A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

quinta-feira, 13 de março de 2008

VI- Filadélfia ( 2ª Parte )

Cap. VI
FILADELFIA(2a. parte)

Características judaizantes

Assim como o judaísmo se opôs ao cristianismo, assim também o oficialismo organizado e pretensioso se opõe ao remanescente restaurador; então aqui na carta se da a entender que muitos se aferrariam a características judaizantes, das que Filadélfia se desprendeu de tudo, a saber: Um sacerdócio intermediário, as ordenanças legalistas ou códigos escritos à maneira de Talmud, o templo físico e a ênfase nas promessas meramente temporais ou terrenas, com sua teologia da prosperidade implícita. Na continuação analisamos estes quatro pontos.


O sacerdócio intermediário.

No princípio, Lutero defendia o sacerdócio de todos os crentes, mas não foi restaurado na prática; Lutero insistia na necessidade de um ministério especializado. A prática do sacerdócio intermediário têm resultado no que por meio do sistema clerical os religiosos têm subjugado, e subjugado não só pessoas senão também povos e nações, e esse nicolaísmo segue em vigência. A liderança humana afasta à Igreja da liderança divina e da proteção do Senhor. O Senhor ordenou que a Igreja fosse uma irmandade igualitária. " Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. " (Mt. 23:8). A classe mediadora se desenvolveu no catolicismo romano mediante os sacerdotes chamados padres, nas igrejas estatais como a Anglicana, com o sistema clerical, e nas igrejas protestantes independentes, com o sistema pastoral; contrariando assim o estabelecido nas Escrituras, onde as igrejas que organizavam os apóstolos ficavam debaixo da administração de um corpo ou grupo de anciãos ou bispos, e diáconos. Entre os anciãos ou bispos se exerciam os distintos ministérios.Se a imoralidade do nicolaísmo chegou a profundidades imprevistas no catolicismo romano, pelo lado protestante, por exemplo, na Alemanha, foi acusada a tendência à criação de dinastias pastorais, que se associava com a transmissão dos cargos e ideologias eclesiásticas de pais a filhos, contribuindo a fossilizar o desenvolvimento espiritual do protestantismo.


O código escrito

Quando se renuncia o viver no Espírito e na perfeita comunhão do Corpo, se invalida a Escritura com estatutos e códigos escritos, porque chocam com os princípios da Palavra de Deus, pois ensinam como doutrinas, mandamentos de homens, o qual distancia a Igreja de seu verdadeiro Cabeça e da autêntica estrutura que sua legítima Fonte têm delineado para Seu Corpo. Os códigos escritos invertem a ordem de Deus para Sua Igreja," porque, então, não o buscamos, segundo nos fora ordenado. " (1 Crônicas 15:13b). Em um sistema apóstata, as opiniões dos homens têm mais valor que a Palavra de Deus. Por meio de estatutos de fatura humana se estruturam organizações e se regulamentam os membros, mas constituem práticas diferentes ao verdadeiro batismo no Corpo de Cristo e ingresso à Igreja do Senhor. É o Espírito de Cristo o que verdadeiramente incorpora a Seu Corpo a todos os regenerados. O alento de vida das igrejas locais não é por certo as pessoas jurídicas, senão o Senhor . A vida da Igreja une a água viva do Espírito Santo na comunhão do amor do Pai, a água da Palavra e o batismo, pelo sangue redentor de Cristo. As disposições néscias separam e dividem à família de Deus; e as seitas e os partidos religiosos lastimam e desfiguram o Corpo de Cristo.

O templo físico

Em seu afã de suplantação do plano divino verdadeiro, o sistema babilônico e seus herdeiros naturais, continuam fascinados pela construção de templos físicos. Já fazia séculos que o templo judeu jerosolimitano havia sido destruído pelo império, mas a igreja em Pérgamo herdou da religião pagã a construção de grandes templos materiais, prática que se desenvolveu principalmente com Tiatira; conseqüentemente a igreja reformada (Sardes) o herdou de Tiatira até hoje; Mas biblicamente esses templos não são a casa de Deus, como necessariamente tampouco o são as organizações eclesiásticas que costumam construí-los. Recorde-se que o protestantismo se conta entre os altamente estruturados sistemas religiosos atuais. A casa de Deus é Sua Igreja, a redimida pelo sangue vertido por Jesus na cruz. No protestantismo, igual ao catolicismo romano, costuma se dar mais importância aos templos materiais que ao verdadeiro templo que Deus está construindo para Sua morada. A respeito diz o irmão Nee: "Por favor recordem, o catolicismo é a igreja em cativeiro na Babilônia. Muitos leitores da Bíblia admitem isto. Como os filhos de Israel foram levados cativos a Babilônia, a Igreja também foi levada cativa à Babilônia. O protestantismo regressou da Babilônia, mas não edificou o templo. Apesar de que muitos regressaram da Babilônia, o templo não estava em pé. Hoje em dia vocês e eu devemos ser aqueles que na história da Igreja se levantam a edificar o templo".*(1) De maneira que o Senhor têm uma apropriada economia de Sua Casa, muito diferente à estruturada pelos homens e o mercado religioso. " 10 Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, (segundo o modelo de Deus) para que ela se envergonhe das suas iniqüidades; e meça o modelo.11 Envergonhando-se eles de tudo quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta casa e o seu arranjo, as suas saídas, as suas entradas e todas as suas formas; todos os seus estatutos, todos os seus dispositivos e todas as suas leis; escreve isto na sua presença para que observem todas as suas instituições e todos os seus estatutos e os cumpram. " (Ez. 43:10-11). No povo hebreu Deus estabeleceu um só lugar de adoração, o templo de Jerusalém, e não milhares de sinagogas judias; hoje em Sua Igreja, o Senhor não quer que haja milhares de sinagogas e centros de adoração, senão a unidade de Seu povo em cada localidade, conforme o exemplo e a economia bíblica.
*(1) Os Assuntos da Igreja, Watchman Nee. Living Stream Ministry, 1991, pág. 95.


