A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

V- Sardes ( 2ª Parte )

Capítulo V
SARDES
(2a. parte)


As obras imperfeitas de Sardes

" Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus." (v.2).Os versos 1 e 2 falam de que o Senhor conhece as obras de Sardes e que não as têm achado perfeitas. Inegavelmente em Sardes foram feitas muitas boas obras, mas o Senhor lhes reprova o não haver continuado elas, as deixaram pela metade, não as aperfeiçoaram. As obras de Lutero e dos demais reformadores foram boas, mas o Senhor lhes diz que não foram perfeitas. Os reformadores restauraram a doutrina da justificação pela fé, e de fato os que se salvaram em Sardes tinham a convicção de que não o faziam por suas próprias obras, nem por mediação dos sacerdotes, senão pela obra salvadora de Deus em Cristo, e como um presente; não obstante, há de se declarar que a justificação pela fé foi restaurada por Lutero mais como uma doutrina superficial que aperfeiçoada como vida no povo de Deus. Mas sobre tudo em matéria eclesiástica, ao invés de desprender-se totalmente de toda a degradação de Tiatira e voltar às fontes primigênias da Palavra de Deus, foram herdeiros de muitas das aberrações que quiseram reformar. É bom que eles tenham desviado sua visada do mundo religioso pagão para colocá-la no ideal da vida cristã, mas lhes faltou vida, não passaram de especulação teórica, sua regeneração era autêntica mas não produziu os frutos desejados, se produziu o novo nascimento mas não se desenvolveu o novo homem que o Senhor queria que se alcançasse, e a autêntica renovação para a restauração de todas as coisas que se haviam perdido. Não se pode chegar ao estado da igreja primitiva. Exteriormente a igreja protestante aparentava piedade, porém bem pronto se foi apagando o fogo inicial do avivamento reformista, a vida espiritual se foi deixando de lado. Há coisas que se haviam perdido, e ainda que algumas foram restauradas na Reforma, por essa falta de vida, estavam a ponto de morrer, e é por isso que ainda se necessita que essas coisas sejam revividas e reafirmadas no protestantismo, porque, como o viemos desmembrando, muitas coisas restauradas e começadas em Sardes, não têm sido terminadas nunca. Foi necessário que o Senhor reagisse novamente para completá-las, e isso o fez posteriormente com Filadélfia. No protestantismo com freqüência buscam os freqüentes reavivamentos.Não é verdade que a história se repit, como a concebiam os gregos, mas se ensina ao que queira aprender em suas fontes. Por exemplo, em sua oportunidade Deus fez não necessários tanto o templo como os elaborados sacrifícios do judaísmo, centro neurálgico de seu culto e do qual se ufanavam como definitivamente indestrutíveis e indefectivelmente únicos dono do favor de Deus. E esse disparatado orgulho foi sua ruína quando tudo isso foi destruído como trágico desenlace, como Jesus o havia previsto. Os primeiros cristãos se encarregaram de advertir os dirigentes judeus desse tempo, mas eles desprezaram essa advertência: " 48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? " (At. 7:48-49).Hoje sucede algo similar com a estrutura eclesiástica de nosso tempo. É perigoso querer ganhar o favor de Deus pelos meios legalistas, a força, o orgulho organizacional, as contas bancárias, os grandes e luxuosos templos, o amor ao elogio humano, os interesses egoístas, o desejo de dominação na comunidade cristã e a confiança em si mesmo; tentações crônicas em si mesmas. Isto não é novo. Se deu no mesmo no seio do círculo íntimo de Jesus. Também ali houve brotos de aspirações pessoais por ocupar classes superiores e ser objetos de reconhecimentos, ocasião que aproveitou o Senhor para fazer uma vez mais a diferença ou mostrar o contraste entre as duas classes de grandeza: a babilônica e a dos cidadãos do reino de Deus. " 26 Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;27 e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; " (Mateus 20:26-27). Na Igreja do Senhor se faz grande o que humildemente serve aos santos inclusive em ocupações que muitas vezes são desprezadas pela sociedade secular e algumas facções do cristianismo.Estes caminhos se afastam dos fundamentos da cidade de Deus. Ainda que o fundamento do edifício seja Jesus Cristo, é possível que se chegue a sobre-edificar com materiais diferentes ao ouro, a prata e as pedras preciosas. Quem segue pelo caminho e o poder legalista, descarta o autêntico poder empregado por Deus na cruz, que é, Quanto aos demais, o único válido ante o Senhor. " 23 mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;24 mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. " (1 Co. 1:23-24).

