A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

IV - Tiatira ( 1ª Parte )

Capítulo IV
T I A T I R A
(1a. parte)

SINOPSE DE TIATIRA

Fundamentos da grande prostituta
a torre alta babilônica e o catolicismo romano - Jezabel, um tipo da grande prostituta neotestamentaria - Exponentes dos vencedores de Tiatira: Madame Guyón, Fénelon, João Tauler, Luis de Molina - O fermento da mulher dominante - A idolátrica Babilônia a grande.

Consolidação do catolicismo romano
O cesaropapismo - As fraudes píos e a feudalização do papado e do alto clero romano - Hildebrando e o zênite do papado - Paradoxos do papado romano - A inquisição - O Índice - Os Jesuítas.

Grandes figuras do escolasticismo medieval
Anselmo - Pedro Abelardo - Hugo de San Víctor - Pedro Lombardo - Boaventura - Alberto Magno - Tomás de Aquino - João Duns Escoto - Guillerme de Occam.

Comercio de almas de homens da grande prostituta
As indulgências e os castigos temporais no "purgatório" - A tesouraria da igreja - O juízo da grande prostituta - As profundezas de Satanás.

Os pré-reformadores
Francisco de Assis - Pedro de Bruys - Henrique de Lausana - Arnaldo de Brescia - Os Valdenses - João Wicliffe - João Huss - Jerônimo Savonarola.

Os vencedores de Tiatira
Quarta recompensa: O Senhor lhes dará autoridade sobre as nações durante o reino milenar e governarão com Cristo. Tem alguma relação com os vencedores que estão tipificados no filho varão de Apocalipse 12.

A CARTA À TIATIRA.
"18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido:19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. 20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. 21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição. 22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. 23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras. 24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; 25 tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha. 26 Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, 27 e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro;
28 assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.
29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Ap. 2:18-29).

Torre alta
A quarta das cartas de Apocalipse é enviada à igreja na localidade de Tiatira, a qual relacionamos com o período profético que se inicia no alvorecer da Idade Média, cujo ponto de partida se associa com a queda de Roma no ano 476; mas de acordo com o contexto da carta, este período continuará existindo simultaneamente com os últimos três, até o tempo do retorno do Senhor, e prefigura à Igreja Católica Romana. Nos períodos anteriores, aos de Esmirna e Pérgamo, não existia o sistema católico romano. A Igreja de Jesus Cristo era católica no sentido de universal, mas esse catolicismo da Igreja não tinha nenhuma relação com o romano. A cidade de Tiatira foi fundada por Seleuco I Nicátor (355-280), um dos quatro generais e sucessores de Alexandre Magno, os que posteriormente e à morte do macedônio dividiram o grande império grego. Nesse mesmo lugar atualmente está localizada a cidade turca de Akhisar. Tiatira era uma cidade localizada também na Ásia Menor, conhecida e famosa por ser um centro de numerosos grêmios de artesãos, com a particularidade de que cada grêmio tinha seus deuses protetores, aos quais lhes celebravam festas em determinadas datas, mediante libações ou comidas de rituais, e de acordo com os costumes pagãs, os ofertantes consumiam a carne oferecida em sacrifício a esses deuses. A palavra Tiatira em grego significa torre alta, torre fortificada, o que nos diz que depois que a Igreja se casou com o mundo e o poder político do Estado, foi exaltada a uma elevada posição, e o mundo começou a vê-la como uma torre alta, e como tal começou a ser reverenciada e acatada pelo inconstante mundo. O Império Romano se "cristianizou" e todo esse acervo religioso pagão mundial que havia herdado o Império desde suas origens na Babilônia, passando pelo Egito, Assíria e Grécia, se mesclou em Roma com a terminologia cristã, e a simbiose do paganismo com o cristianismo e com o judaísmo começou definitivamente a conceber o sistema católico-romano-papista, o que gerou sérios problemas. Também a palavra Tiatira em grego significa sacrifício aromático ou sacrifício continuo. Também significa atividade no oferecimento de vítimas, pois como é de comum conhecimento, o apóstata sistema católico se caracteriza por seus contínuos sacrifícios representados nas missas, com altar e casta sacerdotal, pois chegaram a ignorar que o sacrifício de Cristo na cruz foi suficiente para nos salvar (Hb. 10:12)." Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: " (v.18).Aqui o Senhor se apresenta como o filho de Deus como um protesto pela heresia apóstata, pois o sistema católico romano enfatiza o fato de que Cristo é filho de Maria; e por outro lado esse sistema eleva a Maria tão exageradamente, que dá a imprensão que dão maior importância a adoração à uma criatura como ela, que ao Senhor, Salvador dela (cfr. Lucas 1:47) e nosso; como em uma velada intenção de eclipsar um pouco a glória devida ao Senhor. No Magníficat, Maria o expressa profeticamente de seus próprios lábios ao dizer: "Minha alma engrandece ao Senhor;e meu espírito se alegra em Deus meu Salvador". Também o sistema católico romano diz que a Igreja está edificada sobre Pedro, um simples humano, descartando assim à verdadeira Cabeça, a Cristo, o Filho do Deus vivente, revelado pelo Pai a toda pessoa destinada para salvação. Assim mesmo o Senhor se apresenta como o que tem olhos como chama de fogo, e pés semelhantes ao bronze polido, pois o Senhor tem o poder da visibilidade de penetrar até as coisas mais ocultas, e de fato conhece e distingue todas as coisas, por muito remotas que pareçam estar no tempo, no espaço, ou no profundo dos pensamentos e segredos e intenções do coração. Em Pérgamo se apresenta como o que tem a espada afiada de dois gumes, isto é para dividir uma virtual e desafortunada união de Sua Igreja com o mundo, mas em Tiatira usa os olhos como chama de fogo para julgar e queimar as conseqüências dessa união. Seus pés de bronze polido falam de que o Senhor é o juiz, e tudo o que vai olhando e condenando com seus olhos, com seus pés se presta para executar juízo e pisotear. Recorde-se que temos de comparecer ante o tribunal de Cristo, a quem " foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos. " (cfr. Romanos 14:10; Atos 10:42b). O Senhor tem todo o poder, autoridade e soberania sobre todas as criaturas para executar o que Ele quer, Quando Ele quiser, e esta igreja apóstata necessita ser julgada por Seus olhos esquadrinhadores e Seus pés que esmagam.