As promessas terrenas

A Igreja de Jesus Cristo é um Corpo de caráter celestial objeto de benções espirituais nos lugares celestiais em Cristo (cfr. Efésios 1:3b), estrangeira e peregrina nesta terra. " Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, " (1 Pe. 2:11). " Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia " (Jo 15:19). A igreja reformada descuidou seu caráter de peregrina, mas havendo restaurado a leitura da Bíblia, tomou para si as promessas terrenas feitas na Palavra de Deus a Israel, um povo terreno, e doutrinalmente se ensinam como bênçãos de Deus para seus filhos, de maneira que se pode pensar que os irmãos pobres, não são objeto desta classe de bênçãos devido a seu pecado ou porque por alguma estranha razão são discriminados, ou não têm a suficiente fé para cristianizá-las, ou porque não têm aperfeiçoado o método da visualização. Não contente haver saído da mundana Tiatira, o protestantismo têm dado as boas vindas a uma onda da chamada psicologia ou teologia da prosperidade, a qual vêm envolta de um aspecto de metafísica, auto-estima, visualização ou magia branca "cristianizada". A mensagem da cruz se opõe ao da prosperidade terrena; são incompatíveis. " Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. " (Mt. 16:24).A igreja restaurada têm se livrado destas quatro coisas, pois nela se vive o sacerdócio de todos os santos, o guardar a Palavra do Senhor como único código normativo, a vida do Corpo como verdadeiro templo de Deus e as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. A cobertura que necessitamos para nosso ministério é a verdadeira comunhão espiritual e no amor do Corpo. A Palavra de Deus à vez que proclama o sacerdócio de todos os crentes, afirma que o Senhor prove uns ofícios ou ministérios, que se relacionam com o ensinamento, a pregação, a supervisão, a administração, o manter a ordem, o serviço, a economia e a extensão da Igreja, sem que isto se confunda com a criação de hierarquias na mesma. Ministério é serviço.Deus quis fazer da Igreja o Corpo de Seu Filho, e Nele participamos de Sua condição de sacerdote, profeta e rei. Filadélfia, ao expressar a Igreja do Novo Testamento, em matéria teológica não tem uma doutrina particular aparte da Bíblia, pois busca a legítima estrutura teológica onde se deve buscar, na Bíblia.Além do anterior, o Senhor diz que Ele fará que os modernos pretensiosos, que menosprezam aos santos na posição de Filadélfia, e têm aborrecido e perseguido ao remanescente de restauração, venham e se prostrem aos pés dos irmãos de Filadélfia, quando verem que esta é amada pelo Senhor e se manifestar nela a glória do Senhor, para que se repita a história de José, o filho de Jacó e de Raquel, aquele jovem a quem seus irmãos aborreceram e venderam como escravo ao Egito, e ele, débil e sem forças, foi encarcerado e maltratado, mas Deus o amava e se recordou dele e o levantou de tal maneira, que seus irmãos vieram a prostrarem-se ante seus pés. À medida que uma pessoa conhece o verdadeiro Deus e a Sua Palavra, vai anulando toda influência do judaísmo em sua vida. " Portanto, assim diz o SENHOR: Se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles. " (Jer. 15:19).No curso da história da Igreja têm havido muita gente que tem recebido revelação de Deus acerca da situação da mesma. Temos o caso de Barton W. Stone (1772-1844), nascido em Maryland, e havendo exercido como pastor presbiteriano em Kentucky, foi expulso com seus amigos, por suas idéias arminianas, e resolveram constituir um presbitério independente, o qual produziu uma não pequena controvérsia a tal ponto que eles o dissolveram, desejando, segundo suas próprias palavras, que "se fundira em união com o Corpo de Cristo em geral". Mas o curioso é que também eles sentiram chamarem-se simplesmente "cristãos", tomaram a Bíblia "como único guia seguro ao céu", renunciaram com juramento à ordenação, e renunciaram ao batismo de crianças. Em sua relação mútua pediam que "pregadores e povo cultivassem um espírito de paciência mútua, orassem mais e disputassem menos".Outro exemplo o temos em Tomas Campell, um escocês que chegou a ser pastor presbiteriano na Irlanda. Em 1807 veio a Pensilvânia, mas não estava de acordo com as contendas sectárias na Igreja, de maneira que se retirou do presbiterianismo devido a que foi repreendido por admitir à Ceia do Senhor a presbiterianos de diversas crenças. Seu erro subseqüente foi haver formado com seus seguidores "A Associação Cristã de Washington", mas não obstante proclamaram que "onde falam as Escrituras, falamos nós; onde as Escrituras guardam silêncio, o guardamos nós". Também declararam que "a divisão entre os cristãos é um mal horrível... é anti-cristã".

A hora da prova

" Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. ".O mundo têm menosprezado o Senhor; o têm tido como muito pouca coisa, e até hoje Ele têm perseverado em sua paciência, suportando esse menosprezo e essa continua rejeição, e a igreja restaurada o têm acompanhado em seu vitupério, têm sido solidária com o Senhor guardando a palavra de Sua paciência, suportando a rejeição e a perseguição, a oposição e a humilhação, a mesma animadversão que o mundo e os falsos judeus têm ao Senhor.Historicamente o Senhor têm protegido tanto à igreja como a localidade de Filadélfia. À igreja a protegeu no tempo da perseguição geral contra os cristãos, sobre tudo abaixo do imperador Trajano, e mais tarde durante a Idade Média a protegeu dos embates dos islamitas. No século XIV o Senhor também protegeu a esta igreja, quando o conquistador tártaro Tamerlão ou Timur praticamente exterminou todas as igrejas da Ásia Menor. Tudo isso foi assombroso para os maometanos, e por tal motivo chamaram a Filadélfia "Alashir", que em árabe significa Cidade de Deus.A prova que tem de vir sobre o mundo inteiro é a Grande Tribulação, mas antes de que chegue essa hora amarga para a humanidade (a grande tribulação de Mateus 24:21), já saberá guardar Cristo aos santos da hora da prova, posto que guardaram a palavra da paciência do Senhor, que é o sofrimento do Senhor. Recordemos que esta promessa é só para os vencedores. Nós também temos de sofrer rejeição e perseguição. Essa é a promessa do Senhor para Filadélfia. " Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem. " (Lc. 21:36). Recordemos que a Sardes o Senhor também adverte sobre sua vinda. É chegado o momento de que saibamos em que caminho andamos, em qual situação da Igreja vivemos. Estás ainda em Tiatira andando nos ensinamentos de Jezabel, a doutrina de Balaão e as profundezas de Satanás? Segues em Sardes com o nominalismo, com nome de que vives, mas estando morto? Fazemos teimosia em que esta promessa do Senhor indica que os que não guardem a palavra da paciência do Senhor serão deixados na prova, pois as outras três igrejas que continuarão até a vinda do Senhor não se lhes faz esta promessa. No protestantismo se está ensinando uma doutrina muita generalizada e não muito clara a respeito do arrebatamento, e os crentes estão desorientados a respeito.