Origem das "igrejas nacionais"

O protestantismo não foi uma reação puramente religiosa. A realidade é que outros interesses convergiram, como o nacionalismo, as aspirações de monarcas absolutos, dispostos a manejar tanto a vida política como a religiosa em seus domínios. O remanescente hebreu que voltou a Jerusalém a restaurar a cidade e reconstruir o templo, o fez com a proteção dos reis persas, e a subseqüente dependência de Alexandre o Grande e seus sucessores, e posteriormente dos romanos. Assim aconteceu com o protestantismo ao desprender-se do catolicismo; o fiz abaixo a proteção e dependência dos Estados europeus. Com o tempo na Europa a Reforma religiosa política foi degenerando em um cristianismo nominal; uma combinação de poder da igreja e das forças políticas que se opuseram a Roma. A cristandade nominal, tradicional, entendida como conjunto de sistemas religiosos, ainda que sempre hospedou em seu seio autênticos cristãos, entretanto se encheu de cristãos por herança, só de nome, havendo recebido o legado de fazer as coisas seguindo por inércia a prática de costumes ancestrais e ritos vazios, imersos nessa abúlica ignorância religiosa dos verdadeiros propósitos de Deus, tão distantes das rota humanas, ou simples e plenamente não conhecendo a Deus nem a Seu Cristo, adquirindo facilmente a tendência de ir com a corrente, ou de onde jamais tem saído. O termo cristandade generaliza demasiadamente, arrasta por si um cansaço semântico; que me impulsiona a afirmar que implica uma conotação pejorativa do significado da verdadeira Igreja de Cristo.Na Europa as duas forças, a religiosa e a política, deram origem às "igrejas nacionais": na Inglaterra, a Anglicana; na Alemanha, a Luterana; na Escócia, a presbiteriana; na Holanda, a Reformada holandesa, e outras, de tal maneira que quem nascera em um destes países, somente pelo fato de nascer, por exemplo, na Inglaterra, imediatamente era batizado como anglicano, sem mais considerações bíblicas, exatamente como ocorre nos países chamados católicos, como na Espanha e Itália, onde a Reforma foi abatida cruelmente. Isso indica que a igreja se confundia com a sociedade secular e eram, na prática, iguais quanto a sua membresia. Isso ainda ocorre hoje em dia; pagãos batizados dentro de um sistema cristão.Por que ocorreu tudo isto? Porque para a construção da casa de Deus, os cristãos aceitaram a ajuda de pessoas do mundo, e dos poderes políticos, e isso os levou a imitar ao mesmo sistema religioso do qual haviam saído, e as igrejas protestantes acabaram constituindo-se em uma mescla de política e religião. Permitirá Deus que alguém fora Dele, o Estado, por exemplo, reine sobre as almas de seus escolhidos? Se Tiatira se casou com o mundo, Sardes se uniu a diferentes nações. Nessa forma se criaram as extra-bíblicas igrejas nacionais. Por exemplo, já independentes de Roma, todos os ingleses ficaram incluídos na Igreja Anglicana, e todos os alemães na Igreja Luterana Alemã. Isso significa que se confundiram os termos Alemanha com Igreja Alemã, e todos os nativos do país podem batizar-se na respectiva "igreja nacional", e o Senhor lhes diz que têm o nome de que vivem, mas estão mortos. Há ali autêntico povo de Deus? Sim há, mas mesclado com infiéis, como ocorre com o sistema católico romano. Desde a Alemanha, o luteranismo se estendeu até outros países europeus como Escandinávia, Islândia e Finlândia, Dinamarca, Suécia e Noruega, onde os católicos romanos desapareceram quase por completo. Na atualidade, inclusive nos círculos hierárquicos do catolicismo, se sabe que as igrejas protestantes, sobre tudo as catalogadas como nacionais como a anglicana ou a presbiteriana, são estruturalmente o mesmo que o catolicismo romano, e não são temidas por Roma por quanto às consideram sérias, estruturadas e que não fazem um proselitismo agressivo, em contraste com os grupos mais recentes de tipo evangélico como os Pentecostais ou Assembléias de Deus.
Na Alemanha. Ao regressar a Wittenberg, em março de 1522, Lutero, com o apoio do eleitor, se ocupa da organização de uma igreja reformada na Saxônia, com base fundamental na justificação pela fé, mas deixando algumas práticas tradicionais na igreja que a seu juízo não se opõe abertamente às Escrituras. Prepara guias escritas para a ordem do culto, a celebração da Santa Ceia e o batismo. Por regra geral os protestantes conservaram, por causa da herança natural, a hierarquia sem o papa, o mesmo que os credos apostólicos e o Credo Niceno. As leis da genética ensinam que as filhas herdam as características das mães, e a Palavra de Deus diz que o sistema da grande prostituta é mãe de outras prostitutas, outros sistemas infiéis, que por muito que se hajam cercado ao Senhor, seguem envolvendo em seus ensinamentos e práticas de princípios não bíblicos, mesclando-los com os verdadeiros, mas o resultado carece