Obras na apostasia
" Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras. " (v.19).
O apóstata sistema católico romano se distingue também porque leva à prática muitas obras e serviços de caráter social, principalmente nos últimos tempos. E de fato há gente abnegada que têm dado por amor a suprir as necessidades dos demais. Para muitos pode parecer incrível, mas neste corrupto sistema religioso têm havido sempre, mesmo hoje, um pequeno remanescente que também foi escolhido desde antes da fundação do mundo para ser salvo, e que se tem encarregado de executar muitas obras boas porque realmente tem conhecido a Deus, e além da Palavra de Deus, a mesma história têm dado fé disto. Em Tiatira podemos discernir um nível espiritual. Ainda que seja um sistema eclesiástico condenado e aborrecido pelo Senhor, entretanto, dentro de tal sistema há filhos de Deus ali mesclados e os haverá até o tempo da vinda do Senhor, e por isso há uma incitação do Senhor para os irmãos que estão dentro do sistema católico romano, e mesmo dentro dos sistemas religiosos evangélicos denominacionais dele derivados, até o ponto que Deus os compara com Babilônia. O Senhor lhes disse: "Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos;" (Ap. 18:4). A esses santos Deus os ama e deseja salva-los das conseqüências que sobrevenham pelo fermento da maldade do sistema babilônico. A multidão dos adeptos ao sistema católico romano são ignorantes acerca da Palabra de Deus e mesmo do sistema religioso no qual militam; ignoram por completo o caminho de salvação; não sabem quem é Jesus Cristo, e estão imersos em um mar de confusões, e os líderes desse sistema o sabem perfeitamente. O dia em que qualquer de seus seguidores começarem a opinar conforme as Escrituras, o apelidam de desviado mental, o perseguem, e o maldizem muitas vezes até a morte. Na Idade Média, por exemplo, era tanto o desconhecimento da Palavra de Deus e a fé em Jesus Cristo, que a vida religiosa dos paroquianos se caracterizava em sujeitar-se aos cânones do romanismo, os quais enfatizavam como pecaminoso os impulsos sensuais naturais. Dai que vieram no monasticismo, humanamente e sem levar em conta a Deus, o estado de perfeição e de santificação ideal. Mas ali existe um remanescente de boa fé, fiel ao Senhor. Nesse pequeno remanescente deu fruto o amor, a fé, o serviço, a paciência, em pessoas como Joana de la Mothe Guyón, mais conhecida como Madame Guyon (1648-1717), mística francesa que iniciou na França o movimento pietista, e a causa de sua fé foi objeto de perseguição e prisão em sua mesma pátria (foi encarcerada na Bastilha pelo rei Luis XIV), e se caracterizou por sua copiosa calma e resignação. Apesar de que a apelidaram de herege, e que o papa censurou a Fénelom por sua causa, esta filha de Deus não chegou a se separar do catolicismo romano. Em quanto Francisco de Salignac Fénelon (1675-1715), foi um eclesiástico jesuíta francês educado na Universidade de Cahors; havendo sido tutor do neto de Luis XIV, perdeu o favor do rei como conseqüência de sua relação com os pietistas seguidores de Madame Guyon. A vida santa e o testemunho de Madame Guyon tiveram profunda influência sobre Fénelon. Apesar do anterior não abandonou o sistema católico romano, e, pelo contrário, na controvérsia jansenista, esteve em favor do papa defendendo sua bula Unigenitus através de cartas e sermões. Outro digno de menção é João Tauler ou Taulero (1290-1361), domenico alemão profundamente influenciado por seu mestre João Eckhart. Mesmo que não se destacou como grande erudito, gozou de popularidade por sua linguagem simples e sincera, o que despertava muito entusiasmo entre os ouvintes. Afirmava que os cristãos devem exercer seu próprio sacerdócio uma vez que Jesus Cristo mora no coração do crente. Há uma anedota que diz que Tauler exerceu tal influência sobre Lutero, que este lhe escreveu a seu amigo Spalatino, dizendo: "Se queres aprender na língua alemã a sólida teologia dos tempos primitivos, lê os sermões de João Tauler. Não havia lido em latim nem em nenhum outro idioma, a teologia mais judiciosa nem mais de acordo com o Evangelho". Irmãos como estes três exemplos tem havido muitos de boa fé no sistema católico romano, e há. Nomes como Luis de Molina (1535-1600), cuja teologia, conhecida como molinismo, lutava com o problema de como conciliar a graça e o inalterável decreto da predestinação com o livre arbítrio; teologia à qual aderiam muitos dos jesuítas, entre eles Roberto Belarmino (1542-1621), mais tarde cardeal, sobrinho de um papa. Miguel de Molinos (1628-1696), teólogo espanhol, de família da nobreza. Residenciado em Roma se fez amigo do papa Inocêncio XI quem chegou a condenar sua obra "Guia Espiritual" por seus princípios quietistas, doutrina chamada também molinosismo, por meio da qual aconselhava a suspensão de toda atividade humana e o abandono em Deus; promovendo assim a aniquilação da própria vontade.