Os irmãos

Temos visto como dentro do protestantismo e ainda no catolicismo houveram reações por parte dos grupos e pessoas que se inclinaram pela linha da vida interior, e os mais numerosos, os que saindo de Sardes começaram a dar um sério perfil ao período histórico profético de Filadélfia, foram os popularmente conhecidos em seu tempo como Darbytes ou Irmãos de Plymouth (Plymouth Brethren), e também como Assembléias de Irmãos, mas não porque eles tenham adotado esses nomes; eles simplesmente se chamavam a si mesmos "irmãos", "cristãos", ou "irmãos cristãos", devido a que não chegaram a formar uma denominação religiosa.Nos parece apropriado transcrever as palavras do doutor Miguel Ángel Zandrino: "Muitos crentes se sentiam então irmãos por compartilhar a mesma fé, e ter experiências similares na vida cristã. Durante a semana eram amigos íntimos e desfrutavam juntos estudando as Sagradas Escrituras. Mas chegando o domingo, deviam separar-se, pois pertencendo a Igrejas diferentes, não podiam desfrutar unidos da participação da Ceia do Senhor. Isto fez surgir neles uma grande inquietude. Será possível que seja do Senhor que existam tais diferenças? E o problema denominacional cobrou ante eles, imediatamente, a dimensão de um tremendo fracasso do testemunho da Igreja de Jesus Cristo ante o mundo. E se propuseram, a não terem outra denominação, nem reformar as existentes, mas se, reunir ao redor da mesa do Senhor, tratando, em quanto fora possível, não acrescentar nada do homem neste vir ao encontro de Deus para o serviço de adoração". (Prólogo de "Irmãos Livres, Por que?" de Raúl Caballero Yoccou. Talleres Gráficos Argen-Press, S.R.L. Buenos Aires, 1964)As primeiras reuniões em Dublím aconteceram na casa de Lady Powerscourt, as quais contavam as vezes com a assistência de até quatrocentos irmãos; ali assistiam pioneiros como G. V. Wigram, Eduardo Cronin, W. Trotter, Wilson, Timms, Hutchinson. Em 1827 se uniram Anthony Groves ( O inglês Anthony Norris Groves (1795-1853) nascido em Newton, Hampshire, foi missionário em Bagdad, Rússia e a Índia), John G. Bellet e John Nelson Darby, que chegou a ser um dos mais proeminentes líderes dos irmãos. John Nelson Darby (1800-1882), advogado, na Irlanda foi clérigo anglicano, mas em 1827 publicou seu famoso livro Da natureza e unidade da Igreja de Cristo, obra que foi impactante para muitos grupos que já se começaram a formar em várias partes do mundo. Renunciou a seu cargo nesse mesmo ano, integrando-se à assembléia cristã em Dublin, fazendo desde 1830 freqüentes viagens ao continente, abrindo um segundo centro em Plymouth, Inglaterra. Darby se distinguiu como ubérrimo escritor, organizador, teólogo e grande estudioso das profecias bíblicas, mas por herança do anglicanismo, no princípio ensinava o batismo infantil. Com Darby os Brethren também se relacionam os irmãos S. P. Tregelles e Andres Jukes. Depois de 1845, também se registra a relação de Darby com irmãos como W. Kelly, C.H Mackintosh, C. Stanley y J. B. Stoney, a respeito de estudos doutrinais em torno do dispensacionalismo.Muitos, inclusive ministros anglicanos, por todo o território britânico, abandonavam seus caducos e frios ritos denominacionais para unirem-se aos irmãos e começaram a experimentar a refrescante comunhão cristã, a unidade fraternal e a vida no Espírito, sem que deixassem de serem criticados e difamados pelas congregações das denominações que os cercavam. No começo os irmãos iam se apartando da igreja oficial e das denominações e iam se integrando como um movimento da classe alta, e eventualmente se integravam da classe média e gente humilde, pessoas que estavam descontentes com a mundanismo e a frieza espiritual nas denominações, especialmente na Igreja Anglicana.Um de seus distintivos era que tratavam de tomar as Escrituras literalmente, e devido a isso sua vida de igreja começou a se assemelhar à igreja primitiva, restaurando a mutualidade nas reuniões dos santos, mas não tinham organização central, e não tinham a ordenação, senão evangelistas laicos; pois Filadélfia não deu oportunidade ao nicolaísmo, e Filadélfia não recebe reprovações do Senhor. Apartaram-se das denominações constituídas na época devido a que essas igrejas "oficiais" foram consideradas biblicamente apóstatas, e as olhavam com desconfiança porque criam que elas se haviam comprometido com o mundo.Nesse tempo ainda não tinham clara a visão da igreja em cada localidade, por isso eles consideraram que os cristãos deviam limitar-se a viverem em simples grupos, separados do mundo e sua contaminação, no ensinamento de uma doutrina pura e o exercício de uma vida piedosa. Já entrado o ano de 1839, Darby começou a ensinar que na Escritura vemos a união de todos os filhos de Deus em cada localidade. Ao voltar às fontes bíblicas, os irmãos foram fundamentados em que o Espírito Santo guia aos verdadeiros cristãos, unindo-os na fé e na adoração, restaurando assim a verdadeira comunhão dos santos no Espírito. Os irmãos estavam convencidos de que uma pessoa, a menos que experimentasse intimamente a conversão, estava impossibilitada para reformar-se socialmente. A mudança de mentalidade (do grego