A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

terça-feira, 11 de março de 2008

VI- Filadélfia ( 1ª Parte )

Capítulo VI
FILADELFIA
(1a. parte)



SINOPSE DE FILADÉLFIA


A etapa final da restauração da Igreja

Conclusão do iniciado na Reforma - Precursores da restauração: Os irmãos Boêmios, o conde Nicolau Zinzendorf y, os Morávios - Primeiras reuniões em Plymouth, Dublin, Itália, Georgetown no amor fraternal.

Restaurando a unidade da Igreja

Deixando de ser episcopais, presbiterianos, wesleyanos, batistas e outros, começaram a restaurar a unidade do Corpo de Cristo, a unidade do Espírito - Restaurando a igreja normal bíblica com seus santos, bispos e diáconos - Os que começaram a guardar a Palavra de Deus e a não negaram o nome do Senhor por substituí-lo por outro.

Uma promessa especial para Filadélfia

Os irmãos de Filadélfia, que houveram guardado a palavra da paciência do Senhor, serão guardados da hora da prova que há de vir sobre o mundo inteiro, isto é, a grande tribulação.

Nomes destacados entre os irmãos

Irmãos pioneiros: Eduardo Cronin, Wilson, Timms, Hutchinson, Anthony Groves, John G. Bellet, John Nelson Darby, S. P. Tregelles, Andres Jukes, W. Kelly, Charles Henry Mackintosh, C. Stanley y J. B. Stoney - Também é relevante o irmão Benjamin Wills Newton.

Nomes destacados no século XX

Na China: Watchman Nee, Witness Lee, Stephen Kaung - Na América: Geofredo Rawling, Jack Schisler, Keith Benson, Orwille Swindoll, Iván Baker, John Carlos Ortiz, Jorge Himitian, Angel Negro, Augusto Ericson, Gerson C. Lima, Gino Iafrancesco, Eliseo Apablaza.

Os vencedores de Filadélfia

Sexta recompensa: Serão feitos colunas no templo de Deus - Sobre eles serão escritos os seguintes nomes: o de Deus, o nome da cidade de Deus, a Nova Jerusalém, e o nome novo do Senhor Jesus Cristo. Tudo isso são recompensas que se receberão no reino milenar.


A CARTA À FILADÉLFIA


"7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá:8 Conheço as tuas obras eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.9 Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.11 Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Ap. 3:7-13).


Amor fraternal


" Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá ".

Como as outras localidades, Filadélfia também estava localizada na Ásia Menor. A cidade foi fundada pelo rei persa Átalo Filadelfo II, rei de Pérgamo (reinou de 159 a 138 A. C.), ao redor do ano 150 a. C.; daí seu nome. Diz Matthew Henry: "Filadélfia foi fundada por Átalo II, rei de Pérgamo, cuja lealdade a seu irmão Eumenes ganhou o epíteto de ‘Filadelfo’, que em grego significa ‘amigo do irmão’" (Matthew Henry, op. cit, pág. 362). A palavra Filadélfia vem do grego phileo, amar, e adelfos, irmão, e significa amor fraternal; e esta carta prefigura a etapa histórica da Igreja, que se caracteriza precisamente pela comunhão no amor e no Espírito entre os irmãos, e a restauração prática de outros aspectos importantes na vida da Igreja, como o sacerdócio de todos os crentes, onde não há divisões entre clero e laicato, conforme os autênticos e verdadeiros parâmetros bíblicos. Com Esmirna, Filadélfia é uma das duas igrejas que o Senhor não repreende, senão que para ambas o Senhor tem palavras de aprovação e louvor. O período de Filadélfia alguns exegetas o chamam a era da piedade.
Fazendo uma síntese do processo de prostração e restauração na vida histórica da Igreja, transcrevemos as certas palavras do irmão Raul Marrero: "A história nos diz que o Corpo de Cristo passou por uma séria cirurgia, porém saiu mais fortalecido e mais decidido que nunca. Como a estratégia sangrenta não deu resultado, os planos de fazer cair à Igreja mudaram, e começou um período de grandeza e reconhecimento, tanto político como econômico. A suposta conversão do grande imperador romano Constantino pôs a Igreja em um estado de comodidade e apoltronamento. Chegou um momento em que a Igreja deixou de ser mensageira do caminho estreito da redenção para converter-se na religião popular daqueles tempos. A Igreja deixou de ser itinerante, para converter-se em uma força político-religiosa. Foi durante estes séculos seguintes quando a igreja deixou de ser católica universal para converter-se na Igreja católica romana. O plano era fazê-la engordar; fazê-la famosa. As glórias das que desfruta a Igreja romana depois de tantos séculos, se deve àqueles anos nos quais a Igreja se converteu em um sistema religioso mundial. Deixou de ser a Igreja que se reunia em becos empoeirados, para reinar nos palácios e caminhar sobre tapetes custosos. Este aparente progresso se foi convertendo lentamente em um perigoso câncer. Era como um câncer interno; difícil de detectar. Ninguem sabia que a Igreja estava abaixo do ataque de um câncer de popularidade e grandeza humana. Por muitos séculos, a Igreja esteve sentada sobre tronos e desfrutou de popularidade mundial. Mas tudo era uma praga escondida que afetou ao Corpo de Cristo por mais de mil e duzentos anos, até que chegou novamente o momento em que a Igreja entrou em outra etapa de saúde interna. Os agentes que combatem a favor do corpo entraram em operação novamente. Chegou o momento de recuperação do Corpo de Cristo que se conhece debaixo do nome de Reforma".*(1) Tudo se vai preparando para que chegue Filadélfia, que é um despertar no cristianismo para a definitiva restauração do Corpo de Cristo.
*(1) Raúl Marrero. Como escapar do labirinto religioso sem deixar de ser fiel a Deus. Editorial Vida - 1998. Pág. 31.