da pureza que Deus demanda.Por exemplo, à medida que a Reforma tomava força e se estendia, necessitaram de maior organização administrativa para a engrenagem eclesial, contando Lutero, a sua vez com o respaldo da autoridade secular. Não importa que Lutero esteve convencido da conveniência da independência da igreja frente ao Estado, o fato é que aceita esse apoio do mundo, e até o presente essa relação estreita perdura nas nações luteranas. Ao ir se estendendo a Reforma, a estrutura eclesiástica ia se diversificando e desfazendo-se o padrão idealizado por Lutero, de tal maneira que este, a fim de resolver as divergências e tratando de recuperar a ordem, acudiu aos príncipes laicos, como o eleitor da Saxônia e de outros Estados protestantes alemães, que se encarregaram de nomear supervisores regionais e visitadores que informaram sobre o estado das paróquias.Surgiram sérios problemas, como o de certos nobres que quiseram aproveitar o momento conjuntural para sublevar-se e apoderar-se de terras episcopais, e o de certos antigos colaboradores de Lutero, empenhados em organizar uma comunidade eclesial mais rígida composta de autênticos protestantes. Por outro lado o movimento nacionalista em princípio viu em Lutero um grande protagonista para essas aspirações do povo alemão. Mas apesar dele, o número de seguidores se multiplicava grandemente; inclusive monges e monjas por centenas saiam dos conventos a fim de viver uma forma de vida cristã mais de acordo com as Escrituras. Para 1530, o norte de Alemanha havia sido ganhado para a Reforma; ou seja, ia se consolidando a formação de uma "igreja nacional" alemã, a luterana. Foi na Dieta de Espira em 1529, em que os príncipes luteranos, os do norte, protestaram ante os príncipes católicos, os do sul, por quanto o representante do imperador anunciou que Carlos V abolia a cláusula que na Dieta anterior ordenava que cada estado era livre de eleger sua forma de religião, ficaram conhecidos desde esse tempo como protestantes.Antes e depois da morte de Lutero, ocorrida em 1546, houveram guerras entre os príncipes luteranos e os católicos, incluído o imperador, e não foi senão até 1555 em que o luteranismo conseguiu o reconhecimento legal no Império, com ocasião da Dieta de Augsburgo, reunida por Fernando, irmão de Carlos V, mas só para os que se guiassem pela Confissão de Augsburgo, como um primeiro passo fazia a liberdade religiosa, e onde foi incorporado o princípio do “cujus regio, ejus religio” (tal governo num Estado, tal religião neste Estado), de onde se conclui que o credo religioso das pessoas dependia do pais onde nascesse e não por sua fé subjetiva, como temos comentado; assunto que determinavam os governantes, mais por seus interesses políticos que por seus princípios religiosos. Além da Alemanha, também nos países escandinavos (Suécia, Dinamarca e Noruega) se organizaram "igrejas nacionais" luteranas.
Na Suiça. Na Suíça a Reforma se desenvolveu simultaneamente com a alemã, entretanto mais independente que esta; de maneira que, como em outras partes da Europa, a Reforma na Suíça não se identifica como luterana, e na verdade os líderes que seguem depois de Lutero, ainda que indiscutível primeira ordem, já não se lhes tem como pioneiros, senão seguidores. Ali Ulrico Zwinglio em 1517, mais radical ainda que Lutero, enfrentou aos abusos eclesiásticos e à "remissão de pecados" que ofereciam por meio de peregrinações a um santuário da virgem de Einsieldn. Igual a Lutero, Zwinglio havia cultivado sua educação humanística nos meios universitários, se aprofundou em seu estudo do Novo Testamento e também foi ordenado sacerdote ao serviço do papado (1506), e nessas condições recebeu as 95 teses de Lutero, em um momento em que também se pregavam as indulgências em Zurich. Zwinglio rompeu definitivamente com Roma em 1522, data na qual se uniu em matrimônio com Ana Reinhard.Há de se ter em conta que a situação da igreja na Suíça era diferente à da Alemanha. Ali a igreja dependia mais do Estado, em tal forma que os conselhos municipais tinham autoridade para intervir nos assuntos eclesiásticos, fruto do espírito da época e das grandes lacunas da teologia escolástica imperante. Zwinglio se opôs a esta teologia e a todas as mentiras romano papistas como as indulgências, purgatório, relíquias, imagens, intercessão dos santos, a transubstanciação escolástica, os alunos quaresmais, o celibato, as tradições humanas, a riqueza da igreja, a distinção entre clérigos e laicos, o poder secular da igreja, o sacramento da penitência, como práticas estranhas à Bíblia. Desde o começo Zwinglio contou com a simpatia do conselho de Zürich, o qual acelerou e legalizou a reforma no beco e se foi estendendo por outros becos com a ajuda de outros pregadores do evangelho. Morre Zwinglio pelejando em disputa com as províncias católicas, na batalha de Cappel em 1531.