metanoia) que implica arrependimento e a conversão do homem a Deus por Jesus Cristo vai mais além que uma simples doutrina batismal e integração organizacional. A missão da Igreja é a de colaborar com Deus na edificação de Sua casa e na salvação dos homens dentre o mundo. Dentro da reação do Senhor frente à Sardes, vemos que a pregação da Palavra de Deus saiu dos púlpitos nos templos, para ser exposta pelas ruas, plataformas, debaixo das árvores frondosas, em reuniões pelas casas, sem que isto fora necessariamente por parte dos teólogos e membros da clerezia religiosa, senão por irmãos chamados, regenerados e consagrados pelo Senhor para o trabalho de restauração da Igreja.Se conta entre seus fiéis ao piedoso prussiano George Müller (1805-1898), que aos vinte anos se converteu entre os pietistas em Halle, e onde o estudo da Bíblia lhe pareceu novo e fresco, não obstante, de que já havia adiantado estudos para o ministério; ali teve um encontro definitivo com Cristo. Em 1829 foi à Inglaterra como missionário aos judeus. Distinguiu-se por seu labor a favor dos órfãos em Bristol, para cujo sustento confiou inteiramente na fé e na oração. Em 1832, em companhia de Henrique Craik, iniciou em Bristol as reuniões com umas sete pessoas.Benjamim Wills Newton (1807-1899). Um dos primeiros e mais piedosos líderes do movimento dos irmãos de Plymouth. Ascendente dos Quaquers, havia se distinguido por seus êxitos acadêmicos, quando foi visitado e influenciado por John Nelson Darby. Começou seu ministério em Plymouth com homens de Deus como Jorge V. Wigram, Jaratt, Jaime L. Harris, e viajou por toda a região, continuando seu ministério literário até uma idade nonagenária. Em Plymouth os vínculos entre os irmãos se fortaleceram ao redor de 1830. Depois de um testemunho de forte vigor espiritual durante uns quinze anos, os Plymouth Brethren chegaram a somar mais de mil membros. Em 1845 houve uma divisão entre os irmãos, devido a discrepâncias no governo da igreja e na vinda do Senhor, mais que tudo no relacionado com a permissibilidade de reunirem-se com outros cristãos, argumentos que jamais avalizam uma divisão.Darby rompeu vínculos com Benjamín Wills Newton e se protocolizou a divisão entre Irmãos Fechados ou Exclusivistas e Irmãos Livres, devido a algumas práticas de comunhão cristã.*(2) Os geralmente conhecidos como Irmãos Livres ou Abertos se baseiam mais nos princípios de comunhão fraternal mais inclusivistas; mas de todas maneiras para distingui-los usamos o terno geral de Irmãos. Adiantaram-se muitas tentativas para solucionar o da ruptura, especialmente da parte de Robert Chapman, mas sem resultado. Deixamos por sensato que a legítima igreja, normal e bíblica em cada localidade é de fato inclusivista, pois não pode descartar a nenhum irmão que o Senhor tenha recebido e o Espírito Santo tenha batizado no Corpo, sem que necessariamente isto signifique comunhão com o pecado. Ao largo destes dois séculos, Plymouth se tem destacado como a igreja mais influente e representativa.
*(2) Os irmãos fechados ou exclusivistas alegavam que deviam rejeitar toda comunhão com qualquer igreja ou assembléia que admitisse o mal doutrinal ou moral.
Ao começar a se desenvolver esse mover dos Irmãos, deu-se início a uma atividade missionária muito grande. Desenvolveram as que se chamaram Missões Cristãs em Muitas Terras, chegando a muitas regiões em todos os continentes. O conhecido advogado Roberto C. Chapman, de Barnstaple, tomou especial interesse pela obra na Espanha, país ao qual visitou em companhia de vários irmãos em 1838; em 1863 voltou com os irmãos Gould e Lawrence, que ficaram na Espanha. Os precursores do movimento na Itália foram o Conde Guicciardini (1808-1886) e Teodoro Pietrocolo Rossetti. Em 1871, chegaram a um desenvolvimento tão importante, que chegaram a reunirem-se no ágape em Piamonte uns 600 irmãos; e esse movimento perdura até os atuais dias. Na Guiana Britânica, o movimento se originou com o inglês Leonardo Strong (1797-1874), que inicialmente havia chegado como missionário anglicano.Também é digna de registrar a Missão da China Interior, iniciada em 1865 pelo britânico J. Hudson Taylor, não comprometida com nenhuma denominação em particular, a qual não prometia a seus missionários soldos fixos, repartindo entre eles o dinheiro que se recebessem, e se opunham a contrair dívidas; nunca solicitavam donativos, dependendo das orações para receber os fundos. Com Taylor se da início a uma forma diferente da obra missionária, pois soube combinar o serviço médico com a pregação do evangelho. Esta missão chegou a contar com mais de 190 médicos e 1400 missionários, só desarticulada pela revolução comunista do século XX, mas o fruto ficou em incontáveis grupos cristãos em todo o território chinês. Com essa missão teve contato o irmãoo Nee To-sheng (Watchman Nee) na segunda metade da década dos anos vinte do século XX, sobre tudo por sua amizade com o irmão Carlos H. Judd, na ocasião contador da Missão.Na Espanha contemporânea os irmãos constituem os mais numerosos cristãos não católicos, onde também são conhecidos como Assembléias de irmãos, seguidos em número pelos batistas.