Mulher dominante
"Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. " (v.20).A palavra Tiatira também significa mulher dominante. Se começa a delimitar um contraste entre a Esposa do Cordeiro que aparece em Apocalipse 19 e a prostituta, a que lhe foi infiel, de Apocalipse 17 e 18. O Senhor menciona aqui a uma mulher chamada Jezabel, que se diz profetisa, mas seu labor se reduz a ensinar e seduzir aos santos a fornicar e a comer coisas sacrificadas aos ídolos, e o pior é que é tolerada pelos cristãos. De que se trata? Na igreja da localidade de Tiatira pode ter havido uma mulher que ela mesma se fazia aparecer como profetiza, de grande influência chamada Jezabel, que tanto por seu nome como por suas atividades coincidira com a Jezabel protótipo do Antigo Testamento e prefigurara a si mesmo com a igreja apóstata. O nome de Jezabel significa desonesta, perjura. Com ela se cristaliza a maridagem idolatria-Estado. Mas concretizando-nos em nossa analise, em primeiro lugar vemos que os ensinamentos de Jezabel são muito parecidos (e como uma continuação) aos de Balaão, mas sua influência têm sido mais grave, devido a que Balaão somente podia aconselhar, enquanto que Jezabel também tinha poder para ordenar, por sua autoridade de rainha. É curioso que em Tiatira estava o famoso "Peribolé" (recinto), residência da sibila oriental Sambata, o qual pode ter sua simbologia com a Jezabel e os cultos e banquetes idolátricos, que comprometiam e contaminavam a muitos crentes. O Antigo Testamento registra em suas páginas a vida e obra de uma mulher chamada Jezabel, filha de Et-baal, rei de Sidom, com a qual se uniu em matrimônio Acabe, rei de Israel, ao invés de haver tomado por mulher a uma hebréia; por esta ação, Acabe, deixou de adorar a Jeová por servir a Baal e adora-lo 3. Mas Acabe foi mais longe " 32 Levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria.33 Também Acabe fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu mais abominações para irritar ao SENHOR, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele. " (1 Re. 16:32,33). O pecado de Acabe foi mais grave que o de Jeroboão, ao estimular ao povo a adorar a um deus estranho. Jezabel, como rainha que era, incitava a Acabe (cfr. 1 Reis 21:25), e tinha oportunidades e estava revestida de direitos para influenciar no governo do povo de Deus, de acordo com sua soberana e perversa vontade. Jezabel, mulher de natureza autoritária, instruía ao povo na prática de obras abomináveis e a comer do sacrificado aos ídolos, sem que nada a ousasse resistir. Julgue o leitor a situação da igreja de Tiatira, ante uma mulher culta, influente, rica, de ilustre linhagem, sagaz, a igreja se encheu de temor de repreender a um membro tão ilustre, e quando ela se rodeou de incondicionais, a coisa se fez mais difícil ainda, e houve o pecado da permissão. Isto o relaciona com a profecia do Senhor acerca desta mulher na parábola do fermento. " Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado." (Mt. 13:33).Com maior ênfase no sistema católico romano, esta parábola reflete a corrupção interior da atual e desfigurada aparência do reino dos céus na terra, durante a ausência do Rei, porque Cristo é a oferta de farinha pura, mas ao contrário o fermento representa as doutrinas falsas, a hipocrisia, os que dizem professar a autêntica fé e procedem impiamente, os que ensinam falsamente o cristianismo; também representa a malícia e o pecado (cfr. Mateus 16:6,11.12; 1 Coríntios 5:6-8; Gálatas 5:8,9). A Igreja, como a manifestação prática do reino dos céus hoje, tem a flor de farinha sem fermento, que é Cristo, mas essa mulher, que é o sistema católico romano e os sistemas religiosos nacionalistas que dele se derivam e mesmo os posteriores movimentos denominacionais, escondeu o fermento, em modo oculto, na farinha, introduzindo na Igreja práticas pagãs, heresias e perversidades, mesclando abominações com coisas procedentes de Deus, de tal modo que os puros ensinamentos bíblicos acerca de Cristo foram levedados, resultando uma aparência do reino dos céus. Jezabel combinava astutamente o uso carismático (profético) com a idolatria e a fornicação, uma perigosa e explosiva mescla de dons e impiedades. A Igreja Católica Romana, como Jezabel, se autodenomina profetiza, com pretensões de haver recebido de Deus a autoridade de falar pelo Senhor, com o resultado de que se adotou o direito de falar por si mesma, de ter o monopólio do ensinamento e interpretação da Palavra de Deus, o qual tem feito que as pessoas não se interessem por ler a Bíblia e se contentem com escutar seus filosóficos - heréticos ensinamentos humanos e, de passo, deixar de alimentar-se com o apropriado conhecimento de Cristo. Vemos então que a união matrimonial de Acabe com uma idólatra gentia deu como resultado que se fomentara oficialmente o imoral culto a Baal, deus do raio, da tempestade, da chuva e da fertilidade no Panteon cananeu e fenício. Por quê? Porque sua mulher era uma adoradora fanática desse ídolo satânico e ele queria agradá-la. Isto levou a Israel a uma aguda crise nacional, confusão, perseguição e sincretismo religioso; o povo de Deus comendo o sacrificado aos demônios; que em seu momento muitos israelitas puderam haver visto normal e até lógico, mas que na perspectiva profética bíblica não era senão um repúdio a Yahveh. Ali a fornicação significa confusão. Chegou o momento crucial em que quem mandava em Israel era uma mulher estrangeira, que, além disso, era idólatra, prostituta e feiticeira (cfr. 2 Reis 9:22), que pretendeu apagar do povo escolhido a adoração a Deus, seduzindo aos que deixaram os mandamentos de Yahveh e se esqueceram até do mesmo nome do Altíssimo, até o ponto que, quando o profeta Elias enfrentou os quatrocentos profetas de Baal, valentemente disse a todo o povo: "Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu." (1 Re. 18:21). Mas havia tanto temor e confusão no povo, que a Bíblia diz que não responderam nenhuma palabra. Jezabel matava aos profetas de Deus. Mas Deus respondeu poderosamente e através de Elias demonstrou que precisamente na esfera onde criam que Baal era mais poderoso (o raio, a chuva), ali fracassaram estrondosamente seus seguidores. Jezabel teve o poder de dominar a seu esposo, assim como a igreja apóstata tem tratado de dominar aos reis e ao mundo inteiro mediante a política e os concordatos favoráveis; É como dizer, que todo o que Cristo rejeitou quando foi tentado no deserto, foi aceito pela igreja prostituta. Nas cartas de Apocalipse, o diabo é mencionado em um avanço sutil para destruir a Igreja. Em Esmirna, Satanás operava desde a sinagoga; em Pérgamo desde seu trono no templo de Zeus, e em Tiatira, já havia estabelecido sua sede de operações dentro da mesma Igreja. Tenha-se em conta que a mulher de Mateus l3:33, Apocalipse 2:20 e Apocalipse 17 é a mesma. Esse é o ponto principal da carta à igreja em Tiatira.