A igreja primitiva recebeu o depósito, a fé uma vez dada aos santos; essa fé foi a semente que se semeou (Mt. 13:3), e essa semente começou a germinar na história da Igreja. Primeiro brotaram as folinhas (a Trindade, a divindade de Cristo, Sua humanidade, suas naturezas, Sua relação com o Pai), depois foram saindo o talo e os ramos (a obra de Cristo, a salvação, a expiação), depois brotaram as espigas e o grão (a Igreja, o Reino, os vencedores, o Corpo de Cristo). Vemos que o Senhor vai avançando para que a Igreja volte à Palavra, à fé uma vez dada aos santos, ao amadurecimento. Com a Reforma apenas se começou a conhecer a obra de Cristo. Se a Igreja houvesse conhecido a obra de Cristo antes da Reforma, não houvessem chegado a fazer comércio com a salvação, vendendo indulgências, por exemplo. Uma vez que houve clareza sobre a obra de Cristo, sobre a salvação como um presente de Deus pela fé e a justificação pela fé, na Reforma, foi quando o Espírito Santo começou a dar clareza sobre a Igreja em Filadélfia. Uma vez entendida a Igreja, o que é realmente a Igreja, é como se pode entender o Reino, os vencedores, o Corpo de Cristo. O denominacionalismo de Sardes são os ramos da planta, mas ainda não é a espiga com os grãos.
Se, em Sardes temos visto começos de restauração, mas tudo fica sem terminar; pelo qual a igreja do amor fraternal é uma reação do Senhor pelo estado de morte da igreja reformada o protestantismo degradado e o catolicismo apóstata, para que na Igreja do Senhor se continue a obra perfeita de Deus, algo que sobrepujasse o realizado na Reforma. A raiz da Reforma, a restauração se inicia com a justificação pela fé; a ele e com o tempo se seguiu proclamando o evangelho da graça. Esta reação haverá de continuar até a vinda do Senhor. Filadélfia é a Igreja restaurada conforme os propósitos e a economia do Senhor. Como Sardes (o protestantismo) sai de Tiatira (o sistema católico) sem que esta deixe de existir, assim também Filadélfia sai de Sardes e esta segue existindo até a vinda do Senhor. Ainda que, como o expomos mais adiante, houveram anteriores movimentos precursores semelhantes ainda antes da Reforma, contudo, se consolida o período de Filadélfia na Inglaterra e outros países do mundo nos começos do século XIX, com um movimento chamado de os Irmãos, no qual se restaura a posição dos filhos de Deus, já não com relação a uma das tantas organizações de fatura humana, senão com relação à verdadeira comunhão do verdadeiro Corpo de Cristo. Sem desconhecer os prelúdios morávios, afirmamos que os princípios de Filadélfia tiveram também lugar na Inglaterra por considerar o país mais influente, mas quase que simultaneamente o Espírito começou a inquietar a diferentes irmãos de distintas denominações, inclusive ministros ordenados, e se deram reuniões dos irmãos em diferentes lugares como Plymouth, e Londres na Inglaterra, Dublin (Irlanda), Itália, Georgetown (Guiana Inglesa) e outros, no lapso compreendido entre 1812 a 1818. Isso ocorria sem que tivessem conhecimento e contato entre os vários grupos durante a etapa inicial.
Assim como da Babilônia regressa tão só um remanescente do povo hebreu a restaurar o templo e a nação de Israel, assim mesmo faz Filadélfia sai um pequeno remanescente, que não alcança a fama e o renome da Reforma, pois há diferença nos meios usados na reação de ambos movimentos. Isto irmãos se preocuparam pela degradação espiritual e as práticas anti-bíblicas das organizações cristãs. Filadélfia surge como um movimento contra o mero cerimonialismo e o formalismo do luteranismo e outras vertentes protestantes, abaixo a vivência espiritual da piedade interna, a prática do amor ágape e uma realidade moral subjetiva e um testemunho verdadeiro por cima e por contraste das vazias práticas cerimoniais. Em seu despertar, Filadélfia é marcadamente neotestamentária em forma integral, fazendo por um lado as alienantes e desviadoras tradições religiosas. Na restauração que Filadélfia desperta, os irmãos vivem "solícitos em guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef. 4:3), porque com Lutero havia-se restaurado o evangelho mas não a unidade do povo de Deus como encontramos no livro de Atos. Filadélfia pretende destruir as separações denominacionais entre os filhos de Deus, porque a Escritura nos ensina que o denominacionalismo é um erro e uma obra da carne. As denominações são organizações desconhecidas no Novo Testamento. Se a unidade da Igreja não se dá por meio do Espírito Santo, e é expressada em uma igreja por cada cidade em nome do Senhor Jesus, não há unidade.
A Igreja de Jesus Cristo havia vivido muitos séculos de mentirosa orientação e hipocrisia, e Ele se apresenta agora como o Santo e o Verdadeiro, como uma convocação à igreja em Filadélfia a caminhar pelo caminho correto da santidade e a verdade, e a doutrina ortodoxa bíblica e apostólica; abrindo passo à restauração da Igreja com a pregação da Palavra de Deus e não por meio da espada, como havia ocorrido no período da Reforma. Só com Cristo a Igreja pode ser santa; só com a unção e comunhão do Senhor, a Igreja pode caminhar por este mundo na perfeita separação do mundo, e andar na verdade, ou seja, ser verdadeira, na fidelidade ao Senhor. Não é possível alcançar o Senhor por caminhos diferentes ao plantado pela Palavra de Deus; os outros caminhos são sujos, falsos, torcidos, inventados, hipócritas, envoltos em uma religiosa aparência de santidade e retidão.
Em Filadélfia a regeneração chegou a ser vida nos santos e não só doutrina dogmática, porque a ortodoxia exige a ortopraxia. O que aqui se expõe não é novo, senão simplesmente o que foi instaurado e ensinado na Igreja desde o princípio, antes de que caísse sobre ela as corruptas correntes inovadoras e perturbadoras, que estorvam a legítima economia do Senhor. A Palavra de Deus não tem caducado, nem têm perdido vigência nenhum de seus princípios normativos. A graça de Deus que salva o homem por Cristo segue sendo um mistério insondável, e segue sendo esse dom não merecido que deve ser recebido em humilde gratidão. A Igreja segue sendo o Corpo de Cristo, e para sua edificação sobram as novas estratégias, os novos métodos, os novos planos e as novas organizações, tudo o qual se aparta do genuíno método de Deus e do único e original plano do Senhor. Isto o diz o Santo, o Verdadeiro, o único que tem o poder para orientar-te corretamente em teu ministério. Na Igreja, o chamamento ao ministério recai primeiramente como uma responsabilidade pessoal sobre os chamados, que os obriga a tomar decisões de tipo pessoal, para o qual pouco serviria o conselho nem a orientação de quem não conhece o chamamento; aqui só serve a orientação do Senhor, sem negar por ele a colegialidade do ministério.
Também o Senhor se apresenta à Filadélfia como o que tem a chave de Davi, o qual representa a autoridade do Senhor para abrir e fechar, e com essa chave cuida a igreja recobrada. A chave de Davi representa o domínio de Deus sobre todo Seu universo, esse senhorio que Deus outorgou a Adão, mas que este perdeu com a queda; mas tudo foi restaurado com Cristo, o verdadeiro Davi, que como Seu ancestral, livrou à batalha pelo estabelecimento do reino de Deus e pela construção do templo, a Igreja. Havia uma porta fechada, uma grande dificuldade para que se levasse à prática essa vida no Espírito e o trabalho na reconstrução da casa de