A coroa de Filadélfia

" Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. " (v.11).
A condição da igreja restaurada existirá até a vinda do Senhor. É uma igreja que ama ao Senhor e tem uma perfeita comunhão com Ele, por tanto, o Senhor lhe fala de Sua pronta e eventual vinda. A igreja de Filadélfia deve reter zelosamente o que tem; ou seja, a Palavra de Deus e o nome do Senhor, o qual acarreta a obediência, a fidelidade e a paciência, a fim de que nenhum possa tomar sua coroa. Se os irmãos de Filadélfia não retém o que tem, o Senhor levanta a outros que tomem sua coroa.Além da igreja de Filadélfia, em todo o Novo Testamento se encontra uma pessoa que mesmo vivendo nesta terra já sabia que tinha sua coroa. Trata-se do apóstolo Paulo. "Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. " (2 Tm. 4:8). Apesar do grande sofrimento de Esmirna, a esta igreja o Senhor declara que se fosse fiel até a morte, Ele lhes daria a coroa da vida, que é um símbolo da glória do Senhor; mas a Filadélfia diz que ela já tem sua coroa, que retivesse até o final o que tinha que constitui sua riqueza e sua característica, para que ninguém pudesse retirar. Isso é uma advertência para que esteja em alerta, vigilante, nessa expectativa. Quem estaria interessado em arrebatar-nos os valores espirituais e expor-nos ao escárnio do mundo? O inimigo de Deus; só ele tem o interesse de ver a igreja roubada e despojada da paz do Senhor, da justiça divina, da proteção do Senhor, e mesmo do gozo da salvação.

Colunas no templo

" Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome.13 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas " (vv.12, 13).

Os vencedores de Filadélfia são os que logram reter firmemente o que têm, aos quais o Senhor os fará colunas no templo de Deus. Temos que diferenciar a condição de ser coluna do templo de Deus e o ser uma simples pedra do edifício; a coluna é fundamental, não pode ser tirada sem que ponha em risco a estrutura da edificação; ou seja, que Filadélfia vai a ser um fundamento do templo de Deus, e nunca mais será tirada. Ao vencedor de Pérgamo, O Senhor promete dar uma pedra com um nome escrito, mas ao vencedor de Filadélfia se lhe fará uma coluna sobre a qual serão escritos três nomes: o de Deus, o da Nova Jerusalém e o novo de Cristo, como sinal de propriedade de Deus, de herança eterna e de testemunho de Cristo e de que se tem feito um com Deus, com a Nova Jerusalém e com o Senhor, tudo o qual se cumprirá no reino milenar. Levar o nome de Deus significa que Deus foi formado em ti; levar o nome da Nova Jerusalém significa que fazes parte da cidade santa, porque têm sido também formada em ti, e levar o nome novo do Senhor significa que o Senhor têm se formado a Si mesmo em ti, em tua experiência, e em teu andar diário. Em resumo, Filadélfia é a única igreja que é completamente aprovada por Deus.O vencedor de Filadélfia retém o nome do Senhor e a unidade do Corpo de Cristo. É um erro pensar que para que haja unidade na Igreja necessariamente deve haver uniformidade. Há ênfases doutrinais que não revestem caráter fundamental, e que por fim não afetam a salvação nem rompem a unidade do Corpo; alem disso, o grau de amadurecimento e santidade dos irmãos biblicamente não é uniforme, nem tampouco se deve esperar uniformidade no procedimento e a ordem. É interessante o conceito do irmão Watchman Nee sobre os vencedores. Ele dizia que os que vencem são os cristãos normais; os outros são anormais! " porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus? " (1 Jo 5:4,5)

