V. Wigram, Eduardo Cronin, W. Trotter, Wilson, Timms, Hutchinson. Em 1827 se uniram Anthony Groves ( O inglês Anthony Norris Groves (1795-1853) nascido em Newton, Hampshire, foi missionário em Bagdad, Rússia e a Índia), John G. Bellet e John Nelson Darby, que chegou a ser um dos mais proeminentes líderes dos irmãos. John Nelson Darby (1800-1882), advogado, na Irlanda foi clérigo anglicano, mas em 1827 publicou seu famoso livro Da natureza e unidade da Igreja de Cristo, obra que foi impactante para muitos grupos que já se começaram a formar em várias partes do mundo. Renunciou a seu cargo nesse mesmo ano, integrando-se à assembléia cristã em Dublin, fazendo desde 1830 freqüentes viagens ao continente, abrindo um segundo centro em Plymouth, Inglaterra. Darby se distinguiu como ubérrimo escritor, organizador, teólogo e grande estudioso das profecias bíblicas, mas por herança do anglicanismo, no princípio ensinava o batismo infantil. Com Darby os Brethren também se relacionam os irmãos S. P. Tregelles e Andres Jukes. Depois de 1845, também se registra a relação de Darby com irmãos como W. Kelly, C.H Mackintosh, C. Stanley y J. B. Stoney, a respeito de estudos doutrinais em torno do dispensacionalismo.Muitos, inclusive ministros anglicanos, por todo o território britânico, abandonavam seus caducos e frios ritos denominacionais para unirem-se aos irmãos e começaram a experimentar a refrescante comunhão cristã, a unidade fraternal e a vida no Espírito, sem que deixassem de serem criticados e difamados pelas congregações das denominações que os cercavam. No começo os irmãos iam se apartando da igreja oficial e das denominações e iam se integrando como um movimento da classe alta, e eventualmente se integravam da classe média e gente humilde, pessoas que estavam descontentes com a mundanismo e a frieza espiritual nas denominações, especialmente na Igreja Anglicana.Um de seus distintivos era que tratavam de tomar as Escrituras literalmente, e devido a isso sua vida de igreja começou a se assemelhar à igreja primitiva, restaurando a mutualidade nas reuniões dos santos, mas não tinham organização central, e não tinham a ordenação, senão evangelistas laicos; pois Filadélfia não deu oportunidade ao nicolaísmo, e Filadélfia não recebe reprovações do Senhor. Apartaram-se das denominações constituídas na época devido a que essas igrejas "oficiais" foram consideradas biblicamente apóstatas, e as olhavam com desconfiança porque criam que elas se haviam comprometido com o mundo.Nesse tempo ainda não tinham clara a visão da igreja em cada localidade, por isso eles consideraram que os cristãos deviam limitar-se a viverem em simples grupos, separados do mundo e sua contaminação, no ensinamento de uma doutrina pura e o exercício de uma vida piedosa. Já entrado o ano de 1839, Darby começou a ensinar que na Escritura vemos a união de todos os filhos de Deus em cada localidade. Ao voltar às fontes bíblicas, os irmãos foram fundamentados em que o Espírito Santo guia aos verdadeiros cristãos, unindo-os na fé e na adoração, restaurando assim a verdadeira comunhão dos santos no Espírito. Os irmãos estavam convencidos de que uma pessoa, a menos que experimentasse intimamente a conversão, estava impossibilitada para reformar-se socialmente. A mudança de mentalidade (do grego metanoia) que implica arrependimento e a conversão do homem a Deus por Jesus Cristo vai mais além que uma simples doutrina batismal e integração organizacional. A missão da Igreja é a de colaborar com Deus na edificação de Sua casa e na salvação dos homens dentre o mundo. Dentro da reação do Senhor frente à Sardes, vemos que a pregação da Palavra de Deus saiu dos púlpitos nos templos, para ser exposta pelas ruas, plataformas, debaixo das árvores frondosas, em reuniões pelas casas, sem que isto fora necessariamente por parte dos teólogos e membros da clerezia religiosa, senão por irmãos chamados, regenerados e consagrados pelo Senhor para o trabalho de restauração da Igreja.Se conta entre seus fiéis ao piedoso prussiano George Müller (1805-1898), que aos vinte anos se converteu entre os pietistas em Halle, e onde o estudo da Bíblia lhe pareceu novo e fresco, não obstante, de que já havia adiantado estudos para o