João Calvino. A reforma suíça seguiu seu desenvolvimento com figuras de primeira ordem como Guilherme Farel e João Calvino, considerado o maior e controverso teólogo da Igreja depois de Agostinho de Hipona, por ser sua teologia a mais bíblica de toda a Reforma. Nasceu Calvino em 10 de julho de 1509, em Noyon de Picardia, França, de uma família de antepassados humildes, mas de pais meio acomodados. Adiantou estudos de teologia na Universidade de Paris, os que mais tarde abandonou pelos de jurisprudência e humanidade. Escrevia com perfeição em latim, e adquiriu conhecimentos do grego e do hebraico, e foi atraído profundamente pelas idéias luteranas. Em 1535 fugiu de Paris a Basiléia e Genebra acusado de heresia, onde publicou sua famosa obra conhecida como a Instituição da Religião Cristã, a mais sistemática, coerente, ordenada e clara apresentação da teologia dogmática protestante. Está composta esta obra de quatro livros e dividida em oitenta capítulos, e é considerada a soma do sistema teológico calvinista. Há de se ter em conta que o propósito fundamental da teologia é o de guiar os crentes na busca de Cristo nas Escrituras.Grande estudioso da teologia de Agostinho, e tratando de expor o que era o cristianismo verdadeiro, a teologia calvinista separa temas como o do Pai como o Deus soberano sobre Sua criação, que governa, sustenta e preserva o universo com amor e justiça ao mesmo tempo; a natureza do homem, a imortalidade, o pecado, a redenção operada por Deus em Cristo; sobre o Espírito Santo; a Igreja e sua relação com as autoridades civis; as conseqüências da queda. Calvino nega a liberdade do ser humano no sentido pelagiano: primeiro, de acordo com a doutrina paulina, é escravo do pecado, escravidão da qual somos redimidos pelo Senhor por meio da fé; mas como a fé é um dom de Deus, é evidente que Deus elege, e viemos logo a ser servos do Senhor. Há biblicamente uma eleição e predestinação para salvação. Calvino estabelece a necessidade das Escrituras para o conhecimento de Deus, dado que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens e Cristo é o centro da Bíblia. (Se pode ler no Apêndice II de este capítulo os cinco pontos da doutrina calvinista da graça).Enquanto à Igreja, na Instituição ou Institutos, Calvino ensina que a Igreja universal não é idêntica a nenhuma instituição visível; que não pode ser dividida, porque isso significaria que Cristo está dividido; a Cabeça da Igreja é Cristo, e os crentes juntos formam um Corpo; que a Igreja visível está composta de igrejas de diferentes cidades e aldeias.Calvino reconhecia dois sacramentos, o batismo e a ceia do Senhor. Ensinava também que os termos bispos, anciãos, pastores e ministros, têm o mesmo significado, mas seu ponto de vista era que, além da vocação interior de Deus, os ministros têm de ser eleitos com o consentimento e a aprovação do povo mediante eleições. Inclinava-se a fazer uma aristocracia eleita. A teologia calvinista teve tanta importância, que irradiou sua influência por outros países europeus como Holanda, Escócia, Hungria, França, Inglaterra, e mais tarde na América do Norte. As teologias, tanto de Lutero como de Calvino, foram as de maior influência nos movimentos protestantes que surgiram da Reforma.Em Genebra houve discrepâncias de tipo religiosa com os governantes civis, e devido a isso Calvino e Farel se retiraram a Estrasburgo, mas sendo chamados de novo, Calvino conseguiu que adotassem suas Ordenanças Eclesiásticas, uma constituição da igreja, para restabelecer por meio delas a ordem, mesmo que, ao não haver uma política clara de independência da igreja e o Estado, o poder civil continuou com suas pretensões de ser também o representante supremo do poder eclesiástico.Por exemplo, a confissão de fé se faz obrigatória para todos os habitantes da cidade. Os magistrados civis intervêm na nomeação de candidatos ao ministério, e os consistórios eclesiásticos eram integrados por ministros da igreja e membros dos conselhos municipais. Devido a essa sinistra herança, a esse critério dualista, a essa persistente união da igreja com o Estado, desafortunadamente Calvino foi um dos juízes inquisitoriais que condenou a morte na fogueira ao célebre reformador radical, médico, humanista e científico espanhol Miguel Servet, por seus erros antitrinitários e contra da predestinação e o batismo infantil, pois a heresia era um delito civil abaixo o Código Justiniano, ainda que Calvino tratou com empenho que se retratara. Servet havia sido médico do arcebispo de Viena na França, e havia sido julgado por herege no sistema católico romano, e fugindo a Suíça, foi reconhecido e arrastado a instâncias de Calvino. Servet foi queimado na fogueira em 27 de outubro de 1557, e entre as chamas clamava, dizendo: "Oh Jesus, Filho do eterno Deus, tem piedade de mim". Ainda que Calvino não era sempre o agente principal das atividades do consistório, é lamentável registrar o exagerado zelo por guardar a moral pública e as práticas cultuais, que as disciplinas e as censuras chegaram a um grau sufocante e exagerado de ridículo, de tipo inquisitorial.