A restauração na China

As missões cristãs protestantes entraram na China como conseqüência da guerra do ópio e o tratado de Nanking em 1842, por meio da qual cederam Hong Kong a Grã Bretanha. Temos mencionado a Hudson Taylor (1832-1905) como um dos mais proeminentes e influentes missionários cristãos chegados à China imperial. Este filho de um boticário metodista inglês desembarcou em Shangai em 1854, centro de operações desde onde desenvolveu uma grande labor evangelístico, em uma época em que a China era ainda hostil à influência estrangeira. Havendo rompido relações com sua sociedade missionária, fundou na Inglaterra a Missão da China Interior em 1865, e considerado um excêntrico pelos outros missionários por sua abnegação e profunda vida de fé; chegou a vestir-se ao costume chinês, casando-se com a missionária Maria Tyer em Migpo. O trabalho de Taylor e sua equipe de colaboradores deixou profundas raízes e adubou o terreno para continuar a obra de restauração da Igreja no começo do século vinte, usando homens excepcionais do tipo de Watchman Nee, um dos maiores apóstolos usados pelo Senhor para este trabalho. Levemos em conta que em Fuchou, a Taylor o havia precedido os Congregacionais e os Metodistas Episcopais norte-americanos em 1847, assim como os missionários anglicanos em 1850. Com estes missionários, o avô paterno de Nee conheceu a Cristo, e chegou a ser evangelista e primeiro pastor chinês em sua província.
Watchman Nee. Nee To-sheng, mais conhecido no ocidente como Watchman Nee, nasceu em 4 de novembro de 1903 em Fuchou, capital da província de Fukien, na costa do Mar da China, sendo seus pais os piedosos cristãos Nee Weng-hsiu e Lin Huo-ping. Iniciou seus estudos de ensinamentos por volta de 1916 na Escola da Missão Anglicana. Em seus primeiros anos era indiferente a todo o relacionado com o aspecto religioso e o espiritual, mas a influência de sua mãe foi fundamental para que aos dezoito anos sua consagração e entrega ao Senhor Jesus Cristo fosse definitiva e total.Uma das pessoas que mais usou o Senhor para ajudar ao crescimento e amadurecimento espiritual de To-sheng foi sem dúvida Margareth Barber, uma missionária independente que no princípio havia ido à China enviada por uma missão ocidental. Com ela recebeu as primeiras instruções bíblicas e se fez batizar na água. Via na senhorita Barber à instrutora bíblica, a mulher do testemunho, a ajuda oportuna em seus momentos críticos; ela lhe emprestava os livros que necessitava e despertou nele o hábito pela leitura que o acompanhou até sua morte, fazendo dele um grande erudito. Em uma ocasião ele necessitava ler algo sobre o tema da cruz; ela lhe disse que tinham dois, mas que no momento era preferível que não os lesse, que esperasse ter o suficiente amadurecimento. Então Nee escreveu diretamente à autora, a irmã Jessie Penn-Lewis, que lhe respondeu enviando de presente os dois livros, A Palabra da Cruz e A Cruz do Calvário e sua Mensagem.Na formação espiritual de Nee To-sheng influiu muito a leitura sobre a vida de Jeanne da Motte Guyon, mística francesa mais conhecida como Madame Guyon, da linha da vida interior, vendo como a vida desta mulher de Deus se relacionou com a incapacidade física, a invalidez, a dor, o sofrimento, a humilhação. Mas viu que ela teve vitória sobre a tribulação e isso contribuiu pra que acrescentasse sua santidade e sua vida fragrante diante de Deus e para benção da Igreja. O Senhor lhe deu capacidade para que ela desprezasse sua aflição, e recebeu do Pai o poder e o fortalecimento de seu homem interior para chegar a ser profundamente submissa e para seu triunfo frente ao sofrimento, o qual foi transformando seu caráter. O conhecimento sobre esta vida, e a de outros místicos como o Irmão Lawrence, deixaria uma impressão indelével em Nee, comovendo-o profundamente em ver que Madame Guyon viveu em una época em que a varíola se converteu em uma enfermidade terrivelmente agônica e dolorosa. Mas o amor e a fé no Senhor, sua incondicional submissão, a capacitaram para triunfar sobre um indescritível sofrimento. Ela mesma conta em sua autobiografia que a varíola era tão terrível e dolorosa, que lhe havia afetado tanto um de seus olhos, que temia perdê-lo, porque a glândula do olho estava malograda; além disso, entre o nariz e esse olho costumava sair uma pústula que tinha que extrair, e devido a isto sua cabeça se inflamava tanto que não podia nem sequer suportar a almofada. Mas tudo isto o suportava com alegria e amor porque sua alma tinha um grande apetite pela cruz, para estar unida a Cristo também mediante o sofrimento.Nee começou a pregar e compartilhar a mensagem do evangelho com um grupo de amigos em sua cidade, Fuchou, e povos vizinhos, e em 1922, um domingo pela tarde, reunidos em um salão grande na casa de um amigo do grupo, e junto com sua mãe, pela primeira vez, como igreja em sua localidade, recordaram ao Senhor no partir do pão, sem que necessariamente participasse algum ministro denominacional, nem estivessem vinculados a denominação alguma. Em seu propósito de dedicar-se só ao serviço do Senhor dependendo unicamente Dele para viver, chegou a ler os relatos e testemunhos da fé de Hudson Taylor, assim como os de George Müller e seu orfanato, como o temos mencionado, relacionado com os irmãos. Nee recebeu todo esse acervo de restaurações a partir da Reforma protestante: O restaurado através de Lutero, de Calvino, de Wesley, dos Morávios, dos irmãos da vida interior, de John Nelson Darby, de C. H MacKintosh e sua obra tipológica Notas sobre o Pentateuco, por um lado, e Andrew Murray, Jessie Penn-Lewis y T. Austin-Sparks, por outro; mas Deus usou a Nee para enfatizar a centralidade de Cristo, a vida no Espírito, a comunhão do Corpo de Cristo, a vida no Espírito, como o havia feito antes dele T. Austin-Sparsk, e restaurar o reconhecimento da vigência do apostolado, e a visão da Igreja em seu aspecto local. Também foi Nee herdeiro do grande depósito deixado por homens espirituais do tipo de William Law, Andrés Murray, F. B. Meyer, Carlos G. Finney, Evan Roberts, Otto Stockmayer. A Nee se considera como um dos principais servos de Deus à vanguarda da restauração da Igreja no século XX.O testemunho do Espírito Santo, a própria experiência de vida espiritual, o sofrimento, a fonte da Palavra de Deus (leia o Novo Testamento pelo menos uma vez ao mês), o testemunho das divisões denominacionais e a leitura de autores como Govett, Panton, Pember e Lang, foram criando em Nee verdadeira uma consciência da necessidade de um retorno aos princípios neotestamentários relacionados com a unidade orgânica dos crentes. creu fielmente o Senhor, como quando disse: " Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste " (Jo 17:20-21). Também a senhorita Barber, que apoiava Panton, lhe recomendou várias publicações, entre elas as do pregador inglês Teodoro Austin-Sparks, e a quem conheceu e com quem estabeleceu profunda amizade em sua segunda viagem a Europa, na ocasião em que visitou a Convenção de Keewick, na Inglaterra, e a outros irmãos na Dinamarca e outros países europeus.Seu contato com outros irmãos em Londres o