ministério; ali teve um encontro definitivo com Cristo. Em 1829 foi à Inglaterra como missionário aos judeus. Distinguiu-se por seu labor a favor dos órfãos em Bristol, para cujo sustento confiou inteiramente na fé e na oração. Em 1832, em companhia de Henrique Craik, iniciou em Bristol as reuniões com umas sete pessoas.Benjamim Wills Newton (1807-1899). Um dos primeiros e mais piedosos líderes do movimento dos irmãos de Plymouth. Ascendente dos Quaquers, havia se distinguido por seus êxitos acadêmicos, quando foi visitado e influenciado por John Nelson Darby. Começou seu ministério em Plymouth com homens de Deus como Jorge V. Wigram, Jaratt, Jaime L. Harris, e viajou por toda a região, continuando seu ministério literário até uma idade nonagenária. Em Plymouth os vínculos entre os irmãos se fortaleceram ao redor de 1830. Depois de um testemunho de forte vigor espiritual durante uns quinze anos, os Plymouth Brethren chegaram a somar mais de mil membros. Em 1845 houve uma divisão entre os irmãos, devido a discrepâncias no governo da igreja e na vinda do Senhor, mais que tudo no relacionado com a permissibilidade de reunirem-se com outros cristãos, argumentos que jamais avalizam uma divisão.Darby rompeu vínculos com Benjamín Wills Newton e se protocolizou a divisão entre Irmãos Fechados ou Exclusivistas e Irmãos Livres, devido a algumas práticas de comunhão cristã.*(2) Os geralmente conhecidos como Irmãos Livres ou Abertos se baseiam mais nos princípios de comunhão fraternal mais inclusivistas; mas de todas maneiras para distingui-los usamos o terno geral de Irmãos. Adiantaram-se muitas tentativas para solucionar o da ruptura, especialmente da parte de Robert Chapman, mas sem resultado. Deixamos por sensato que a legítima igreja, normal e bíblica em cada localidade é de fato inclusivista, pois não pode descartar a nenhum irmão que o Senhor tenha recebido e o Espírito Santo tenha batizado no Corpo, sem que necessariamente isto signifique comunhão com o pecado. Ao largo destes dois séculos, Plymouth se tem destacado como a igreja mais influente e representativa.
*(2) Os irmãos fechados ou exclusivistas alegavam que deviam rejeitar toda comunhão com qualquer igreja ou assembléia que admitisse o mal doutrinal ou moral.
Ao começar a se desenvolver esse mover dos Irmãos, deu-se início a uma atividade missionária muito grande. Desenvolveram as que se chamaram Missões Cristãs em Muitas Terras, chegando a muitas regiões em todos os continentes. O conhecido advogado Roberto C. Chapman, de Barnstaple, tomou especial interesse pela obra na Espanha, país ao qual visitou em companhia de vários irmãos em 1838; em 1863 voltou com os irmãos Gould e Lawrence, que ficaram na Espanha. Os precursores do movimento na Itália foram o Conde Guicciardini (1808-1886) e Teodoro Pietrocolo Rossetti. Em 1871, chegaram a um desenvolvimento tão importante, que chegaram a reunirem-se no ágape em Piamonte uns 600 irmãos; e esse movimento perdura até os atuais dias. Na Guiana Britânica, o movimento se originou com o inglês Leonardo Strong (1797-1874), que inicialmente havia chegado como missionário anglicano.Também é digna de registrar a Missão da China Interior, iniciada em 1865 pelo britânico J. Hudson Taylor, não comprometida com nenhuma denominação em particular, a qual não prometia a seus missionários soldos fixos, repartindo entre eles o dinheiro que se recebessem, e se opunham a contrair dívidas; nunca solicitavam donativos, dependendo das orações para receber os fundos. Com Taylor se da início a uma forma diferente da obra missionária, pois soube combinar o serviço médico com a pregação do evangelho. Esta missão chegou a contar com mais de 190 médicos e 1400 missionários, só desarticulada pela revolução comunista do século XX, mas o fruto ficou em incontáveis grupos cristãos em todo o território chinês. Com essa missão teve contato o irmãoo Nee To-sheng (Watchman Nee) na segunda metade da década dos anos vinte do século XX, sobre tudo por sua amizade com o irmão Carlos H. Judd, na ocasião contador da Missão.Na Espanha contemporânea os irmãos constituem os mais numerosos cristãos não católicos, onde também são conhecidos como Assembléias de irmãos, seguidos em número pelos batistas.

A coroa de Filadélfia

" Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. " (v.11).
A condição da igreja restaurada existirá até a vinda do Senhor. É uma igreja que ama ao Senhor e tem uma perfeita comunhão com Ele, por tanto, o Senhor lhe fala de Sua pronta e eventual vinda. A igreja de Filadélfia deve reter zelosamente o que tem; ou seja, a Palavra de Deus e o nome do Senhor, o qual acarreta a obediência, a fidelidade e a paciência, a fim de que nenhum possa tomar sua coroa. Se os irmãos de Filadélfia não retém o que tem, o Senhor levanta a outros que tomem sua coroa.Além da igreja de Filadélfia, em todo o Novo Testamento se encontra uma pessoa que mesmo vivendo nesta terra já sabia que tinha sua coroa. Trata-se do apóstolo Paulo. "Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. " (2 Tm. 4:8). Apesar do grande sofrimento de Esmirna, a esta igreja o Senhor declara que se fosse fiel até a morte, Ele lhes daria a coroa da vida, que é um símbolo da glória do Senhor; mas a Filadélfia diz que ela já tem sua coroa, que retivesse até o final o que tinha que constitui sua riqueza e sua característica, para que ninguém pudesse retirar. Isso é uma advertência para que esteja em alerta, vigilante, nessa expectativa. Quem estaria interessado em arrebatar-nos os valores espirituais e expor-nos ao escárnio do mundo? O inimigo de Deus; só ele tem o interesse de ver a igreja roubada e despojada da paz do Senhor, da justiça divina, da proteção do Senhor, e mesmo do gozo da salvação.

Colunas no templo

" Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas " (vv.12, 13).

Os vencedores de Filadélfia são os que logram reter firmemente o que têm, aos quais o Senhor os fará colunas no templo de Deus. Temos que diferenciar a condição de ser coluna do templo de Deus e o ser uma simples pedra do edifício; a coluna é fundamental, não pode ser tirada sem que ponha em risco a estrutura da edificação; ou seja, que Filadélfia vai a ser um fundamento do templo de Deus, e nunca mais será tirada. Ao vencedor de Pérgamo, O Senhor promete dar uma pedra com um nome escrito, mas ao vencedor de Filadélfia se lhe fará uma coluna sobre a qual serão escritos três nomes: o de Deus, o da Nova Jerusalém e o novo de Cristo, como sinal de propriedade de Deus, de herança eterna e de testemunho de Cristo e de que se tem feito um com Deus, com a Nova Jerusalém e com o Senhor, tudo o qual se cumprirá no reino milenar. Levar o nome de Deus significa que Deus foi formado em ti; levar o nome da Nova Jerusalém significa que fazes parte da cidade santa, porque têm sido também formada em ti, e levar o nome novo do Senhor significa que o Senhor têm se formado a Si mesmo em ti, em tua experiência, e em teu andar diário. Em resumo, Filadélfia é a única igreja que é completamente aprovada por Deus.O vencedor de Filadélfia retém o nome do Senhor e a unidade do Corpo de Cristo. É um erro pensar que para que haja unidade na Igreja necessariamente deve haver uniformidade. Há ênfases doutrinais que não revestem caráter fundamental, e que por fim não afetam a salvação nem rompem a unidade do Corpo; alem disso, o grau de amadurecimento e santidade dos irmãos biblicamente não é uniforme, nem tampouco se deve esperar uniformidade no procedimento e a ordem. É interessante o conceito do irmão Watchman Nee sobre os vencedores. Ele dizia que os que vencem são os cristãos normais; os outros são anormais! " porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus? " (1 Jo 5:4,5)

A restauração na China

As missões cristãs protestantes entraram na China como conseqüência da guerra do ópio e o tratado de Nanking em 1842, por meio da qual cederam Hong Kong a Grã Bretanha. Temos mencionado a Hudson Taylor (1832-1905) como um dos mais proeminentes e influentes missionários cristãos chegados à China imperial. Este filho de um boticário metodista inglês desembarcou em Shangai em 1854, centro de operações desde onde desenvolveu uma grande labor evangelístico, em uma época em que a China era ainda hostil à influência estrangeira. Havendo rompido relações com sua sociedade missionária, fundou na Inglaterra a Missão da China Interior em 1865, e considerado um excêntrico pelos outros missionários por sua abnegação e profunda vida de fé; chegou a vestir-se ao costume chinês, casando-se com a missionária Maria Tyer em Migpo. O trabalho de Taylor e sua equipe de colaboradores deixou profundas raízes e adubou o terreno para continuar a obra de restauração da Igreja no começo do século vinte, usando homens excepcionais do tipo de Watchman Nee, um dos maiores apóstolos usados pelo Senhor para este trabalho. Levemos em conta que em Fuchou, a Taylor o havia precedido os Congregacionais e os Metodistas Episcopais norte-americanos em 1847, assim como os missionários anglicanos em 1850. Com estes missionários, o avô paterno de Nee conheceu a Cristo, e chegou a ser evangelista e primeiro pastor chinês em sua província.
Watchman Nee. Nee To-sheng, mais conhecido no ocidente como Watchman Nee, nasceu em 4 de novembro de 1903 em Fuchou, capital da província de Fukien, na costa do Mar da China, sendo seus pais os piedosos cristãos Nee Weng-hsiu e Lin Huo-ping. Iniciou seus estudos de ensinamentos por volta de 1916 na Escola da Missão Anglicana. Em seus primeiros anos era indiferente a todo o relacionado com o aspecto religioso e o espiritual, mas a influência de sua mãe foi fundamental para que aos dezoito anos sua consagração e entrega ao Senhor Jesus Cristo fosse definitiva e total.Uma das pessoas que mais usou o Senhor para ajudar ao crescimento e amadurecimento espiritual de To-sheng foi sem dúvida Margareth Barber, uma missionária independente que no princípio havia ido à China enviada por uma missão ocidental. Com ela recebeu as primeiras instruções bíblicas e se fez batizar na água. Via na senhorita Barber à instrutora bíblica, a mulher do testemunho, a ajuda oportuna em seus momentos críticos; ela lhe emprestava os livros que necessitava e despertou nele o hábito pela leitura que o acompanhou até sua morte, fazendo dele um grande erudito. Em uma ocasião ele necessitava ler algo sobre o tema da cruz; ela lhe disse que tinham dois, mas que no momento era preferível que não os lesse, que esperasse ter o suficiente amadurecimento. Então Nee escreveu diretamente à autora, a irmã Jessie Penn-Lewis, que lhe respondeu enviando de presente os dois livros, A Palabra da Cruz e A Cruz do Calvário e sua Mensagem.Na formação espiritual de Nee To-sheng influiu muito a leitura sobre a vida de Jeanne da Motte Guyon, mística francesa mais conhecida como Madame Guyon, da linha da vida interior, vendo como a vida desta mulher de Deus se relacionou com a incapacidade física, a invalidez, a dor, o sofrimento, a humilhação. Mas viu que ela teve vitória sobre a tribulação e isso contribuiu pra que acrescentasse sua santidade e sua vida fragrante diante de Deus e para benção da Igreja. O Senhor lhe deu capacidade para que ela desprezasse sua aflição, e recebeu do Pai o poder e o fortalecimento de seu homem interior para chegar a ser profundamente submissa e para seu triunfo frente ao sofrimento, o qual foi transformando seu caráter. O conhecimento sobre esta vida, e a de outros místicos como o Irmão Lawrence, deixaria uma impressão indelével em Nee, comovendo-o profundamente em ver que Madame Guyon viveu em una época em que a varíola se converteu em uma enfermidade terrivelmente agônica e dolorosa. Mas o amor e a fé no Senhor, sua incondicional submissão, a capacitaram para triunfar sobre um indescritível sofrimento. Ela mesma conta em sua autobiografia que a varíola era tão terrível e dolorosa, que lhe havia afetado tanto um de seus olhos, que temia perdê-lo, porque a glândula do olho estava malograda; além disso, entre o nariz e esse olho costumava sair uma pústula que tinha que extrair, e devido a isto sua cabeça se inflamava tanto que não podia nem sequer suportar a almofada. Mas tudo isto o suportava com alegria e amor porque sua alma tinha um grande apetite pela cruz, para estar unida a Cristo também mediante o sofrimento.Nee começou a pregar e compartilhar a mensagem do evangelho com um grupo de amigos em sua cidade, Fuchou, e povos vizinhos, e em 1922, um domingo pela tarde, reunidos em um salão grande na casa de um amigo do grupo, e junto com sua mãe, pela primeira vez, como igreja em sua localidade, recordaram ao Senhor no partir do pão, sem que necessariamente participasse algum ministro denominacional, nem estivessem vinculados a denominação alguma. Em seu propósito de dedicar-se só ao serviço do Senhor dependendo unicamente Dele para viver, chegou a ler os relatos e testemunhos da fé de Hudson Taylor, assim como os de George Müller e seu orfanato, como o temos mencionado, relacionado com os irmãos. Nee recebeu todo esse acervo de restaurações a partir da Reforma protestante: O restaurado através de Lutero, de Calvino, de Wesley, dos Morávios, dos irmãos da vida interior, de John Nelson Darby, de C. H MacKintosh e sua obra tipológica Notas sobre o Pentateuco, por um lado, e Andrew Murray, Jessie Penn-Lewis y T. Austin-Sparks, por outro; mas Deus usou a Nee para enfatizar a centralidade de Cristo, a vida no Espírito, a comunhão do Corpo de Cristo, a vida no Espírito, como o havia feito antes dele T. Austin-Sparsk, e restaurar o reconhecimento da vigência do apostolado, e a visão da Igreja em seu aspecto local. Também foi Nee herdeiro do grande depósito deixado por homens espirituais do tipo de William Law, Andrés Murray, F. B. Meyer, Carlos G. Finney, Evan Roberts, Otto Stockmayer. A Nee se considera como um dos principais servos de Deus à vanguarda da restauração da Igreja no século XX.O testemunho do Espírito Santo, a própria experiência de vida espiritual, o sofrimento, a fonte da Palavra de Deus (leia o Novo Testamento pelo menos uma vez ao mês), o testemunho das divisões denominacionais e a leitura de autores como Govett, Panton, Pember e Lang, foram criando em Nee verdadeira uma consciência da necessidade de um retorno aos princípios neotestamentários relacionados com a unidade orgânica dos crentes. creu fielmente o Senhor, como quando disse: " Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste " (Jo 17:20-21). Também a senhorita Barber, que apoiava Panton, lhe recomendou várias publicações, entre elas as do pregador inglês Teodoro Austin-Sparks, e a quem conheceu e com quem estabeleceu profunda amizade em sua segunda viagem a Europa, na ocasião em que visitou a Convenção de Keewick, na Inglaterra, e a outros irmãos na Dinamarca e outros países europeus.Seu contato com outros irmãos em Londres o estabeleceu a raiz de que escreveu à casa editorial de vários livros, conhecidos através da irmã Barber, e como conseqüência pode intercambiar correspondência com Jorge Ware, do grupo conhecido como os "darbinianos", ou irmãos exclusivistas. Em dezembro de 1930, conheceu a Carlos R. Barlow, associado com o movimento dos Irmãos em Londres, que chegou a Shanghai por motivos de seu trabalho. Em 1932 receberam a visita de oito dos irmãos que chegaram representando as igrejas da Grã Bretanha, Estados Unidos e Austrália, estreitando os laços e a comunhão espiritual do Corpo, e identificando suas respectivas igrejas locais com as da China, e regressaram com tão boa impressão, que em 1933 Nee foi convidado a visitar a Grã Bretanha e Estados Unidos. Em sua viagem a Inglaterra, Nee não somente contatou aos irmãos da linha de Darby, senão também a Teodoro Austin-Sparks, o qual não foi muito bem visto pelos primeiros; por tanto lhe deu ocasião a futuros intercâmbios epistolares, onde se pode perceber a visão inclusivista do Corpo de Cristo, que foi restaurada em Watchman Nee. No movimento liderado por Watchman Nee se sintetizou o positivo de muitos movimentos espirituais da Igreja cristã.Ao receber a clara e bíblica revelação da expressão da unidade do Corpo de Cristo em cada localidade, Nee começou a horrorizar-se de ver essa variedade de nomes denominacionais relacionados com os metodistas, menonitas, luteranos, batistas, anglicanos e muito mais, com suas conotações ritualistas, nacionais, pessoais, doutrinais, limitando-se ele mesmo a mover-se em tudo o relacionado com a Igreja e os cristãos, conforme aos parâmetros bíblicos. Ao regressar do Ocidente se deu à tarefa de examinar novamente o Novo Testamento, confirmando que uma cidade ou povo, ou localidade, devia ter uma só igreja, e somente uma, encaminhando seu trabalho nesse sentido. À medida que cada igreja ou unidade autônoma por localidade crescia, nomeavam anciãos conforme o modelo do Novo Testamento, que se encarregavam de guiar e apascentar aos irmãos em seu terreno, dependendo somente de Deus. Durante a perseguição contra a Igreja, por parte do governo comunista chinês, este último, ante a ausência da denominação por parte das igrejas locais chinesas, denominou aos irmãos A Manada Pequena, baseando-se em um versículo impresso em seus hinários, apelativo que de nenhuma maneira adotaram os irmãos à maneira de uma denominação. Além do anterior lhes foi revelado o relativo à obra apostólica e sua relação às igrejas locais, e se foi formando uma equipe de obreiros ou apóstolos, encarregados de evangelizar, estabelecer igrejas e edificar aos santos. A obra apostólica é regional, pois os apóstolos vão estabelecendo uma só igreja bíblica em cada cidade de sua região; não filiais de denominação alguma. Em 1938 havia mais de 30 igrejas locais na China sem contar com as do estrangeiro, e a equipe da obra se compunha de uns 128 apóstolos, muitos dos quais haviam começado a sair como obreiros ao estrangeiro. Em 1931 já haviam saído a países como Filipinas, Singapura, Malásia, Indonésia, e Hong Kong, lugares que eventualmente chegou a visitar Nee To-sheng.O 1º de outubro de 1949, em Pequim foi proclamada a República Popular Chinesa, do regime comunista ateu, com Mao Tse-tung como presidente e Chou En-lai como primeiro ministro. Watchman Nee e Witness Lee foram pela última vez em Hong Kong em junho de 1950. Nee não escutou o conselho de Lee de que não voltasse a visitar a Shanghai, ato que poderia significar seu fim. Nee considerava um dever dele o estar a frente da obra, vendo a situação em Shanghai como a de Jerusalém nos tempos da perseguição da igreja primitiva, quando os apóstolos permaneceram ali. Em 30 de novembro de 1951, no periódico Vento Celestial, agora infiltrado e oficializado pelo governo, apareceu um artigo onde um membro da igreja de Nanking, já reculturizado pelo sistema, acusa a Nee To-sheng em torno a suas atividades nas 470 igrejas locais em todo o país, e isto foi o aumento das dores. Foi preso em Manchúria em 10 de abril de 1952, acusado dos cinco crimes especificados na campanha contra a corrupção no comércio, apelidado de "tigre capitalista", sabotador, subversivo e uma lista interminável de outros cargos fictícios, fazendo crer aos irmãos que na China havia liberdade religiosa e que a Nee não se lhe acusava por atividades religiosas senão políticas; lhe foram confiscados seus bens, inclusive sua Bíblia, e incomunicado. Mais tarde as prisões e torturas aos irmãos se efetuaram em massa, e muitos foram re-educados. Em 21 de junho de 1956, Nee To-sheng foi sentenciado pela Suprema Corte de Shanghai a quinze anos de prisão, onde realmente esteve vinte anos preso, e finalmente morreu em um campo de concentração, mantendo a fé. Mas na China comunista persiste a igreja subterrânea; ali o Senhor segue sustentando seus pequenos rebanhos. Hoje se calcula uns setenta milhões de cristãos na China que se reúnem na clandestinidade conforme o modelo bíblico.Se conhecem no Ocidente muitos livros de Watchman Nee. O Editorial Living Stream Ministry têm publicado suas obras completas em sessenta volumes. Antes deles, Christian Followship Publisher publicou muitas de suas obras em inglês, desde onde se têm traduzido a muitos idiomas. Entre elas são famosas no espanhol as seguintes: "Vem, Senhor Jesus" (escrito em sua juventude), O Homem Espiritual (a pesar de haver sido escrito antes de cumprir os trinta anos, esta obra foi produzida como fruto do sofrimento e obediência de um homem totalmente entregue ao serviço do Senhor e de sua experiência em uma profunda vida espiritual. Ali fala detalhadamente da salvação do crente, espírito, alma e corpo, com uma magistral e minuciosa descrição do funcionamento e composição de cada uma destas partes do homem. Foi terminado em julho de 1928, quando só contava 25 anos de idade), A Vida Cristã Normal, "Sentai, Andai, Estai Firmes", Transformados em Sua Semelhança, A Liberação do Espírito, Conselhos Sobre a Vida Cristã para uma Vida Santa, Não ameis ao mundo, A Igreja Gloriosa, A Igreja Normal, A Fé Cristã Normal, Autoridade Espiritual, Que Farei, Senhor?, Práticas Adicionais sobre a vida da Igreja, Esquadrinhando as Escrituras, Uma Mesa no Deserto, A Ortodoxia da Igreja, O Plano de Deus e os Vencedores, A Cruz na Vida Cristã Normal, O Obreiro Cristão Normal, O Evangelho de Deus, O Poder Latente da Alma, Os Doze Cestos, Os Cantares dos Cantares, A Obra de Deus, e muitíssimos mais. Os demais livros que se conhecem de Nee, traduzidos e publicados nos principais idiomas do mundo, foram as transcrições de sua pregação, ensinamentos e conferências, e os artigos publicados nas revistas Avivamento e O Cristão, que ele eventualmente dirigia.Em novembro de 1956 apareceu o primeiro livro em inglês de To-sheng que conheceu o mundo ocidental, A Vida Cristã Normal, impresso em Bombay, Índia. É provável que Nee, que jamais saiu do cárcere, morrendo nele aos vinte anos de prisão em 1º junho de 1972, não se inteirou da difusão amplíssima que têm tido seus livros, e da enorme benção que o Senhor está proporcionando à Igreja através deles.

Na América

Sabemos que as nações ibero americanas foram conquistadas e colonizadas por metrópoles européias que não conheceram e menos viveram a reforma protestante, mas trouxeram consigo as idéias da contra-reforma e da inquisição de um catolicismo romano que encheu estas terras de superstição e obscuridade; de maneira que o movimento protestante foi chegando paulatinamente e com dificuldades as nações latino-americanas.Também temos visto como mais tarde a América emigraram pequenos grupos de todas as vertentes de restauração da Igreja, incluídos dos Morávios, dos pietistas, dos Irmãos de Plymouth e outros. Em todos os países da América existem igrejas fundadas pelos Brethren. Também da China começaram a vir irmãos que haviam servido ao Senhor com o irmão Nee, como Stephen Kaung, que promoveu a tradução do chinês ao inglês das obras de Watchman Nee que se puderam salvar da destruição comunista. O irmão Kaung se radicou primeiro na Pensilvânia, e logo em Richmond, Virgínia, Estados Unidos. Em 1962 veio aos Estados Unidos o irmão Li Shang-chou, melhor conhecido como Witness Lee, que nasceu em Chefú, de pais budistas. Converteu-se ao Senhor em 1925, na idade de vinte anos, sendo batizado por Nee To-sheng no Mar Amarilho, chegando a ser ancião na igreja de sua localidade e integrante da equipe de obreiros que liderava Nee. Enérgico e autoritário foi muito usado pelo Senhor em Nanking e Shanghai, reorganizando as igrejas depois da guerra com o Japão, as quais haviam sofrido dispersões, mas que sobreviveram por sua característica de reunir-se pelas casas. A raiz do triunfo e do avanço comunista na China, Nee lhe indica que se traslade com sua família a Taiwan (China Nacionalista), a ilha governada pelo general Chiang Kai-shek, que não foi tomada pelo comunismo, onde se dedicou a organizar e dirigir uma próspera obra do Senhor. Nos Estados Unidos, Lee começou seu trabalho ao lado de Stephen Kaung; mais tarde se trasladou a Los Angeles, Califórnia, e por último se radicou em Anaheim, Califórnia, onde com sua equipe de colaboradores estabeleceu uma imprensa, a Living Stream Ministry, onde se têm publicado as obras de Nee, de Lee, as que têm sido traduzidas a vários idiomas.Por outra parte, assim o Senhor levantou nos Estados Unidos homens de Deus como Charles Simpson, Dom Basham, Derek Prince, Bob Mumford e outros, que foram regando a semente do avivamento carismático na restauração da casa de Deus.Para Argentina emigrou o apóstolo inglês Geofredo Rawling, contribuindo à difusão das obras de Nee, o qual influenciou no movimento de Renovação na Argentina e a vida no espírito, no qual também participaram como protagonistas os irmãos Miller, Jack Schisler, Keith Benson, Orwille Swindoll, Iván Baker, John Carlos Ortiz (o autor de Discípulo), Jorge Himitian, Ángel Negro, Augusto Ericson; a influência de todos estes chegou ao Paraguai através de Pedro Wareishuck, com quem se iniciou Gino Iafrancesco, que logo trabalharia no Paraguai, Brasil e Colômbia, principalmente. Esse avivamento argentino e outras correntes foram fluindo através de todo o território da América Latina.No Brasil chegaram irmãos com visão de igreja desde os Estados Unidos e China: os apóstolos John Walker, por um lado, e Dong Yu Lang, por outro, respectivamente. Igualmente surgiram apóstolos autóctones, como Aniceto Mario Franco, Jair Faria dos Santos, Adonias de Rondônia, Gerson C. Lima e outros. Todos estes apóstolos fundaram diversos grupos de igrejas locais ou de cada cidade.No Paraguai o movimento das igrejas locais começou com Gino Iafrancesco, Eleno Frutos e Mario Bogado. Depois deles chegam ao Paraguai alguns apóstolos de Taiwan, como Hou Yen Ping (que começou a obra entre os imigrantes chineses), e Lee Tau Thuin (quem a consolidou).Em nossa querida pátria Colômbia também se têm trabalhado na restauração da visão de Igreja do Senhor. A Respeito dos evangélicos na Colômbia, a historiadora Juana Bucana escreveu um importante livro; mas em relação com a visão da igreja têm trabalhado até a data Gino Iafrancesco (que têm tido relação com os obreiros de Argentina, Paraguai, Brasil, Colômbia e Holanda; também recebeu a destra de companheirismo de Witness Lee e é autor de numerosos livros e conferências), Edward Stanford (associado a Dong Yu Lang), Alexandre Pacheco (da equipe apostólica de Gino Iafrancesco) e outros.Recentemente temos tido contato e comunhão com um grupo de obreiros do Chile: Eliseo Apablaza F., Rodrigo Abarca, Roberto Sáez, Gonzalo Sepúlveda H.. Pedro Alarcón P., Roberto Chacón, Marcelo Díaz, entre outros, que lideram um importante avivamento de restauração nesse país.Com a morte de Witness Lee, em 3 de Junho de 1997, alguns que lhe seguiam, ao parecer não entenderem-lhe suficientemente, deram a impressão de deslizarem-se se inclinando aos sabelianistas e exclusivistas. Por outra parte, 24 obreiros de USA, Brasil e Taiwan que lhe seguiam, começaram a ensinar que em Witness Lee ficava definitivamente fechada a interpretação do Novo Testamento. O qual não compartimos que sustentemos um ponto de vista trinitário, por um lado; e por outro, a abertura vigente ao Espírito Santo para maior iluminação até a vinda do Senhor, sem substituir a autoridade do Novo Testamento, por de alguma interpretação, evitando ao mesmo tempo que o testemunho do Corpo de Cristo se converta em alguma seita de tipo ministerialista. Com isto se reconhece e continua o precedente cristocêntrico, bíblico e inclusivista que Wachtman Nee e outros deram acerca do Corpo de Cristo.