Na França. Em contraste com Alemanha e Suíça, na França os protestantes formavam uma minoria, sobre tudo si se tem em conta que os reis franceses, nominalmente católicos, segundo interesses costumavam porem-se alternativamente da parte dos protestantes ou dos católicos. Destaca-se a figura do professor humanista, teólogo e tradutor da Bíblia, Jacobo Lefèvre d’Etaples, quem desde 1512 escreveu e pregou sobre a justificação pela fé, a ausência de méritos nas obras humanas e o caráter extra-bíblico da doutrina escolástica da transubstanciação. Na França o protestantismo teve uma história tempestuosa e se viu envolto o país em prolongadas e intermitentes guerras religioso políticas entre 1562 e 1594.A Universidade a Sorbona, fundada no século XIII por Roberto de Sorbom, se encarregou de publicar uma declaração das doutrinas da igreja católica, refutando os Institutos de Calvino e proibindo os livros dos reformadores, incluindo as obras de Lutero, Calvino, Felipe Melachthon e Clemente Marot. A maioria das aldeias valdenses nos vales de Provença foram destruídas e alguns irmãos queimados na fogueira. Um ato digno de se destacar é que a história registra a matança da noite de São Bartolomeu, em agosto 24 de 1572, em que por ordem de Catarina de Médicis, da família real, foram vilmente assassinados uns 70.000 huguenotes, nome dado aos protestantes na França, incluindo a quase todos seus dirigentes, entre eles o almirante Gaspar de Coligny, o qual foi atravessado por uma lança em seu leito e jogado ao balcão, por obra de um dos Guisa, da nobreza francesa. É lamentável registrar que quando a noticia chegou até Roma, celebraram festas especiais, o papado deu a ordem jubilosa de que se tocassem todos os sinos da cidade e se mandou cunhar uma medalha para comemorar a data.Em 1598, mediante o Edito de Nantes foi garantido aos huguenotes à liberdade de culto público em muitas cidades especificadas da França, entre as quais não se incluía Paris. As muitas perseguições na França contribuíram para a união entre os protestantes, o que os levou a organizarem-se em igrejas com seus pastores, diáconos, etc... Chegando inclusive a redigir uma Confissão de Fé e um Livro de Disciplina. No entanto, no vaivém dos interesses políticos, aos protestantes se lhes asseguraram os plenos direitos cívicos; e ao clero protestante se lhe concedeu as mesmas exceções do serviço militar e de outros cargos de que o clero católico gozava.Quando Napoleão Bonaparte ascendeu ao poder em 1799, uma de suas preocupações foi a de controlar a vida religiosa da França. As duas principais confissões protestantes, Reformados e Luteranos, foram reconhecidas oficialmente, e ao igual que o clero católico romano, seus pastores foram considerados funcionários do Estado, com direito a receber salário do fisco (1802).

Na Escócia. Antes que se difundissem as idéias luteranas, na Escócia já existiam pequenos grupos wycleffitas e hussitas, mas foi no século XVI quando foi introduzida a Reforma, a qual chegaria a ser acolhida pela grande maioria da povoação, de maneira que o protestantismo chegou a ser a religião oficial do Estado. É importante saber que a forma do protestantismo que prevaleceu na Escócia foi a presbiteriana, onde os termos pastor, bispo e ministro se empregavam para determinar o mesmo posto. Os presbiterianos, fiéis seguidores das idéias calvinistas, a diferença dos anglicanos, não estiveram de acordo com o rei, além de chefe político fosse o chefe da igreja. O protestantismo teve um grande desenvolvimento na Escócia devido à anarquia predominante entre a nobreza, a qual, como se sabe, monopolizava muitos postos eclesiásticos, que eram ocupados pelos filhos dos nobres que gozavam das rendas; mas o pior do caso é que eram ausentes, ou seja, que usufruíam das rendas sem cumprir as funções correspondentes. Surgem alguns precursores da vindoura revolução religiosa; os escritos de Lutero se difundiram e se conhecem insignes varões de Deus como Patrício Hamilton, que, acusado de heresia, foi queimado vivo em 1528 em Santo André, a capital eclesiástica do país; mas este martírio, longe de apagar o fogo da reforma, o avivou.O mais destacado Adail da reforma escocesa foi indiscutivelmente João Knox, que nasceu em Haddington em 1515, e depois de haver cursado estudos universitários, foi ordenado ao sacerdócio em 1540. Knox escutou as pregações de Jorge Wishart, mártir e companheiro de Patrício, convertendo-se em um dos mais estritos e severos teólogos de todo o século XVI, e com alguns companheiros se dispôs a pregar as doutrinas protestantes no castelo de Santo André. Havendo sido capturado e levado a França, permaneceu de galeote durante dezenove meses, até que por intervenção do governo inglês, foi liberado em 1549. Uma vez liberado foi a Inglaterra, onde a reforma estava em seu ponto culminante, e foi um dos capelães do rei Eduardo VI. Mais tarde em Genebra foi discípulo de Calvino. Escócia aderiu oficialmente à reforma em 1561, depois de uma guerra civil, quando o parlamento escocês adotou uma confissão de fé mais calvinista que luterana, que Knox e outros reformadores haviam redigido, a Confissão de Fé Professada e Crida pelos Protestantes do Reino da Escócia. Proibiram a missa e declararam nula a jurisdição papal na Escócia. Também redigiram o documento conhecido como o primeiro livro de Disciplina, no qual se estabelecia o regime presbiteriano, e o Livro de Ordem Comum, uma espécie de liturgia de Knox.. Como se vê, tal como o fizeram Lutero, Calvino, Zwinglio e outros reformadores, também Knox se valeu das autoridades civis para efetuar as reformas, ainda que houve setores minoritários do protestantismo, que eram menos insistentes na perpetuação desse statu quo, o mesmo que do ritual e organização herdados da grande mãe.