Babilônia a grande
" Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição." (v.21).A Jezabel neotestamentária era muito orgulhosa para arrepender-se, não obstante que o Senhor lhe deu tempo para que se arrependa, rejeitando assim o único caminho possível para salvar a ela e a todos os seus seguidores. A Igreja de Jesus Cristo é tipificada por uma mulher, a Esposa do Cordeiro, a Nova Jerusalém (Ef. 5:22-32; Ap. 19:7-9; 21:9,19), mas há outra mulher dominante que têm sido infiel ao Senhor, que a Palavra de Deus chama "um mistério: BABILÔNIA, A GRANDE, A MÃE DAS MERETRIZES E DAS ABOMINAÇÕES DA TERRA." (Ap. 17:5). Essa mulher quando se casou com o mundo deixou de ser Jerusalém para converter-se em Babilônia, o sistema católico romano; mas houve tanta habilidade e engenho satânicos para mesclar o paganismo babilônico com o cristianismo, que a Bíblia chama a esse novo sistema um mistério, e é a mesma Jezabel do tempo da graça, porque se têm encarregado de introduzir no povo de Deus muita confusão, indiferença, ignorância, sincretismo, culto idolátrico e práticas imorais. Essa mulher se chama profetisa e tem adotado o direito de ser a única que tem a autoridade de ensinar e interpretar as Escrituras, com o resultado de que impõe suas próprias espúrias e destorcidas doutrinas, invalidando e contradizendo as Escrituras Sagradas. Ela se encarrega de ensinar e não deixar que Deus fale (cfr. João 5:39; 16:13). Somente ela pretende ter a razão e a verdade. Não vai se arrepender, e se sabe que será destruída sem que haja se arrependido, como sucedeu a Jezabel. Na Idade Média houve um largo tempo em que a Bíblia foi um livro proibido pelo cesaropapado, e só podia ser adquirido e interpretado por uma augusta elite do Vaticano, afim de acomodar as coisas aos interesses do sistema da prostituta. Em sua obra a Cidade de Deus, Agostinho expressa dramaticamente a clara distinção traçada entre a cidade do mundo e a cidade de Deus, pontos de vista em sua oportunidade apreciados pelos cristãos fiéis ao Senhor e Seus propósitos.Para fins do século quinto, o sistema católico romano e o Império estavam tão intimamente associados, compenetrados entre si, que o selo que o Império havia impresso nesse sistema religioso já era indelével, e quando o Império Romano do Ocidente se desagregou, o catolicismo romano reteve muitos de seus traços, estrutura e organização externa e em muitos sentidos perpetuando as características da Roma pré-cristã até hoje. Mais que com um governo estatal e simples sistema político e suas vinculações econômicas, o cristianismo desertor e infiel se mesclou em suas raízes com o sistema religioso babilônico, formando-se à larga o cesaropapismo com o sumo pontífice à cabeça, como continuação de uma das pernas de ferro do último dos quatro grandes impérios mundiais revelados por Deus ao rei Nabucodonosor na Babilônia (cfr. Daniel 2:33,40).Essa férrea união gerou sérios compromissos com o príncipe deste mundo. Como quais? Um deles foi a continuação do paganismo babilônico, a contemporização e o fomento da idolatria e a adoração à rainha do céu, a deusa-mãe, e sua corte. Existia a rainha do céu desde os tempos babilônicos? Sim, se chamava Istar, e todas as culturas desde muitos séculos antes de Cristo adoravam à divina mãe, a mãe e a seu filho, representada com um menino nos braços. Por exemplo, No Egito a chamavam Isis, entre os cananeus Astarote e Astarte, na Alemanha Hertha, na Ásia Cibele, em Éfeso Diana, em Roma Vênus ou Fortuna, na Grécia Afrodite ou Ceres, etc... O que fez o sistema católico romano? Introduziu a adoração à rainha do céu e outros deuses estranhos com uma pequena modificação, mudando-lhe o nome. À rainha do céu chamou inicialmente Maria, e aos demais deuses, ídolos ou estátuas, lhes chamaram "santos". Por exemplo, a estátua do deus Júpiter em Roma, cuja figura é de cor obscura, foi retocada e colocada na catedral de São Pedro em Roma (com uma mitra dourada sobre sua cabeça, cuja figura (uma cabeça de peixe) é diferente à usada por Arão e os sacerdotes hebreus), em qualidade de ídolo do apóstolo Pedro. Não há evidência bíblica que acredite que Jesus Cristo e os apóstolos usaram este ornamento, que pelo desenho que atualmente usam os papas, cardeais e bispos, corresponde a uma prenda pagã do deus peixe babilônico, conhecido por Ormuz ou Dagom. Assim como a cidade de Tiatira era conhecida e famosa porque nela cada grêmio tinha seus deuses protetores, aos quais lhes celebravam festas em determinadas datas, mediante libações ou comidas de rituais, assim também no período profético de Tiatira, do cristianismo apóstata, se perpetuaram esses rituais pagãos a "santos" patronos dos grêmios; por exemplo, São José, patrono dos obreiros, São Cristóvão, patrono dos motoristas, São Rafael, patrono dos médicos, etc... Temos o exemplo de Éfeso, cidade na qual parte da adoração tributada a Diana foi transferida à virgem Maria, cidade onde ao que parece viveu e morreu Maria, por haver sido encomendada ao apóstolo João. O sincretismo universal que têm caracterizado ao paganismo com seu politeísmo, aparentemente se foi apagando e dando passo ao monoteísmo judeu e cristão; mas esse é apenas uma mera aparência. Assim as massas chamadas "cristãs" no Ocidente, jamais deixaram o politeísmo. Apesar da substituição de uma religião por outra, o sincretismo é o mesmo; as nações adoram os mesmos deuses antigos, disfarçados de divindades com nomes "cristãos".Tolerar que prevaleçam estes ensinamentos têm trazido fracassos e graves conseqüências aos cristãos de Tiatira, e o pior é que haverá crentes na condição de Tiatira que serão achados assim na grande tribulação. A idolatria gera confusão e tragédia, cegueira espiritual e muitos males. Desde os tempos antigos, Deus proibiu por abominável a adoração à rainha do céu e a todo o exército do céu, e admoesta a seu povo por meio de seus profetas. Por exemplo, Jeremias lhes disse: "18 Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à Rainha dos Céus; e oferecem libações a outros deuses, para me provocarem à ira.
19 Acaso, é a mim que eles provocam à ira, diz o SENHOR, e não, antes, a si mesmos, para a sua própria vergonha? " (Jr. 7:18-19). O povo hebreu por sua idolatria provocou a ira de Deus, e Jerusalém, símbolo do templo de Deus, foi destruída; os judeus foram levados durante setenta anos cativos à Babilônia, por contraste ao covil de demônios. Foi assim como a verdade revelada por Deus aos judeus paulatinamente se mesclou na Babilônia com a religião pagã que se havia originado em Babel; houve assim uma associação entre algumas crenças dos hebreus, certas tradições herméticas *(1) egípcias (recorde-se que os hebreus viveram 400 anos no Egito) e as teurgias caldéias, dando origem à chamada Cabala, escola de pensamento judeu que se prestou ao misticismo e à especulação teológica e filosófica, e mais tarde, com a mescla das correntes filosóficas gregas, surge o gnosticismo e vários ramos de ocultismo e esoterismo sincretista, alimentados por religiões de tipo oriental. Assim mesmo se diz que a Igreja em parte têm estado em cativeiro na Babilônia, na cidade terrena.
*(1) De hermetismo. Hermes Trimegisto era o deus greco-egipcio condutor das almas dos mortos; no Egito o tinham pelo inventor de todas as ciências, cujos segredos guardava encerrados em livros misteriosos.
O princípio desse cativeiro teve ocasião no período de Pérgamo, e o sistema babilônico se disfarçou de cristianismo em Roma. Do povo hebreu em cativeiro, Deus chamou a um pequeno remanescente para que voltassem à Terra Santa para reconstruir a cidade de Jerusalém e ao templo nos tempos de Zorobabel, Neemias, Esdras, Zacarias. Depois de mil anos de cativeiro na Roma cesaropapista, o Senhor também começou a chamar a outro pequeno remanescente a fim de recuperar todas as coisas que se haviam perdido e continuar a construção do templo de Deus, como o veremos nos próximos capítulos.