estabeleceu a raiz de que escreveu à casa editorial de vários livros, conhecidos através da irmã Barber, e como conseqüência pode intercambiar correspondência com Jorge Ware, do grupo conhecido como os "darbinianos", ou irmãos exclusivistas. Em dezembro de 1930, conheceu a Carlos R. Barlow, associado com o movimento dos Irmãos em Londres, que chegou a Shanghai por motivos de seu trabalho. Em 1932 receberam a visita de oito dos irmãos que chegaram representando as igrejas da Grã Bretanha, Estados Unidos e Austrália, estreitando os laços e a comunhão espiritual do Corpo, e identificando suas respectivas igrejas locais com as da China, e regressaram com tão boa impressão, que em 1933 Nee foi convidado a visitar a Grã Bretanha e Estados Unidos. Em sua viagem a Inglaterra, Nee não somente contatou aos irmãos da linha de Darby, senão também a Teodoro Austin-Sparks, o qual não foi muito bem visto pelos primeiros; por tanto lhe deu ocasião a futuros intercâmbios epistolares, onde se pode perceber a visão inclusivista do Corpo de Cristo, que foi restaurada em Watchman Nee. No movimento liderado por Watchman Nee se sintetizou o positivo de muitos movimentos espirituais da Igreja cristã.Ao receber a clara e bíblica revelação da expressão da unidade do Corpo de Cristo em cada localidade, Nee começou a horrorizar-se de ver essa variedade de nomes denominacionais relacionados com os metodistas, menonitas, luteranos, batistas, anglicanos e muito mais, com suas conotações ritualistas, nacionais, pessoais, doutrinais, limitando-se ele mesmo a mover-se em tudo o relacionado com a Igreja e os cristãos, conforme aos parâmetros bíblicos. Ao regressar do Ocidente se deu à tarefa de examinar novamente o Novo Testamento, confirmando que uma cidade ou povo, ou localidade, devia ter uma só igreja, e somente uma, encaminhando seu trabalho nesse sentido. À medida que cada igreja ou unidade autônoma por localidade crescia, nomeavam anciãos conforme o modelo do Novo Testamento, que se encarregavam de guiar e apascentar aos irmãos em seu terreno, dependendo somente de Deus. Durante a perseguição contra a Igreja, por parte do governo comunista chinês, este último, ante a ausência da denominação por parte das igrejas locais chinesas, denominou aos irmãos A Manada Pequena, baseando-se em um versículo impresso em seus hinários, apelativo que de nenhuma maneira adotaram os irmãos à maneira de uma denominação. Além do anterior lhes foi revelado o relativo à obra apostólica e sua relação às igrejas locais, e se foi formando uma equipe de obreiros ou apóstolos, encarregados de evangelizar, estabelecer igrejas e edificar aos santos. A obra apostólica é regional, pois os apóstolos vão estabelecendo uma só igreja bíblica em cada cidade de sua região; não filiais de denominação alguma. Em 1938 havia mais de 30 igrejas locais na China sem contar com as do estrangeiro, e a equipe da obra se compunha de uns 128 apóstolos, muitos dos quais haviam começado a sair como obreiros ao estrangeiro. Em 1931 já haviam saído a países como Filipinas, Singapura, Malásia, Indonésia, e Hong Kong, lugares que eventualmente chegou a visitar Nee To-sheng.O 1º de outubro de 1949, em Pequim foi proclamada a República Popular Chinesa, do regime comunista ateu, com Mao Tse-tung como presidente e Chou En-lai como primeiro ministro. Watchman Nee e Witness Lee foram pela última vez em Hong Kong em junho de 1950. Nee não escutou o conselho de Lee de que não voltasse a visitar a Shanghai, ato que poderia significar seu fim. Nee considerava um dever dele o estar a frente da obra, vendo a situação em Shanghai como a de Jerusalém nos tempos da perseguição da igreja primitiva, quando os apóstolos permaneceram ali. Em 30 de novembro de 1951, no periódico Vento Celestial, agora infiltrado e oficializado pelo governo, apareceu um artigo onde um membro da igreja de Nanking, já reculturizado pelo sistema, acusa a Nee To-sheng em torno a suas atividades nas 470 igrejas locais em todo o país, e isto foi o aumento das dores. Foi preso em Manchúria em 10 de abril de 1952, acusado dos cinco crimes especificados na campanha contra a corrupção no comércio, apelidado de "tigre capitalista", sabotador, subversivo e uma lista interminável de outros cargos fictícios, fazendo crer aos irmãos que na China havia liberdade religiosa e que a Nee não se lhe acusava por atividades religiosas senão políticas; lhe foram confiscados seus bens, inclusive sua Bíblia, e incomunicado. Mais tarde as prisões e torturas aos irmãos se efetuaram em massa, e muitos foram re-educados. Em 21 de junho de 1956, Nee To-sheng foi sentenciado pela Suprema Corte de Shanghai a quinze anos de prisão, onde realmente esteve vinte anos preso, e finalmente morreu em um campo de concentração, mantendo a fé. Mas na China comunista persiste a igreja subterrânea; ali o Senhor segue sustentando seus pequenos rebanhos. Hoje se calcula uns setenta milhões de cristãos na China que se reúnem na clandestinidade conforme o modelo bíblico.Se conhecem no Ocidente muitos livros de Watchman Nee. O Editorial Living Stream Ministry têm publicado suas obras completas em sessenta volumes. Antes deles, Christian Followship Publisher publicou muitas de suas obras em inglês, desde onde se têm traduzido a muitos idiomas. Entre elas são famosas no espanhol as seguintes: "Vem, Senhor Jesus" (escrito em sua juventude), O Homem Espiritual (a pesar de haver sido escrito antes de cumprir os trinta anos, esta obra foi produzida como fruto do sofrimento e obediência de um homem totalmente entregue ao serviço do Senhor e de sua experiência em uma profunda vida espiritual. Ali fala detalhadamente da salvação do crente, espírito, alma e corpo, com uma magistral e minuciosa descrição do funcionamento e composição de cada uma destas partes do homem. Foi terminado em julho de 1928, quando só contava 25 anos de idade), A Vida Cristã Normal, "Sentai, Andai, Estai Firmes", Transformados em Sua Semelhança, A Liberação do Espírito, Conselhos Sobre a Vida Cristã para uma Vida Santa, Não ameis ao mundo, A Igreja Gloriosa, A Igreja Normal, A Fé Cristã Normal, Autoridade Espiritual, Que Farei, Senhor?, Práticas Adicionais sobre a vida da Igreja, Esquadrinhando as Escrituras, Uma Mesa no Deserto, A Ortodoxia da Igreja, O Plano de Deus e os Vencedores, A Cruz na Vida Cristã Normal, O Obreiro Cristão Normal, O Evangelho de Deus, O Poder Latente da Alma, Os Doze Cestos, Os Cantares dos Cantares, A Obra de Deus, e muitíssimos mais. Os demais livros que se conhecem de Nee, traduzidos e publicados nos principais idiomas do mundo, foram as transcrições de sua pregação, ensinamentos e conferências, e os artigos publicados nas revistas Avivamento e O Cristão, que ele eventualmente dirigia.Em novembro de 1956 apareceu o primeiro livro em inglês de To-sheng que conheceu o mundo ocidental, A Vida Cristã Normal, impresso em Bombay, Índia. É provável que Nee, que jamais saiu do cárcere, morrendo nele aos vinte anos de prisão em 1º junho de 1972, não se inteirou da difusão amplíssima que têm tido seus livros, e da enorme benção que o Senhor está proporcionando à Igreja através deles.