Na Inglaterra. Henrique VIII não foi necessariamente o iniciador da reforma na Inglaterra. Já desde os tempos do pré-reformador Wycliffe, existia na Inglaterra o movimento dos lolardos, que buscavam voltar á pratica do cristianismo primitivo. Além dos lolardos, os protagonistas da verdadeira reforma inglesa são o humanista John Colet e seu discípulo Guilherme Tyndale, destacado humanista cristão, sacerdote, mártir, tradutor da Bíblia ao inglês partindo dos originais hebreu e grego, e se ajudou com a Septuaginta e a Bíblia de Lutero, mas usando pouco a tradução de Wycliffe, quem havia usado a Vulgata. Além disto, muitos dos escritos de Lutero se haviam difundido por todo o país, achando um terreno abonado, e de grande influência inclusive nas universidades de Oxford e Cambridge. No princípio, Henrique VIII se mostrou contrário à reforma luterana, por considerar herege. O curioso é que Henrique VIII, depois que em 1521 recebeu do papa Leão X o título de Defensor da Fé, tempos em que na Inglaterra os estudantes de teologia deviam renunciar abaixo juramento às doutrinas de Wycliffe, João Huss e Lutero, esse mesmo monarca em 1534, por conveniências particulares, rompe oficialmente com o papado, e estabelece a Igreja Católica da Inglaterra, declarando-se ele mesmo como cabeça da mesma, respaldado por um vigoroso nacionalismo que incitava à oposição à intervenção de um papa estrangeiro nos assuntos eclesiásticos e à maneira em que os representantes papais derrotavam as rendas do país nos luxuosos palácios de Roma e Avinhão. De tudo isto se aproveitou o quase absolutista Henrique VIII.Henrique VIII (1491-1547), se casou por conveniências políticas com Catarina de Aragon, filha dos reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel, e na ocasião viúva de seu irmão Arturo. Este matrimônio não era permitido pelas leis canônicas da época, mas obteve a autorização do papa Julio II. Eles tiveram vários filhos, mas somente sobreviveu Maria. Henrique anelava apaixonadamente um herdeiro masculino, e começou a questionar-se se não fosse castigo de parte de Deus por haver se casado com a viúva de seu irmão, dúvidas que aumentaram quando foi objeto de atrações mútuas com Ana Bolena, com a qual se casou secretamente, solicitando a anulação de seu matrimônio anterior. Tenhamos em conta que os nobres ingleses em sua maioria eram opostos à cúria romana, e Tomás Cranmer, arcebispo de Canterbury e quem pôs o fundamento para a teologia da igreja Anglicana, simpatizava com as doutrinas luteranas. Os grandes canonistas das principais universidades européias, consultados para o caso por conselho de Cranmer, consideraram nulo o matrimônio de Henrique e Catarina, mas o papa se negou a anulá-lo pelo fato de que Catarina era tia do Imperador Carlos V, quem era mais poderoso que o monarca inglês.A ruptura com Roma não se fez esperar. O parlamento inglês em 1534 aprovou certas leis que protocolizavam a ruptura e nomearam a Henrique VIII cabeça suprema da igreja na Inglaterra. Foi a época quando foram decapitados o humanista, pensador e bom cristão Sir Tomás More e outros, por não estar de acordo com os sucessos. Logicamente que o papa excomungou ao rei. No ano 1535, Henrique se pronunciou a si mesmo como "in terra supremum caput Anglacanæ ecclesiæ" ("a suprema cabeça da Igreja Anglicana"), e ato seguido o nome do papa foi apagado de todos os livros cultuais, ficando assim dono tanto do Estado como da igreja.Não é nossa intenção ao largo do livro aprofundar-nos em detalhes, mas é necessário deixar registrado que durante o resto do reinado de Henrique VIII, a história registra suas muitas vacilações em assuntos doutrinários, sua não aceitação às fundamentais doutrinas da Reforma, as múltiples execuções de quem não estiveram de acordo com seu proceder, proibição da leitura da Bíblia, seus posteriores divórcios e re-casamentos, decepcionando a todas as correntes doutrinárias da época.A Reforma na Inglaterra se estabeleceu definitivamente durante o reinado de sua filha Isabel I, cujo reinado as prisões foram abertas, revogados os exílios, honrada a leitura da Bíblia, a época mais gloriosa da história inglesa. A partir dessa época a Igreja Anglicana tomou a forma que tem permanecido até hoje, com uma paróquia real de tão somente 6% do povo; da nominal não temos conhecimentos. É importante registrar que o tormento e até sangrento desenvolvimento da Reforma na Inglaterra, deu origem a muitos grupos minoritários de radicais, que posteriormente foram as raízes de movimentos separatistas e a formação de grandes denominações, como o veremos logo.As missões anglicanas estabelecidas em território norte-americano, depois da guerra da independência sofreram uma transformação, pois em 1789 os anglicanos dos Estados Unidos se organizaram em uma denominação independente, a Igreja Protestante Episcopal.