Raízes do cesaropapismo
Não existe registro documental e normativo algum em que conste que o Senhor dera instruções a fim de que, para que se perpetuasse Seus ensinamentos, quando Ele ascendesse ao Pai e viesse o outro Consolador, o Espírito Santo, se instituísse uma organização visível que viesse a continuar através dos séculos, ao estilo e com as características das que séculos mais tarde surgiram, em especial nas capitais do Império Romano, tanto do Ocidente, Roma, como do Oriente, Constantinopla; e suas posteriores filhas e herdeiras; organizações, muitas delas, iniciadas por homens que amavam a obra do Senhor, mas que eventual e paulatinamente foram hierarquizadas por homens ébrios de poder e riquezas terrenas, mais carentes das riquezas dos céus; em contraste com nosso amado Senhor, quem evitava a todo custo toda ostentação de Seus poderes, a fim de não chamar a atenção sobre Si mesmo, e que quando decidiu eleger a Seus mais íntimos amigos, evitou escolher entre os grandes do Sinédrio, senão que o fez entre os homens das humildes sendas da vida no advir da peregrinação por esta terra, ou dos mais modestos estratos sociais, como se lhe chamaria hoje.Quem formulou pela primeira vez de maneira rigorosa a doutrina do primado romano foi o bispo romano Damaso (366-384), baseado em uma interpretação errônea das palavras do Senhor, Tu és Pedro, de Mateus 16:18. É preciso fazer ênfase às palavras do Senhor em resposta a Pedro no capítulo 16 do evangelho segundo Mateus. De acordo com o contexto, o Senhor se interessou por saber o que seus discípulos diziam acerca de quem era Ele. No verso 16, a uma pergunta do Senhor a respeito, Pedro lhe responde: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo", frase esta que pode ver-se escrita em gigantescos caracteres em latim ao redor da cúpula da basílica de São Pedro no Vaticano, com o argumento de que Pedro foi a primeira cabeça da Igreja, e em conseqüência, seus pretendidos sucessores, os papas romanos, deveriam continuar sua autoridade. É peremptório esclarecer que a frase afirmativa de Pedro é uma revelação que lhe faz o mesmo Pai celestial acerca da personalidade e identidade do Senhor Jesus Cristo, pois o mesmo Senhor Jesus o confirma quando lhe diz: "Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus." (v.17).Mas na continuação aparece uma declaração do Senhor que têm dado pé a certas especulações por parte do papado romano. O Senhor segue dizendo a Pedro nos versos 18 e 19: " 18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.". É néscio e sem fundamento bíblico dizer que Jesus fundou sua Igreja sobre Pedro, ou sobre algum outro homem. Para que uma pessoa, qualquer, douta ou ignorante, conheça quem é o Senhor Jesus Cristo, o único meio possível é por revelação de Deus o Pai. Da declaração da pessoa a respeito de Cristo, depende que seja ou não um filho de Deus, integrante da Igreja do Senhor. Essa confissão é a rocha. Eu sou para ti o Cristo, o Salvador, então tu és uma pedra da casa de Deus, a Igreja. Deus edifica Sua Igreja com todas essas pedras vivas, os que têm crido e confessado que Jesus é o Cristo, o Salvador, sendo a principal pedra de ângulo Jesus Cristo mesmo, não um homem. Graças ao Senhor, que prevendo tudo o que viria, o Espírito Santo inspirou ao apóstolo Pedro para que assinalasse que Cristo é a pedra angular de Seu templo, a Igreja, quando diz em 1 Pedro 2:4-8:" 4 Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, 5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. 6 Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 7 Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular 8 e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.".Em Mateus, o Senhor usa as palavras Pedro e pedra (em grego Petros e petra). Pedro (petra, πετρα), como o resto de crentes, por sua declaração é constituído uma pedra viva na edificação espiritual; mas o que têm declarado, que o Senhor Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivente, é a pedra angular, a rocha (petros, πετροζ), sobre a qual está fundamentada a Igreja. A Igreja se constrói sobre a pessoa do Senhor Jesus Cristo, com os que, a igual a Pedro, confessam ao Senhor. Paulo também o ratifica em Efésios 2:20-22, assim: "20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; 21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, 22 no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.".Não chegamos a analisar o verso 19 de Mateus 16, mas o significado exegético do mesmo não dá fundamento, nem sequer o insinua, para afirmar que havia na história uma série de sucessores aos quais o apóstolo Pedro tivesse autoridade para transmitir o poder das chaves. Esse encargo foi de tipo pessoal e intransmissível e Pedro o exerceu para abrir o caminho da salvação e do Reino, primeiro aos judeus em Jerusalém no dia de Pentecostes (Atos 2), e logo aos gentios em Cesaréia na casa do centurião Cornélio (Atos 10), e essas portas ainda não se têm fechado, como o confirma Paulo anos mais tarde (ao redor de 61 D. C.) aos efésios: "...18 porque, por ele( Cristo ), ambos( judeus e Gentios ) temos acesso ao Pai em um Espírito." (Ef. 2:18).Na mesma noite em que foi preso, o Senhor Jesus orou ao Pai, dizendo: "20 Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; 21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste." (João 17:20-21). Estas discentes palavras nos dão a entender que o Senhor quer em sua Igreja um companheirismo estreito, e contínuo através do tempo e a distância, sem especificar que estrutura visível teria a Igreja. As características estruturais pelas que o Espírito Santo orientou à Igreja do Senhor, são as que se encontram nas páginas do livro dos Atos dos Apóstolos, as epístolas dos apóstolos Paulo, Pedro e João, Hebreus e o livro do Apocalipse, tudo no marco da igualdade, do amor e a comunhão do Espírito Santo. A raiz da morte do Senhor, Sua gloriosa ressurreição, ascensão e a vinda do Espírito Santo, se cristalizou um companheirismo e igualdade entre Seus discípulos, e isso se chamou Igreja, a Igreja de Jesus Cristo, a qual é Seu corpo e Ele é o Cabeça. A Palavra descarta que um homem seja a cabeça da Igreja. "20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,, 22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja,23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas. 