Deus, mas se apresenta o Senhor com a chave, e diz que ao abrir Ele, ninguém poderia fechar. Tanto a igreja apóstata como a reformada haviam chegado a certo grau de ruína espiritual, que não só se preocupavam com o material, as vantagens e ganâncias terrenas, que se compara com certa situação do povo hebreu nos tempos de Isaías, época próxima ao eventual cativeiro a Assíria do reino do norte. Sebna, cujo significado é vigor juvenil, na ocasião mordomo e tesoureiro da casa de Deus, não atendendo as advertências de Deus sobre o iminente exílio, seguro de sua estabilidade no seu alto cargo religioso, manda escavar um sepulcro para si mesmo, pelo qual a Palavra de Deus diz:
" 12 O Senhor, o SENHOR dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício.13 Porém é só gozo e alegria que se vêem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos.14 Mas o SENHOR dos Exércitos se declara aos meus ouvidos, dizendo: Certamente, esta maldade não será perdoada, até que morrais, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos.15 Assim diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos: Anda, vai ter com esse administrador, com Sebna, o mordomo, e pergunta-lhe:16 Que é que tens aqui? Ou a quem tens tu aqui, para que abrisses aqui uma sepultura, lavrando em lugar alto a tua sepultura, cinzelando na rocha a tua própria morada?17 Eis que como homem forte o SENHOR te arrojará violentamente; agarrar-te-á com firmeza,18 enrolar-te-á num invólucro e te fará rolar como uma bola para terra espaçosa; ali morrerás, e ali acabarão os carros da tua glória, ó tu, vergonha da casa do teu senhor.19 Eu te lançarei fora do teu posto, e serás derribado da tua posição.20 Naquele dia, chamarei a meu servo Eliaquim, filho de Hilquias,21 vesti-lo-ei da tua túnica, cingi-lo-ei com a tua faixa e lhe entregarei nas mãos o teu poder, e ele será como pai para os moradores de Jerusalém e para a casa de Judá.22 Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá.23 Fincá-lo-ei como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra para a casa de seu pai.24 Nele, pendurarão toda a responsabilidade da casa de seu pai, a prole e os descendentes, todos os utensílios menores, desde as taças até as garrafas. " (Is. 22:12-24).
Eliaquim significa: Deus restaurará, ou Deus estabelecerá; é um protótipo de Cristo, e líder do remanescente que seguia crendo e obedecendo a Deus, contrastando assim com os que como o mundano Sebna, faziam alianças com o mundo idólatra. Por isso recebeu a chave de Davi; ou seja, a chave da casa de Deus, das riquezas do Senhor, a fim de que as proveja a todos os necessitados. O Senhor lhe fez responsável dos tesouros de Sua casa. O Senhor, em Cristo e por Seu Espírito, entrega a Filadélfia as chaves de Sua Casa, para que administre todos os tesouros que estão sendo restaurados em Sua Igreja.
Devemos ter presente também que na Ásia Menor se praticava muito o culto a Janos, o deus que abre e fecha. Janos era o deus pagão das portas e as dobradiças, o das chaves babilônicas que diz ter o papa romano, e era também chamado o deus dos princípios, daí que janeiro (em inglês january) seja o princípio de ano, primeiro mês; por isso Janos era conhecido como o deus que abre e fecha, ou seja, o porteiro, e pensamos que de alguma maneira se relaciona este culto com as palavras do Senhor Jesus à igreja da localidade de Filadélfia, quando lhes diz: " 7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá:8 Conheço as tuas obras eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. " (Ap. 3:7-8). O deus pagão Jano era um deus falso; Jesus é o Deus verdadeiro que abre e fecha. Cristo é o centro neurálgico da economia e dos propósitos de Deus.


Uma porta aberta


" 8 Conheço as tuas obras,eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fecha,que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. ".

As obras de Filadélfia eram encomendadas pelo Senhor, pois esse pequeno grupo, um remanescente reduzido em número como aquele que se iniciou em 1828, não teria outra ambição que servir ao Senhor, conhecer-lhe, ter comunhão com Ele, estudar e por em prática a Palavra do Senhor. O Senhor levantou alguns irmãos na Inglaterra para que começassem a viver a prática da Igreja restaurada, a adequada vida do Corpo, fora de toda denominação e sistema divisivo, restaurando assim o amor entre os irmãos, a comunhão no Espírito em sua posição original. Alem disso se foram restaurando muitas verdades bíblicas, como: a verdadeira natureza da Igreja do Senhor, o ministério do Espírito Santo em relação com o indivíduo e o Corpo de Cristo, a posição do crente em Cristo, a suficiência do nome de Cristo, o sacerdócio de todos os crentes, o arrebatamento da Igreja, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo e seu reino milenar na terra, a unidade do Corpo de Cristo. Recorde-se que a medida que a Igreja se estabelecia no mundo para por sua morada nele, se foi perdendo nos cristãos a visão do regresso do Senhor Jesus; ensinamento que havia dado força e ânimo aos primeiros cristãos. Tudo foi mudando, até que chegou o momento em que muitos dos chamados "pais da Igreja", interpretaram as profecias apocalípticas como já cumpridas na vigência do Império Romano.
Muitas destas verdades restauradas se começaram a pregar em Filadélfia desde os púlpitos evangélicos, ainda que não todas, porque Filadélfia têm voltado à Palavra de Deus e têm sido fiel a ela, e com Filadélfia têm aprendido nossos irmãos de Sardes, mas infortunadamente esses ensinamentos têm sido em parte mal usados. Por exemplo, o sacerdócio de todos os santos têm sido negligenciado pelo protestantismo. O funcionamento de um clero ordenado dentro da congregação tem o nefasto efeito de apagar o controle que o Espírito Santo exerce sobre as atividades sacerdotais dos membros do Corpo. Os irmãos pioneiros na restauração dos princípios bíblicos, que têm adotado uma posição definida na vertente bíblica por convicção e não por conveniência, os que tem sofrido uma forte e até violenta oposição, apreciam muito essas verdades e não abandonam essa posição, porque o preço têm sido muito alto.
O Senhor tem a chave de Sua casa, e por isso têm aberto uma porta à igreja restaurada, a qual ninguém pode fechar. O organizacionalismo sectário que se têm apoderado da grande parte da cristandade, têm tratado de fechá-la, de opor-se à restauração da Igreja de Jesus Cristo, mas é uma porta que se vai abrindo mais para que mais irmãos entrem por ela, pois somente o Senhor, que é Cabeça da Igreja, tem a chave; não há mais chaves. As igrejas orientais atuais são uma mescla do cristianismo primitivo e do paganismo grego e oriental; o catolicismo romano é uma mistura do cristianismo primitivo greco-romano e germano-saxão, do paganismo e do judaísmo; o protestantismo tratou de restaurar o cristianismo primitivo, mas ficou pela metade, ante qual o Senhor reagiu restaurando Sua Igreja por cima dos limites do protestantismo.

"que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome." (v.8b).

O Senhor elogia a igreja restaurada e lhe diz que têm guardado Sua Palavra ainda que tenha pouca força. Aqui se refere à força física e humana, não à força espiritual, da qual é rica. Filadélfia tem pouca força, mas é melhor essa pouca força quando se tem o pleno respaldo do Senhor, que gozar de uma boa reputação não merecida, como no caso de Sardes. A igreja começou a ser restaurada por um pequeno remanescente; ainda que carente dos grandes meios econômicos e relações políticas do cristianismo organizado; não faz parte dos fortes deste mundo; pelo contrário, sofre a oposição de organizações reformadas, de onde tem saído. Pode-se pensar que ao Senhor agrada quando fazemos muitas coisas por Ele; mas isso é discutível. Às vezes se trabalha para satisfazer a vaidade egoísta. Não é necessário intentar ser forte; nem o Senhor quer que sejamos fortes. O débil (Davi) venceu ao forte, o gigante (Golias). O Senhor está interessado em que sejamos féis no pouco, que trabalhemos com o que temos recebido Dele, não de outro. "9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte." (2 Co.12:9-10).
As organizações poderosas podem menosprezar os começos modestos da restauração da Igreja, quando tem chegado o momento de reconstruir o templo do Senhor, o verdadeiro testemunho da igreja nesta terra. Mas acontece exatamente igual ao ocorrido ao povo judeu depois de setenta anos de cativeiro na Babilônia. Deles iam regressando à Terra Santa pequenos grupos nos tempos de Zorobabel e Josué, Esdras e Neemias. Não regressaram com muitas riquezas materiais, mas sim plenos da necessária confiança em Deus para empreender a reconstrução da nação, a cidade e o templo. Houve muita oposição por parte dos que estavam ali organizados, como Sambalá, Tobias e Gesém, porque não tinham a devida relação com Deus e não haviam legitimidade em suas raízes. O Senhor estava vendo tudo isso, e dispôs ali do ministério dos profetas Ageu e Zacarias para alentar ao povo para que continuasse a obra de restauração, e Deus falou por meio de Zacarias a Zorobabel, dizendo-lhe: "6 Prosseguiu ele e me disse: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos. 9 As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos desta casa, elas mesmas a acabarão, para que saibais que o SENHOR dos Exércitos é quem me enviou a vós outros.10 Pois quem despreza o dia dos humildes começos, esse alegrar-se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete olhos são os olhos do SENHOR, que percorrem toda a terra" (Zac. 4:6,9-10). Com Filadélfia está ocorrendo isso. Os pequenos grupos, mas não reduzidos a meras pessoas jurídicas, que integram as incipientes igrejas nas localidades, mas que se ajustam à Palavra de Deus, são menosprezados. Mas aí está essa porta aberta, e ninguém a poderá fechar.
A igreja restaurada serve ao Senhor guardando Sua Palavra. As regras de conduta da Igreja, como tudo o que tem a ver com ela, são as que estão estabelecidas na Palavra de Deus, porque por meio dela, Ele se expressa. A principal causa de que séculos antes de que muitas organizações houvessem apostatado, foi porque se desviaram da Palavra do Senhor. Sardes na Reforma, até certo ponto restaurou a Palavra de Deus, mas negou Seu nome. Filadélfia tem se sustentado na linha da restauração, regressando inteiramente Palavra, e por isso não tem negado o nome do Senhor; a igreja restaurada abandonou esses nomes diferentes ao do Senhor Jesus Cristo. Se tem posto como moda no protestantismo que um cristão não se contente com ser somente cristão; é necessário que seja wesleyano, batista, pentecostal, carismático, luterano, presbiteriano, anglicano, copto, metodista, assembleísta e mil “istas” mais, e não podem conceber que um cristão não esteja debaixo da cobertura de uma organização dotada de um nome e de uma pessoa jurídica. E ao que pergunta, se respondemos às secas que somos cristãos, isso não lhe basta. Parece que não aceitaram nem conceberam que possam existir cristãos sem que pertençam a uma denominação determinada. Todos estes nomes estão dividindo aos filhos de Deus. Como diz Watchman Nee: "Os dois milênios da história da Igreja são um triste registro das invenções humanas para destruir a unidade da Igreja" ( A Igreja Normal, Watchman Nee, Tipográfica Indígena, Cuernavaca, Morelia, México, 1964, pág. 93).
A única separação que necessitamos é do mundo, quando só nos interessa levar o nome do Senhor Jesus. Quando a Igreja, a desposada com Cristo, toma outro nome, fornica espiritualmente, " 2 Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. " (2 Co. 11:2). A igreja restaurada guarda a Palavra do Senhor, e guardando-a e entendendo-a, no meio deles não há credo, nem doutrina, nem tradição, nem opiniões dos homens, nem ensinamentos diferentes da Palavra de Deus. Às vezes pode dar-se o caso de entenderem-se muitas doutrinas ou aceitar um credo particular, sem que necessariamente se conheça a Bíblia. Costuma-se tratar de enquadrar, simplificar e limitar a Bíblia reduzindo-a a um credo. Por que se dão estas coisas? Porque a Bíblia, entendem-na os que têm a vida de Deus, e um credo, o entende qualquer sem muita complicação.
Em virtude de que a nada do começado na Reforma se tem dado feliz cumprimento, por essa razão a igreja de Filadélfia é a encarregada de acabar a obra de restauração total da Casa de Deus. Filadélfia não tem negado o nome do Senhor. Não negar o nome do Senhor, implica também não negar Sua pessoa, confessando-o com valor e afrontando qualquer risco. Os sistemas denominacionais de Sardes tem substituído o nome do Senhor por outros nomes de fabricação humana. A Igreja de Filadélfia não exclui aos irmãos denominacionais; tem comunhão com eles, com os santos, porque é inclusiva, mas não participa do sistema que nega o nome do Senhor. Pode-se fazer parte do sistema denominacional e mediante o Espírito e a Palavra do Senhor receber clareza sobre o que não é legítimo, sobre o que não está de acordo com a Palavra, sobre o que não deve permanecer, nem aprovar-se nem respaldar-se, e se começa a sentir o desejo de não seguir participando em muitas dessas coisas. Tem-se por benção, que ingresse muita gente a nosso círculo cristão, mas isso não é apropriado quando o caminho não é estreito. A porta aberta que o Senhor tem posto diante da Igreja, ninguém a pode fechar, e de fato se tem intentado fechá-la, mas não podem, porque quem tem as chaves é o Senhor Jesus.
A Igreja teve seu nascimento e iniciou seu crescimento e desenvolvimento com um mínimo de forma institucional e credo se é que se pode assegurar que algo disso havia em sua estrutura, salvo alguma dose de procedimentos herdados em seus primórdios, em maior porcentagem de judaísmo, pois mais que formas fixas de organização e culto externo, o fundamental na Igreja do Senhor desde aquele primeiro dia de Pentecostes, o que na realidade a faz atrativa, sua verdadeira riqueza, era e segue sendo o Senhor Jesus Cristo encarnado, crucificado, ressuscitado, glorificado e manifesto em Sua Igreja por Seu Santo Espírito. Os demais aspectos têm sido colocados em um lugar secundário no curso da verdadeira construção do templo de Deus. Na prática a Igreja universal de Jesus Cristo é espiritual, é um organismo vivo e não meramente uma multiplicidade de sistemas organizacionais.
A Igreja é expressada pelas igrejas locais, as quais, por terem os anciãos e diáconos, estão organizadas. Se se associa a palavra "igreja" (ekklesia) com o edifício ou lugar de reunião, ou com uma instituição, nos desviamos da verdade escritural. É necessário começar a associar o termo igreja com a comunhão dos santos, com a realidade do povo de Deus em Cristo pelo Espírito, do Corpo do Senhor Jesus. O termo grego ekklesia vem da preposição “ek”, que significa fora e “klesis” que significa uma chamada, de maneira que os santos são “os chamados fora de”, o qual não se relaciona para nada com os edifícios ou as organizações eclesiásticas. "Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo." (1 Co. 12:27). "22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas." (Ef. 1:22,23). As instituições são invenções humanas e não estão implícitas na economia divina, por muito que se lhes pretenda defender. Pode-se fazer parte da assembléia institucional sem que necessariamente se faça parte da Igreja de Jesus Cristo, e isto deve saber qualquer que medianamente estuda a Escritura. O erro da denominação consiste em que não são todos os que estão, nem estão todos os que são. Biblicamente devemos associar o termo igreja primeiramente com a assembléia inclusiva dos crentes regenerados na localidade, e logo com a de todos em todo o universo, o qual leva implícito, ou está conectado com a unidade em Cristo e a comunhão no Espírito.
A Igreja tem sua Cabeça que é Cristo, tem sua jurisdição que é a localidade ou cidade, inclui todos os filhos de Deus de uma cidade sem excluir a nenhum por razões sectárias, de posição social o econômica, de raças, de ênfases doutrinárias; assim também tem a Igreja seu conteúdo bíblico, seu serviço próprio, a disciplina legítima e bíblica, o governo, a comunhão, a unidade, as finanças, as reuniões, as relações; tudo isto o tem a Igreja em um marco bíblico e normal, como está no plano de Deus, como está na Bíblia, sem os farisaicos aditamentos estatutários. A Igreja de Jesus Cristo não funciona porque a autoridade civil lhe outorgue poder de pessoa jurídica. Pessoalmente me informei sobre certa congregação cristã que, para se tornar uma pessoa jurídica e ter seus estatutos ou regulamentos internos, encarregou sua redação a um advogado sem conversão, nos quais não aparecia o nome de Deus nem de Seu Cristo. E me consta que se regiam por esse documento para dirimir muitos de seus assuntos.


Precursores da restauração


Ante a tragédia da Guerra dos Trinta Anos surgiram algumas correntes de avivamentos emanados de pequenas fontes como a dos Irmãos Boêmios ou Unitas Frátum, que haviam sofrido muito durante a guerra. As correntes protestantes estabelecidas oficialmente em muitas partes de Europa, no século XVIII haviam caído em um letargo espiritual, devido em parte a uma onda de racionalismo associado com o deísmo, e também ao esfriamento do avivamento inicial. Nessas circunstancias, em 1722 um grupo de irmãos que haviam seguido os princípios de vida espiritual praticados e ensinados por John Huss, emigraram da Morávia (ao sul da República Tcheca, norte da Áustria e oriente da Eslováquia) e Boêmia, a Saxônia, conduzidos por Cristiano David. O conde Nicolau Luis Zinzendorf (1700-1760) os acolheu amorosamente em seu feudo, pois havendo recebido sua educação na escola teológica da Universidade de Halle, esteve debaixo da influência do piedoso Augusto Hermann Franke (1663-1727), proeminente no movimento pietista. De princípios luteranos, Zinzendorf cursou estudos de direito em Wittenberg, chegando a ser um viajante infatigável; se distinguia por sua sensibilidade, capacidade e uma imaginação compreensiva universal; mas o que mais chama a atenção é que desde sua juventude se despertou nele uma inconformidade frente à situação espiritual em que havia caído à moribunda igreja oficial. O pietismo neste jovem nobre tomou a forma de uma ardente devoção ao Senhor Jesus. Para acolher os irmãos, Zinzendorf destinou sua propriedade em Berthelsdorf, em Lusace, a uns trinta quilômetros de Dresden, para criar o chamado "feudo de Deus".
Em meio a tudo isso, ali os irmãos Morávios começaram algo diferente, algo assim como uma célula viva já não de uma organização mas, senão da expressão corporal da Igreja de Jesus Cristo; e se ocuparam de derrubar as árvores dos bosques circundantes, drenaram alguns terrenos pantanosos, e edificaram uma cidade comunitária cristã, Hernhut ("Sombreiro ou sombra do Senhor"), que se converteu com o tempo não só em um grande centro industrial, senão também de vida espiritual e corporativa, cujas ganâncias comunitárias eram reservadas inteiramente para a obra missionária. Seiscentos cristãos comunitários produziam não só para si mesmos, senão para manter até mil missionários em tudo o mundo.
O conde Zinzendorf se estabeleceu em Hernhut e lá teve por centro e sede de suas atividades missionárias e para promover a vida espiritual com os irmãos, pois teve o anelo de espalhar a fé cristã através de muitas partes do mundo, e naquele grupo de irmãos refugiados e perseguidos, ele viu uma oportunidade que o Senhor lhe dava de realizar seus desejos, identificando-se com eles. Ali construíram casas para os santos pobres e fundaram um seminário teológico para educar aos missionários que haveriam de levar as boas novas a longínquas terras, e quando chegavam à ancianidade, regressavam a esse seu lugar a passar o resto de seus dias. Aos fins do século XIX continuava ali a vida tranqüila e feliz, como a “Meca” dos irmãos Morávios, que, além da herança de Huss, se relacionavam com o pietismo e com a Unitas Frátum, e se distinguiam por sua integridade moral e sua vida espiritual inclinada para o pietismo. Em certa forma se assemelhavam muito aos puritanos ingleses do século XVII, cuidando-se sempre de conformar-se o mais possível aos princípios bíblicos de vida corporativa como igreja. Como é de se supor, isto gerou fortes protestos por parte dos círculos eclesiásticos oficiais alemães, conseguindo que o conde fosse desterrado.
Em 1732 os missionários morávios chegaram ao território da Greolândia sob a liderança de Hans Egede; na América do Norte em 1733, e um pouco depois de 1750 estenderam suas operações até o Labrador. Inauguraram uma colônia que tinha seu centro em Bethlehem (Pensilvânia). Ali seu principal dirigente era Spangenburg, mas foram visitados por Zinzendorf. É curioso registrar que o dirigente Quaquer, Guilherme Penn, fundou a Pensilvânia como um "santo experimento" com Filadélfia, a Cidade do Amor Fraternal, como sua capital, operando abaixo uma forma de governo que buscava colocar os cimentos de uma sociedade construída sobre princípios cristãos e governada por ideais cristãos. Também se registra que em 1732, pela iniciativa de Zinzendorf, os morávios começaram umas missões entre os negros das Índias Ocidentais Danesas, e em 1735 nas colônias holandesas da costa norte de América do Sul.
Ao morrer o conde em 1760, o labor apostólico de uma equipe de 220 missionários repartidos em 24 países, se refletia em uns 30.000 crentes que constituíram a avançada do futuro trabalho de restauração da Igreja do Senhor em nossos tempos. John Wesley estabeleceu contato com os irmãos Morávios, o qual lhe produziu uma experiência significativa, fazendo Dele o promotor de um grande despertamento evangélico e o iniciador do Metodismo.


A moderna história de José


" 9 Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei. ".
A palavra judeu se deriva de Judá, a que a sua vez em hebraico é yadáh, que significa louvar a Javé, então etimologicamente os judeus são aqueles que louvam a Deus, e essa é a conotação profética no presente versículo. A igreja histórica de Filadélfia estava composta em sua maioria por judeus, e, aliás, principalmente por essa causa, foi perseguida também pela sinagoga dos judeus que não haviam se convertido, e qualificavam aos irmãos de apóstatas, de traidores de seu povo, de hereges, de sectários, de que haviam se afastado de Deus e do cumprimento da lei, e por isso eles, os da sinagoga, proclamavam que eram autênticos judeus, mas o Senhor mesmo revela sua falsidade, dizendo que definitivamente não eram verdadeiros judeus, senão mentirosos que não reverenciavam a Deus. Que significado pode ter tudo isto para o momento atual? Já o explicamos no capítulo segundo quando estudamos a carta a Esmirna e as conotações da palavra judeu. Agora se trata das instituições eclesiásticas que pretendem possuir a legítima sucessão estabelecida por Deus. Em certa maneira o cristianismo se desprende do judaísmo, pois ali há raízes, assim como a igreja restaurada se desprende da igreja reformada.

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