A Paz de Westfalia
Depois dos movimentos reformistas dentro dos toldos católicos, a Igreja Católica Romana se pôs em marcha para reclamar os territórios europeus que havia perdido em favor do protestantismo. Um século depois de institucionalizada a Reforma protestante, em 1618, e por defender interesses, ambições e rivalidades mais políticos que religiosos dos reis, generais y aventureiros, o mesmo que os impulsos do nascente nacionalismo se desatam na Alemanha e logo em outros países europeus uma guerra conhecida historicamente como a Guerra dos Trinta AnosO catolicismo romano recupera alguns territórios que havia perdido, assim como paróquias, monastérios e bispados, mas não pode acabar com o protestantismo. Finalmente, mediante o tratado de Westfalia de 1648 se firma a paz, e se fixam os lindeiros tanto dos estados católico romanos como protestantes, e se concedeu às nações européias o direito a eleger religião. Registram-se muitas mudanças e se frustram muitas aspirações habituais na Europa medieval.Recorde-se que, como o temos mencionado no capítulo de Tiatira, os idealistas do sistema romano haviam dado por sensato que o papado estava chamado a dar cumprimento ao reino milenar e fundamentaram suas esperanças na formação de um Estado universal com duas cabeças, o papa romano e o Santo Império Romano, confundindo assim praticamente a igreja com o mundo; secularizando a igreja, ou "cristianizando" o mundo. Será cumprimento disto o frustrado milênio que inaugurarão as duas bestas de Apocalipses 13? Mas ao surgir a reforma protestante, e começar a passar a velha ordem que havia estado associado com o cristianismo apóstata, muitos despertam do ilusório sonho à objetiva realidade de que o mundo não se pode "cristianizar", e de que a igreja secularizada não pode substituir nem à legítima Igreja de Jesus Cristo, em sua manifestação verdadeira, nem ao escatológico reino milenar do Senhor. Poderá o mundo ser "cristão" em certas épocas mais que em outras?É perigoso confundir o mundo e o Estado com a Igreja. Sabemos que Deus saca a Sua Igreja do mundo; faz um exagorazo*(1), para que não se siga nem, confundindo com o mundo, nem siga de escrava dessa corrente mundana. É verdade que a Igreja tem influenciado no mundo, porque é a luz do mundo, o sal da terra; mas é difícil determinar até que medida o mundo se conforma às normas cristãs.
*(1) Cristo ao redimir-nos, nos tem sacado da praça de mercado (em grego, agora) de escravos. O mundo é a praça de mercado de onde nos tem sacado o Senhor.
*exagorazo: "comprar e retirar do mercado”

Como ladrão na noite

" Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. " (v.3).A igreja protestante reformada se caracteriza por receber ensinamentos em insignes centros educativos, grandes seminários e incontáveis institutos teológicos, porém mais em teoria e na letra que no espírito; letra sem vida, conhecimentos na mente, onde esses velhos odres não puderam conter o novo vinho. Mas, esses ensinamentos seriam os autênticos de Cristo? Tenhamos em conta que Tiatira inventou seu próprio ensinamento, e muito desses ensinamentos passou a Sardes. O que fazia a igreja primitiva? " E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. " (At. 2:42). Mas chegou o momento histórico em que a Igreja se esqueceu da doutrina dos apóstolos, e se perdeu a comunhão de Cristo, mas Sardes não a restaurou completamente; seguiu inventando coisas.Com a Reforma se iniciou um avivamento, mas suas características foram mais exteriores que uma vida espiritual autêntica. A este remanescente de refugiados de Tiatira se lhes elogia haver aceitado esses revolucionários ensinamentos, mas por quanto esses conhecimentos não foram fonte de vida espiritual, aquela boa obra ficou pela metade, não completaram o propósito que o Senhor tinha de recuperar e restaurar por completo Sua Igreja. A reação de Deus a esse statu quo não foi respaldada inteiramente pelos homens. Receberam muitos ensinamentos em seus intelectos, mas não chegaram a seus corações; então se considerava viva, mas estava morta. "Tem recebido todo o depósito, com todas suas exigências e privilégios, mas o tem prestes a acabar". Disse o irmão Rick Joyner: «Não procures ensinar a outros a fazer o que tu, por ti mesmo, não estás conseguindo. A reforma não é tão somente uma doutrina. A verdadeira reforma vem da união com o Salvador. Quando estás em jugo com Cristo, levando a carga que Ele te tem dado, Ele estará contigo e a levará por ti. Tão somente poderás fazer seu trabalho quando o estejas realizando com Ele, não só para Ele. Somente o Espírito pode gerar aquele que é Espírito. Se estás em jugo com Ele não farás nada a favor da política nem da história. Tudo o que faças por motivos de pressão política ou oportunidades te conduzirá ao fim de teu próprio ministério. As coisas que se fazem em um esforço por fazer a história, serão a melhor restrição de tuas colaborações à história e fracassarás em teu intento de impactar a eternidade. Se não vives o que pregas a outros, te desqualificas a ti mesmo do sumo chamado de Deus». (Rick Joyner. La Búsqueda Final. Whitaker House. U.S.A. 1997)
Em Sardes foram restauradas algumas coisas, mais nada em matéria eclesiológica, e a vida do Corpo. Não há autêntica vida espiritual quando não se vive corporativamente, pois Lutero pode haver definido à Igreja como a comunhão dos santos, mas no fundo houve confusão, e se seguiu pensando em um edifício, em uma instituição. Recorde-se que para Lutero, o governo e a organização externa da igreja eram relativos, adaptáveis ao tempo e às circunstancias; em troca Calvino e Bucero (ou Bucer) pensavam que a organização da igreja devia sujeitar-se aos ditados da Bíblia, o qual tem uma validez permanente.A Reforma foi fundamentada mais por "teologias" e "doutrinas", que pela Palavra de Deus. O teólogo com relativa facilidade pode inclinar-se a certas correntes doutrinais, devido a que com segurança tem sido formado de acordo com os critérios dominantes de algumas escolas de pensamento, com freqüências fechadas a distintas outras tendências e considerações teológicas, dificultando assim o correto e verdadeiro enfoque da sã exegese da palavra profética. Hoje se tem milhares de escolas para pastores e até para profetas, mas isso não garante que hajam sido escolhidos por Deus para pô-los como pastores e profetas, nenhum grau ou diploma autoriza a ninguém a ordenar a outro de pastor ou profeta.O Senhor veio edificar uma Igreja para sua glória, para que seja Sua morada, Seu templo. Com freqüência, as eventuais representações têm sido formais, tanto que tem desvirtuado a verdadeira orientação histórica que o Senhor se propôs dar-lhe a Sua única e amada Igreja. É apenas compreensível que quem não contenha ao Senhor, em primeira instância a nível individual e logo corporativamente, não pode representar correta e profeticamente.Se o Espírito Santo não vive no espírito do homem e Cristo não habita em seu coração, é muito difícil a edificação da Igreja debaixo dos parâmetros e requerimentos da Palavra de Deus. Quando em Efésios 3:17 diz, " e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé ", o verbo habitar, em grego katoikeo, acarreta a idéia de "sentir-se em casa" ou "possuir-se de". A Igreja é a santa casa de Cristo, é Seu lugar onde Ele, como Cabeça, é quem manda. Mas através da história as coisas tomaram um rumo diferente, e os homens começaram a desconhecer o Cabeça, o chefe da casa.O nível da Igreja começou a deslizar-se à morte dos apóstolos; o método divino se foi perdendo, até que ocorreu o matrimônio com o sistema político religioso do mundo; e por Séculos a cristandade esta tratando de servir a Deus usando métodos artificiais, meramente religiosos e de humana invenção, introduzindo e adotando fogo estranho, tomando prestadas liturgias e costumes do antigo judaísmo mescladas com os rituais de origem pagã de heresias babilônicas, egípcias, gregas e romanas, cristalizadas primeiro no sistema católico romano e transpassadas a sua vez, com alguns atenuantes, às igrejas cristãs nacionais européias, e posteriormente, com certas roupagens de ortodoxia bíblica, às grandes denominações protestantes; mais tarde se vislumbram alguns vestígios dessa nefasta herança nos sistemas congregacionais, tais como seu clericalismo, seus templos, altares, economia.O que acontecerá com as igrejas reformadas protestantes? Continuarão existindo até a eventual vinda do Senhor, mas a nível organizacional estão mortas, e se não vigiarem, virá o Senhor no momento em que menos o esperam; individualmente os irmãos de Sardes não têm a suficiente clareza sobre o tempo da vinda do Senhor, que os surpreenderá como ladrão, quando Ele eventualmente estiver se manifestando aos que o buscam, aos vencedores. Em comparação com Filadélfia, para Sardes a vinda do Senhor será tão repentina e em uma hora em que ninguém em Sardes saberá, e será tão dramático, que o Senhor lhes diz que os surpreenderá como ladrão na noite. Para Sardes a vinda do Senhor os tomará por surpresa, assim como foi tomada por surpresa a cidade em duas ocasiões: primeiro por Ciro o Grande, o persa, no ano 549 a. de C., e depois por Antíoco III o Grande em 218 a. DC., apesar de que estavam confiantes, não estavam em vigilância, porque Sardes estava construída sobre uma colina cujos lados caiam perpendicularmente sobre a planície; e por último foi destruída por um terremoto no ano 17 DC., ainda foi reconstruída em 273. Mas o curioso é que o mesmo anuncio o tem o Senhor para o mundo que não lhe conhece. Sardes, se não se arrepende, é reduzida à condição de mundo. Meditemos no seguinte texto de 1ª Tessalonicenses 5:1-6:" 1 Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva;2 pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.3 Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão.4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa;5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas.6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. ".O que significa os versículos anteriores? Que necessitas estar totalmente preparado antes que chegue esse acontecimento. É necessário que sejas um vencedor, que conheça em quais dias vives, o tempo profético do Senhor, para que aquele dia não te surpreenda como ladrão. Podes ler a carta à Filadélfia com atenção e verás que na adequada restauração do Senhor as coisas são diferentes.

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