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito." (Ef. 1:20,22,23; 5:27).Sobre a passagem bíblica que registram as palavras do Senhor: "E Eu também te digo, que tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei minha igreja", há outra interpretação que diz: "Se Cristo quisesse dizer que Sua Igreja ia estar fundada sobre Pedro, por que não disse: ‘sobre ti edificarei minha igreja’? tal como diretamente o fez quando chamou a cada um dos apóstolos, ‘vem, segue-me’. Caso se houvesse referido a Pedro, certamente haveria dito: Pedro, edificarei minha igreja sobre ti, da mesma maneira que lhe disse: ‘A ti darei as chaves’. Não, não era sobre a cabeça de Pedro, senão sobre a confissão que acabava de fazer sobre onde ia fundar a Igreja. Não sobre o instável Pedro (que o negou três vezes antes de que cantara o galo; também era judaizante, que recebeu repreensão do Senhor quando lhe disse: Aparta-te de mim, Satanás; e irascível, por haver cortado a orelha do servo do sumo sacerdote), senão sobre aquela poderosa verdade que o Pai lhe havia revelado". (Jaime Beltrán Zuccardi. Carta ao Sacerdote Alfonso Llano Escobar. 1997). Na mesma carta aos Efésios, Paulo nos diz que a Igreja é formada tanto por judeus como por gentios, todos membros da família de Deus, servos de Jesus Cristo, sem distinção de raças, nacionalidade, fundo cultural, sexo, liberdade, servidão, sem barreiras ocasionadas por línguas ou distinção política. Desde o princípio do século IV, o melhor, através de um lento desenvolvimento histórico cujas raízes encontramos antes dessa data, mas que tomou maior força com a aparição de Constantino no concerto histórico do Império, se veio operando um desenvolvimento doutrinal paralelo com um processo institucional gerando um sistema eclesiástico centralizado em torno ao bispo de Roma, com grande influência no Ocidente e cada dia mais livre da tutela imperial. A primazia de honra do bispo de Roma e seu título e poder temporal pontifício, não veio necessariamente do evangelho senão da organização eclesiástica que havia sido copiada das instituições político religiosas do Império Romano. A legislação pontifícia se inicia com os decretos do bispo de Roma Sirício (384-399), reclamando jurisdição universal, pois no século IV o bispo tomou o caráter de papa, mas não foi reconhecido; mas com Damaso o papado dá uma virada importante, pois ele assumiu o antigo título romano de Pontifex Maximus, alto sacerdote oficial dos mistérios babilônicos, reconhecido tanto por pagãos e cristãos como o cabeça, herdado até o dia de hoje por todos os papas, título do qual se havia despojado o imperador Graciano no ano 375, quando com motivo de sua conversão ao Senhor Jesus Cristo, teve discernimento de que esse título era de origem satânica. Quando o papa romano recebeu o título babilônico de Sumo Pontífice, recebeu a liderança sobre todo o paganismo. O papa Inocêncio I (401-417) propôs uma política de centralização jurisdicional do primado, mas não foi senão até o ano 445, em tempos de Leão I o Grande (440-46l), em que o imperador Valentiniano III estabeleceu a supremacia de Roma, por razão de que este bispo ocupava "o primado de São Pedro", sobre a parte ocidental da Igreja mediante o edito Certum est, sem que lhe fora reconhecida mesmo sua autoridade pelas igrejas. Algo similar ocorreu com Bonifácio III, que foi declarado bispo universal pelo imperador Focas, de Constantinopla, abaixo a aplicação de editos de governantes terrenos sem levar em conta a vontade de Deus. Notemos que é reconhecida essa supremacia mediante um documento legislativo secular, do imperador, mas não bíblico.A instituição romano-papista para sustentar seus pretendidos direitos de supremacia e da sucessão apostólica desse sistema, cita que no último quarto do século segundo Irineu de Lyon supostamente afirmava em um tratado que os apóstolos haviam nomeado seus sucessores nas diferentes igrejas; mas o curioso deste documento considerado espúrio mesmo por comentaristas católicos romanos, é que Irineu, poderia haver dado a lista de todos esses bispos sucessores em todas as igrejas, ou pelo menos nas principais cidades, só se limita a dar a linha de sucessão da igreja de Roma, a qual, aduzem eles mas não as Escrituras, havia sido fundada por Pedro e Paulo, os quais a sua vez nomearam a Lino; este a sua vez foi seguido por outros em linha intacta até o duodécimo na sucessão, época em que o suposto livro de Irineu estava sendo escrito.Este suposto livro de Irineu é um documento falso como tantos outros que essa instituição (a Igreja Católica Romana) se inventou ao largo dos séculos. Cipriano, o famoso bispo de Cártago, quem viveu entre os anos 200 ao 258, referindo-se a certo tipo organizativo, dizia que "a igreja esta no bispo e o bispo na igreja", dando muita importância ao bispado, mas sustentava que todos os bispos eram iguais. Considerava que todo bispo possuía todos os poderes comuns a todos os bispos; que nenhum bispo tinha autoridade administrativa sobre os demais, que nenhum bispo devia exaltar-se como bispo dos bispos, e estimava ao bispo de Roma só como um entre seus iguais. Isto a todas luzes representava um conflito com as pretensões do bispo de Roma, e devido a isso se tem conhecimento que suas obras foram deturpadas, de maneira especial no relacionado com o do primado de Pedro.Agora bem, não há registro bíblico, nem patrístico confiável que sustente que Pedro haja sido o fundador e o bispo da Igreja de Roma. Há que diferenciar entre o ministério de apóstolo e o de ancião ou bispo. Biblicamente o campo de trabalho do apóstolo é a obra regional, e o do bispo é a igreja local. Os apóstolos jamais ficavam como bispos de alguma igreja; em troca, os anciãos eram designados entre os irmãos de sua mesma igreja local. Enquanto a Paulo, no contexto da carta aos Romanos, e particularmente nos versos 10-13 do capítulo 1 e 20-23 do capítulo 15, vemos que quando o apóstolo escreveu esta carta ao redor do ano 57 D. C. nunca havia estado em Roma, como, pois, pode ser um dos co-fundadores da igreja nessa localidade?As contínuas divisões eclesiásticas do Oriente, sobre tudo nos tempos dos concílios de Éfeso (431) e Calcedônia (451), a corrupção imperial e as ameaças das invasões dos bárbaros, entre outras coisas, lhes eram favoráveis ao bispo de Roma em suas pretensões para conseguir a supremacia dentro do cristianismo. Invadida a cidade pelos vândalos, e sem a presença e autoridade imperial no Ocidente, Leão I o Grande, teve a idéia de converter o trono do império em sede do reino universal da Igreja, dando início à teocracia católica romana, como verdadeira continuação do Império. Uma solução “genial”; o Império não se extinguiria, senão que mudava de forma e continuava o papa como o sucessor dos Césares; e não foi menos importante que, no curso deste processo, por trás do respaldo de Valentiniano III, paulatinamente os imperadores orientais foram reconhecendo essa primazia papal ao bispo de Roma, a fim de ir ganhando um aliado; então, das ruínas do império romano ocidental, surge assim a Roma papal. E o curioso é que quatrocentos anos antes, o Senhor Jesus, verdadeira Cabeça da Igreja, havia dito a Pôncio Pilatos, o representante desse mesmo império romano: "Meu reino não é deste mundo" (cfr. João 18:36).A construção da Babilônia a grande, a grande prostituta, continua inexoravelmente e no ano 494 o papa Gelásio declarou que o mundo era governado pelo imperador, mas que este devia submeter-se aos prelados em assuntos divinos, e que Roma havia sido posta em superioridade sobre as demais igrejas, pela presença e martírio de Paulo e o suposto martírio de Pedro ali, toda vez que não há registro bíblico de que este apóstolo houvesse estado em Roma. O imperador Justiniano I (527-565), entre outras coisas, é muito famoso porque durante seu governo copiou muitas leis e promulgou seu famoso Código de leis imperiais chamado «Corpus Juris Civilis» (Corpo de lei civil), por meio do qual também confirmou e aumentou os privilégios do clero, e designa ao bispo de Roma como chefe supremo das igrejas. Este documento, por exemplo, no prefácio do artigo nono diz: "Não só se designa a Roma a origem das leis, senão que além disso não há nada que duvide que nela reside a cima do mais alto pontificado".Assim mesmo no artigo 131 do Código de Justiniano diz: "Daí que, de acordo com as resoluções destes concílios, ordenamos que o Muito Santo Papa da antiga Roma ocupe a primeira classe entre todos os Pontífices, e que o Muito Bendito Arcebispo de Constantinopla ou Nova Roma, ocupe o segundo Lugar depois da Santa Sede Apostólica da antiga Roma, a qual tomará a precedência sobre todas as demais".Vemos então a grandes traços como esse processo institucional do cesaropapismo foi fincando poderosas raízes, foi ramificando, posicionando e tomando vantagem sobre outras instituições, e é assim como aparecem os bispos feudais, com as insígnias e as atribuições dos senhores feudais da Idade Média, chegando a ser mais príncipes que pastores, começando pelo mesmo pontífice, pretendido sucessor de um trono que o apóstolo Pedro nunca teve, e que conforme ao consignado em Atos, detestava o boato, a bajulação, cortesia, etc..., como se narra na seguinte passagem bíblica: " 25 Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou.26 Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem. " (At. 10:25,26).Conforme a Jezabel do Antigo Testamento, na Igreja Ortodoxa Oriental, chegaram a governar na igreja apóstata imperatrizes, as que por certo foram as mais influentes implantadoras da adoração à imagens, e em Roma, os eclesiásticos eram os ricos, os corrompidos cortesãos, os sábios, os mecenas. O pontífice não se conformou com ser "bispo universal" e cabeça do que eles afirmavam ser a igreja de Jesus Cristo, senão que entra em uma etapa em que afirma ser governador sobre as nações, por cima dos reis e imperadores. Há de se levar muito em conta que esses personagens não necessariamente se convertiam a Cristo de maneira individual, por convicções pessoais e por revelação do Pai, senão por princípios e razões culturais, e como conseqüência seu nome era escrito somente no registro civil. É uma época em que Satanás se oculta atrás de um disfarce, mesclando sutilmente o paganismo babilônico com o cristianismo, usando homens que " se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. " (Mt. 7:15).Com Gregório I, o Grande (590-604), um dos administradores mais capazes do papado romano, se inicia o período de crescimento do poder papal, quem se preocupou pela conversão dos pagãos das nações na Europa, e trazer à fé ortodoxa aos arianos das tribos bárbaras dos godos e visigodos. Era filho de Gordiano, rico senador romano, e Silvia, também da família patrícia e descendente direta do papa Félix IV, a qual foi mais tarde canonizada. Gregório colocou as bases para o poder temporal ou político que o papado romano exerceria na Europa ocidental nas seguintes nove centúrias, e fez os preparativos para fazer do pontificado o virtual governante na província que rodeava Roma, em uma época em que começava o expansionismo da ingerência do papado em política; além disso, Gregório Magno desenvolveu e impulsionou certas doutrinas, como a adoração às imagens e a transubstanciação. A respeito das imagens, é bom conhecer a sutileza empregada por Gregório Magno para introduzir e avalizar este costume reprovado pelas Escrituras. Diz uma parte de uma carta enviada por Gregório a Ciríaco, abad do monastério de São André, nas Gálias: «Em nome de Jesus Cristo, querido irmão nosso, louvamos o zelo que haveis mostrado rompendo as imagens, e aplaudimos que hajais arrojado do templo os ídolos fabricados pelas mãos dos homens, toda vez que usurpam a adoração devida unicamente à Divindade. Isto não obstante, vosso ardor os têm lançado longe; vós, com algumas mutações, devíeis transformar os ídolos em imagens de nossos mártires, e conserva-las em nossos templos. Porque é de se saber que é permitido colocar quadros nas igrejas a fim de que as pessoas simples conheçam os divinos mistérios de uma religião, que não pode estudar nos livros» (Maurício de Chatre. História dos Papas e os Reis. Tomo I, pág. 397. CLIE, 1993). De maneira, pois, que encheu os templos de quadros e ornamentos preciosos, e trouxe o brilho e a pompa nas cerimônias religiosas, chegando inclusive a transigir com as crenças das nações idólatras, introduzindo seus ritos e seus dogmas nos costumes do cristianismo. A respeito dos antigos templos pagãos, vemos uma pequena parte de uma carta dirigida por Gregório a Agostinho, apóstolo da Inglaterra: «Guarda-os muito de destruir estes edifícios; basta romper os ídolos que contém, e purificar seu interior com água benta. Podereis em seguida levantar altares cristãos, e colocar as relíquias debaixo das santas abóbadas. Recorda, também, que é preciso desterrar ao demônio dos monumentos de seu culto, mas sem que se destrua estes últimos; ao conservar-lhes sereis úteis à causa de Deus, pois os pagãos, cujos pés mancham com freqüência os ladrilhos destes templos, chegarão a converter-se, ainda que não seja mais que para orar nos lugares onde estavam costumados a dirigir súplicas aos deuses; e os que tem o costume de imolar vítimas ao inferno, abandonarão seus ímpios sacrifícios pelo esplendor de vossas cerimônias» (Ibid. pág.401). Se interessou pela música litúrgica, compilando-a, fazendo decisivas modificações e ditando o que havia sido escrito em tempos passados, música conhecida até a atualidade como canto gregoriano.Gregório o Grande divulgou a doutrina do purgatório, que havia tomado de Agostinho, ensinando que o purgatório é um estado, um fogo, no qual os cristãos são purgados de seus pecados levianos antes do juízo final.*(2) De acordo com o enfoque doutrinal sobre o batismo em sua época, ensinava que os homens têm que arrependerem-se de pecados cometidos depois do batismo. Assim mesmo ensinava que a contrição dos homens por seus pecados condicionava o perdão de Deus, e que as obras de penitência aliviam e limpam o peso da culpa, livrando da disciplina do purgatório. Introduzido o valor das missas como ajuda pelas almas que estiverem no purgatório. Também ensinou que as missas e a ajuda dos mártires e santos em qualidade de advogados servem para aliviar a disciplina prescrita para os cristãos vivos que se arrependem de seus pecados pós-batismais, invalidando a Palavra de Deus que textualmente diz: " Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, " (1 Tm. 2:5). Estes ensinamentos torcidos do catolicismo romano constituíram as bases para o posterior comércio de indulgências.
*(2) Diz Chàtre a seguinte pérola, na obra citada, pág. 400: «Descobrimento do novo mundo Purgatório. Alimentado pela leitura dos autores latinos, (Gregório) havia aprendido de Virgílio "que as almas humanas se achavam encerradas na prisão obscura do corpo, onde adquiriam uma mancha carnal, conservando um resto de sua corrupção, mesmo depois de emancipar-se de sua existência mundana". O poeta havia dito: "Para purificar-se as faz sofrer vários suplícios: a umas estão suspendidas no éter, e são brinquedos das tempestades; as outras expiam seus crimes no abismo das águas; a chama devora as mais culpáveis, e nenhuma se acha isento de castigo. Existem algumas almas situadas nos Campos Elíseos, onde aguardam que os anos as purifiquem das manchas de sua existência terrestre, e lhes devolvam sua primitiva pureza, essência suprema, emanação divina. Depois de haver cruzado muitos séculos em tão ignorada estância, as almas a deixam, e Deus as chama às margens do Lethe ( um dos cinco rios do Hades na mitilogia grega)". O Purgatório foi conquistado pelo Papa: tem sido a grande América. Em seus diálogos e em seus salmos da penitência, Gregório se expressa nestes termos: "Quando se têm emancipado de sua prisão terrestre, as almas culpáveis são condenadas a suplícios cuja duração é infinita; as que no mundo só tem cometido algumas faltas ligeiras, alcançam a vida eterna depois de haver-se regenerado em chamas purificadoras..." Outro descobrimento fez o sábio Papa: a transubstanciação do paganismo no cristianismo».

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