Na América

Sabemos que as nações ibero americanas foram conquistadas e colonizadas por metrópoles européias que não conheceram e menos viveram a reforma protestante, mas trouxeram consigo as idéias da contra-reforma e da inquisição de um catolicismo romano que encheu estas terras de superstição e obscuridade; de maneira que o movimento protestante foi chegando paulatinamente e com dificuldades as nações latino-americanas.Também temos visto como mais tarde a América emigraram pequenos grupos de todas as vertentes de restauração da Igreja, incluídos dos Morávios, dos pietistas, dos Irmãos de Plymouth e outros. Em todos os países da América existem igrejas fundadas pelos Brethren. Também da China começaram a vir irmãos que haviam servido ao Senhor com o irmão Nee, como Stephen Kaung, que promoveu a tradução do chinês ao inglês das obras de Watchman Nee que se puderam salvar da destruição comunista. O irmão Kaung se radicou primeiro na Pensilvânia, e logo em Richmond, Virgínia, Estados Unidos. Em 1962 veio aos Estados Unidos o irmão Li Shang-chou, melhor conhecido como Witness Lee, que nasceu em Chefú, de pais budistas. Converteu-se ao Senhor em 1925, na idade de vinte anos, sendo batizado por Nee To-sheng no Mar Amarilho, chegando a ser ancião na igreja de sua localidade e integrante da equipe de obreiros que liderava Nee. Enérgico e autoritário foi muito usado pelo Senhor em Nanking e Shanghai, reorganizando as igrejas depois da guerra com o Japão, as quais haviam sofrido dispersões, mas que sobreviveram por sua característica de reunir-se pelas casas. A raiz do triunfo e do avanço comunista na China, Nee lhe indica que se traslade com sua família a Taiwan (China Nacionalista), a ilha governada pelo general Chiang Kai-shek, que não foi tomada pelo comunismo, onde se dedicou a organizar e dirigir uma próspera obra do Senhor. Nos Estados Unidos, Lee começou seu trabalho ao lado de Stephen Kaung; mais tarde se trasladou a Los Angeles, Califórnia, e por último se radicou em Anaheim, Califórnia, onde com sua equipe de colaboradores estabeleceu uma imprensa, a Living Stream Ministry, onde se têm publicado as obras de Nee, de Lee, as que têm sido traduzidas a vários idiomas.Por outra parte, assim o Senhor levantou nos Estados Unidos homens de Deus como Charles Simpson, Dom Basham, Derek Prince, Bob Mumford e outros, que foram regando a semente do avivamento carismático na restauração da casa de Deus.Para Argentina emigrou o apóstolo inglês Geofredo Rawling, contribuindo à difusão das obras de Nee, o qual influenciou no movimento de Renovação na Argentina e a vida no espírito, no qual também participaram como protagonistas os irmãos Miller, Jack Schisler, Keith Benson, Orwille Swindoll, Iván Baker, John Carlos Ortiz (o autor de Discípulo), Jorge Himitian, Ángel Negro, Augusto Ericson; a influência de todos estes chegou ao Paraguai através de Pedro Wareishuck, com quem se iniciou Gino Iafrancesco, que logo trabalharia no Paraguai, Brasil e Colômbia, principalmente. Esse avivamento argentino e outras correntes foram fluindo através de todo o território da América Latina.No Brasil chegaram irmãos com visão de igreja desde os Estados Unidos e China: os apóstolos John Walker, por um lado, e Dong Yu Lang, por outro, respectivamente. Igualmente surgiram apóstolos autóctones, como Aniceto Mario Franco, Jair Faria dos Santos, Adonias de Rondônia, Gerson C. Lima e outros. Todos estes apóstolos fundaram diversos grupos de igrejas locais ou de cada cidade.No Paraguai o movimento das igrejas locais começou com Gino Iafrancesco, Eleno Frutos e Mario Bogado. Depois deles chegam ao Paraguai alguns apóstolos de Taiwan, como Hou Yen Ping (que começou a obra entre os imigrantes chineses), e Lee Tau Thuin (quem a consolidou).Em nossa querida pátria Colômbia também se têm trabalhado na restauração da visão de Igreja do Senhor. A Respeito dos evangélicos na Colômbia, a historiadora Juana Bucana escreveu um importante livro; mas em relação com a visão da igreja têm trabalhado até a data Gino Iafrancesco (que têm tido relação com os obreiros de Argentina, Paraguai, Brasil, Colômbia e Holanda; também recebeu a destra de companheirismo de Witness Lee e é autor de numerosos livros e conferências), Edward Stanford (associado a Dong Yu Lang), Alexandre Pacheco (da equipe apostólica de Gino Iafrancesco) e outros.Recentemente temos tido contato e comunhão com um grupo de obreiros do Chile: Eliseo Apablaza F., Rodrigo Abarca, Roberto Sáez, Gonzalo Sepúlveda H.. Pedro Alarcón P., Roberto Chacón, Marcelo Díaz, entre outros, que lideram um importante avivamento de restauração nesse país.Com a morte de Witness Lee, em 3 de Junho de 1997, alguns que lhe seguiam, ao parecer não entenderem-lhe suficientemente, deram a impressão de deslizarem-se se inclinando aos sabelianistas e exclusivistas. Por outra parte, 24 obreiros de USA, Brasil e Taiwan que lhe seguiam, começaram a ensinar que em Witness Lee ficava definitivamente fechada a interpretação do Novo Testamento. O qual não compartimos que sustentemos um ponto de vista trinitário, por um lado; e por outro, a abertura vigente ao Espírito Santo para maior iluminação até a vinda do Senhor, sem substituir a autoridade do Novo Testamento, por de alguma interpretação, evitando ao mesmo tempo que o testemunho do Corpo de Cristo se converta em alguma seita de tipo ministerialista. Com isto se reconhece e continua o precedente cristocêntrico, bíblico e inclusivista que Wachtman Nee e outros deram acerca do Corpo de Cristo.

Nenhum comentário: