A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética

A Igreja de Jesus Cristo-Uma Perspectiva Histórico-Profética
Tradução do livro "La Iglesia de Jesucristo, una perspectiva histórico-profética" de Arcadio Sierra Diaz

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

ARMINIANISMO versus O CALVINISMO

TERCEIRO APÊNDICE DO CAPÍTULO V
TESES DO ARMINIANISMO versus O CALVINISMO*(1)

*(1) Para ter pelo menos uma clara idéia do que é o Calvinismo e o Arminianismo e seu histórico enfrentamento doutrinal nas vertentes protestantes, digamos primeiro algo relacionado com Calvino e Armínio. O francês João Calvino (1509-1564) foi um dos maiores teólogos da Reforma protestante. Instalado em Genebra, Suíça, estruturou a vida da cidade abaixo a forma de um sistema ou regime teocrático, de fusão da organização da vida temporal e histórica, com as exigências espirituais mais intransigentes. Seu pensamento teológico está modelado em um livro de sua autoria titulado Institutos da Religião Cristã, provavelmente o único e mais influente livro da Reforma protestante, obra na qual expõe os princípios cristãos ensinados na Igreja, conforme as doutrinas apostólicas, antes que sofressem as corruptas inovações da Igreja Católica Romana. Para expor suas idéias, Calvino seguiu a ordem do Credo Apostólico, fazendo especial teimosia nas Escrituras e nos escritos de Agostinho de Hipo.Calvino, entre outras coisas, expõe o ensinamento bíblico de que com a queda do homem, sua vontade foi tão debilitada, e foi sumindo tanto na escuridão e na cegueira, que foi incapaz de fazer alguma obra boa, a menos que fosse ajudado pela graça especial que Deus tem dado a seus eleitos e predestinados (Efésios 1:4-5; Romanos 8:29-30) e recebido por meio da regeneração e justificação, pela obra de Cristo. O que há, pois, para os demais? Que se não for a graça, todo homem está debaixo da merecida ira de Deus. Então, se salva alguém por sua própria iniciativa e vontade? A salvação do homem depende inteiramente da iniciativa de Deus. É por fé, não por obras (Efésios 2:8-9; João 16:8-10). Esse é um pequeno resumo da doutrina calvinista a respeito da salvação. Enfrenta o Arminianismo, que é uma heresia propagada por Jacob Armínio (1560-1609), a qual, fundamentalmente, se opõe à doutrina da dupla predestinação.A morte de Calvino e seu ministério foi continuado por seu condiscípulo Teodoro Beza (1519-1605), professor de teologia na Academia de Genebra. No mesmo século XVI começaram a surgir as controvérsias em torno à salvação, que ainda seguem debatendo. Sobre isso citamos a Scott Latourette:"Depois que terminou a peja política, explodiu uma luta importante sobre doutrina dentro da Igreja Reformada Holandesa. Os supra-lapsários e os infra-lapsários, ou seja, entre os que criam que Deus antes que criasse o mundo, havia decretado quais deveriam ser salvos e quais deveriam ser condenados, e os que defendiam a opinião de que foi em vista do pecado de Adão e só depois de dita catástrofe, quando Deus decretou que certos homens seriam salvos e outros perdidos. Contra ambas teorias protestaram alguns que foram chamados logo remonstrantes. Entre estes o personagem principal foi Jacob Armínio, discípulo de Beza e professor de Teologia da Universidade de Leidem (Holanda), o qual proposto refutá-los, ficou convencido por eles. De conseqüente a posição remonstrante têm sido conhecida como o arminianismo. Ele, recusando o supra-lapsarianismo e o infra-lapsarianismo, a expiação limitada (a saber, o ensinamento de que Cristo morreu só pelos eleitos), a graça irresistível e a perseverança dos eleitos, ensino que Cristo morreu por todos os homens, que a salvação é pela fé somente, que os que crêem são salvos, que os que reusam a graça se perdem, e que Deus não escolhe a indivíduos particulares nem para uma nem para outra coisa. As paixões se inflamaram nas discussões". Kenneth Scott Latourette. Historia del Cristianismo. Tomo 2. Casa Bautista de Publicaciones. 1979. Pág. 115.


Os cinco pontos do Arminianismo:
1. O livre arbítrio. Mesmo que a natureza humana foi afetada seriamente na queda, o homem não tem ficado em um estado de impotência espiritual total. Pela graça, Deus dá o poder espiritual a cada pecador para arrepender-se e crer, mas Ele o faz de tal maneira, que não interfere com a liberdade do homem. Cada pecador é possuidor de um livre arbítrio, e seu destino depende do uso que ele lhe dê. A liberdade do homem consiste em sua habilidade de escolher o bem em lugar do mal nos assuntos espirituais; sua vontade não está escravizada por sua vontade pecaminosa. O pecador tem poder para cooperar com o Espírito Santo e desta forma ser regenerado; e tem poder para resistir à graça de Deus, e, portanto perecer. O pecador perdido necessita da ajuda do Espírito, mas não tem que ser regenerado pelo Espírito antes de poder crer; porque a fé é uma obra humana e precede ao novo nascimento. A fé é o dom do pecador a Deus; é a contribuição do homem a sua salvação.
2. A eleição condicional. O fato de que Deus escolheu certos indivíduos para ser salvos antes da fundação do mundo, foi baseado no fato de que Deus previu que eles responderiam a seu chamamento. Ele escolheu somente àqueles que Ele sabia que por si mesmos creriam no Evangelho. Portanto, a eleição foi determinada ou condicionada pelo que o homem faria. A (fé que Deus prevê e na qual se baseia para escolher aos salvos, não é algo criado pelo poder regenerador do Espírito Santo), dado ao pecador por Deus (não é algo criado pelo poder regenerador do Espírito Santo), senão algo que resulta inteiramente da vontade do homem. Foi deixado completamente à vontade do homem crer ou não, e assim determinar se seria eleito ou não à salvação. Deus escolheu aos que Ele sabia que por seu livre arbítrio escolheriam a Cristo. Assim pois, a causa final da salvação é que o pecador escolhe a Cristo e não que Deus escolha ao pecador.
3. A redenção universal ou a expiação geral. A obra redentora de Cristo fez possível a salvação de todos, mas não assegurou realmente a salvação de ninguém, ainda que Cristo morreu por todos e por cada homem, somente os que crêem Nele são salvos. Sua morte fez possível que Deus perdoasse aos pecadores, a condição de que eles criam; mas de fato não acabou com os pecados de ninguém. A redenção de Cristo tem eficácia só se o homem queira aceitá-la.
4. Se pode resistir eficazmente ao Espírito Santo. O Espírito chama internamente a todos aqueles que são chamados externamente pelo convite do Evangelho. O Espírito faz todo o possível para levar a cada pecador à salvação, mas como o homem é livre, pode resistir o chamamento do Espírito. O Espírito não pode regenerar ao pecador até que este creia; a fé (que é a contribuição do homem) precede e faz possível o novo nascimento. Portanto, o livre arbítrio do homem, limita ao Espírito Santo na aplicação da obra redentora de Cristo. O Espírito Santo pode atrair a Cristo só àqueles que o permitem. Até que o pecador responde, o Espírito não pode dar vida. A graça de Deus, portanto, não é invencível; pode ser, e com freqüência é, resistida e frustrada pelo homem.
5. Caindo da graça. Aqueles que crêem e são verdadeiramente salvos, podem perder sua salvação se deixam de perseverar em sua fé.
Os cinco pontos do Calvinismo:
1. Inabilidade total ou depravação total. Por causa da queda, o homem é incapaz por si mesmo de crer no Evangelho de uma maneira salvadora. O pecador está morto, cego e mudo às coisas de Deus; seu coração é enganoso e desesperadamente corrupto. Sua vontade não tem liberdade, está cativa a sua natureza caída. Portanto, não escolherá o bom invés do mal enquanto ao espiritual, porque em verdade não pode escolhê-lo. Como conseqüência, necessita-se mais que a ajuda do Espírito para levar o pecador a Cristo. Necessita-se da regeneração pela qual o Espírito ressuscita ao pecador morto e lhe da uma natureza nova para que possa crer. A fé não é a parte com que o homem contribui a sua salvação, senão que a fé é em si uma parte do dom de Deus na salvação; é o dom de Deus ao pecador, e não o dom de pecador a Deus.2. Eleição incondicional. A eleição de certos indivíduos para ser salvos ainda antes da fundação do mundo, descansa inteiramente na vontade soberana de Deus. Sua eleição de certos pecadores não está baseada em nenhuma resposta prevista ou obediência por parte deles, tal como fé, arrependimento, etc. Ao contrário, é Deus que dá a fé e arrependimento a cada individuo que Ele escolhe. Estes atos (a fé e o arrependimento) são o resultado, não a causa da eleição de Deus. Portanto, a eleição não é determinada ou condicionada por alguma virtuosa disposição prevista no homem. Aqueles que Deus soberanamente escolhe, os trás através do Espírito a uma aceitação voluntária de Cristo. Então, a causa final da salvação está em que Deus escolhe para salvação ao pecador, não que o pecador escolha a Cristo.
3. A redenção particular ou expiação limitada. A obra redentora de Cristo teve o propósito de salvar só aos escolhidos e assegurar a salvação deles. Sua morte foi em substituição da pena do pecado e em lugar de certos pecadores específicos. Além de quitar os pecados de Seu povo, a redenção de Cristo assegurou todo o necessário para sua salvação, incluindo a fé que lhes une a Ele. O dom da fé é concedido infalivelmente pelo Espírito Santo a todos aqueles pelos quais Cristo morreu, garantindo assim sua salvação.4. O chamamento eficaz do Espírito Santo ou a graça irresistível. Além do chamamento externo geral à salvação que se faz a todos os que ouvem o evangelho, o Espírito Santo estende a todos os eleitos um chamamento interno especial que inevitavelmente lhes traz à salvação. O chamamento externo (que se faz a todos sem distinção) pode ser e muitas vezes é recusado; enquanto que o chamamento interno (feito só aos eleitos) sempre resulta na conversão. Por meio deste chamamento especial, o Espírito Santo atrai irresistivelmente aos pecadores a Cristo. Em Sua obra de aplicar a salvação, não está limitado pela vontade do homem, nem depende da cooperação do homem para ter êxito. Pelo poder da graça, o Espírito Santo impulsiona ao pecador eleito a cooperar, a crer, a arrepender-se, a vir livremente e de sua própria vontade (livrada pelo poder de Deus) a Cristo. Então, a graça de Deus é invencível; sempre resulta na salvação daqueles a quem é estendida.
5. A perseverança dos santos (crentes). Todos os que foram escolhidos por Deus, redimidos por Cristo e receberam a fé por meio do Espírito Santo, são eternamente salvos. Permanecem na fé pelo poder de Deus onipotente, e, portanto, perseverarão até o fim. (Perseverarão porque são preservados por Deus).

DISCUSSÃO SOBRE O VALOR DAS INDULGÊNCIAS

SEGUNDO APÊNDICE DO CAPÍTULO V
DISCUSSÃO SOBRE O VALOR DAS INDULGÊNCIAS

As 95 teses do Doutor Martinho Lutero - 1517

Com um desejo ardente de trazer a verdade à luz, as seguintes teses serão defendidas em Wittenberg sob a presidência do Rev. Frei Martinho Lutero, Mestre de Artes, Mestre de Sagrada Teologia e Professor oficial da mesma. Ele, portanto, pede que todos os que não puderem estar presentes e disputar com ele verbalmente, façam-no por escrito.
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus; ou, certamente, perdoados os casos que lhe são reservados. Se ele deixasse de observar essas limitações, a culpa permaneceria.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa cizânia de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontrem fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza disso.
20. Portanto, por remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa[1][1], pode aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas, como na história contada a respeito de São Severino e São Pascoal?
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
36. Qualquer cristão que está verdadeiramente contrito tem remissão plena tanto da pena como da culpa, que são suas dívidas, mesmo sem uma carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da Igreja, que são dons de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Contudo, o perdão distribuído pelo papa não deve ser desprezado, pois – como disse – é uma declaração da remissão divina[2][2].
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar simultaneamente perante o povo a liberalidade de indulgências e a verdadeira contrição.[3][3]
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, ou pelo menos dá ocasião para tanto.[4][4]
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.[5][5]
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.[6][6]
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve ensinar-se aos cristãos que, ao conceder perdões, o papa tem mais desejo (assim como tem mais necessidade) de oração devota em seu favor do que do dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto – como é seu dever – a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extorquem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do Papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do Papa necessariamente é: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, a partir dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem estes tesouros.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos especiais, o poder do papa por si só é suficiente.[7][7]
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Mas este tesouro é certamente o mais odiado, pois faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é certamente o mais benquisto, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Portanto, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tais, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbidos pelo papa.
71. Seja excomungado e amaldiçoado quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram fraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes a ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados venais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo São Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o Papa.
78. Dizemos contra isto que qualquer papa, mesmo São Pedro, tem maiores graças que essas, a saber, o Evangelho, as virtudes, as graças da administração (ou da cura), etc., como está escrito em I.Coríntios XII.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insigneamente erguida, eqüivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes sermões sejam difundidos entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil nem para os homens doutos defender a dignidade do papa contra calúnias ou questões, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: Por que o papa não esvazia o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas – o que seria a mais justa de todas as causas –, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica – que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: Por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: Que nova piedade de Deus e do papa é essa que, por causa do dinheiro, permite ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, mas não a redime por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: Por que os cânones penitenciais – de fato e por desuso já há muito revogados e mortos – ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos mais crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: O que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à plena remissão e participação?
88. Do mesmo modo: Que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações cem vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências, outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e fazer os cristãos infelizes.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz![8][8]
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno.
95. E que confiem entrar no céu antes passando por muitas tribulações do que por meio da confiança da paz.
[1517 A.D.]







TAXA CAMERÆ

PRIMEIRO APÊNDICE DO CAPÍTULO V
TAXA CAMERÆ

(A Taxa Camaræ promulgada por Leão X, o papa romano a quem Lutero enfrentou ).
A Taxa Camaræ é uma tarifa promulgada no ano 1517 pelo papa Leão X (1513-1521) com o fim de vender indulgências, isto é perdoar as culpas, a todos quantos pudessem pagar umas boas libras ao pontífice. Como veremos na transcrição que seguirá, não havia delito, por horrível que fosse, que não pudesse ser perdoado em troca de dinheiro. Leão X declarou aberto o céu para quem, clérigos ou laicos, houvessem violado a crianças e adultos, assassinado a um ou a vários, caloteado a seus credores, abortado... mas tivessem o bem de serem generosos com os tesouros papais. Este documento mostra um dos pontos culminantes da corrupção humana*(1)*(1) Pepe Rodriguez. Mentiras fundamentais da Igreja Católica. Edições Grupo Z. 1997. Pág. 397.1. O eclesiástico que incorrer em pecado carnal, seja com freiras, primas,
sobrinhas, afilhadas ou, enfim, com outra mulher qualquer, será absolvido
mediante o pagamento de 67 libras e 12 soldos.

2. Se o eclesiástico, além do pecado de fornicação, pedir para ser absolvido
do pecado contra a natureza ou de bestialidade, deverá pagar 219 libras e
15 soldos. Mas se tiver cometido pecado contra a natureza com crianças
ou animais, e não com uma mulher, pagará apenas 131 libras e 15 soldos.

3. O sacerdote que deflorar uma virgem pagará 2 libras e 8 soldos.

4. A religiosa que quiser ser abadessa após ter se entregado a um ou mais
homens simultânea ou sucessivamente, dentro ou fora do convento, pagará
131 libras e 15 soldos.

5. Os sacerdotes que quiserem viver em concubinato com seus parentes pagaram
76 libras e 1 soldo.

6. Para cada pecado de luxúria cometido por um leigo, a absolvição custará
27 libras e 1 soldo.

7. A mulher adúltera que pedir a absolvição para se ver livre de qualquer
processo e ser dispensada para continuar com a relação ilícita pagará ao
papa 87 libras e 3 soldos. Em um caso análogo, o marido pagará o mesmo
montante; se tiverem cometido incesto com o próprio filho, acrescentar-se-
ão 6 libras pela consciência.

8. A absolvição e a certeza de não ser perseguido por crime de roubo, furto
ou incêndio custarão ao culpado 131 libras e 7 soldos.

9. A absolvição de homicídios simples cometido contra a pessoa de um leigo
custará 15 libras, 4 soldos e 3 denários.

10. Se o assassino tiver matado dois ou mais homens em um único dia, pagará
como se tivesse assassinado um só.

11. O marido que infligir maus-tratos à mulher pagará às caixas da chancelaria
3 libras e 4 soldos; se a mulher for morta, pagará 17 libras e 15 soldos;
e se a tiver matado para se casar com outra, pagará mais 32 libras e 9
soldos. Quem tiver ajudado o marido a perpetrar o crime será absolvido
mediante o pagamento de 2 libras por cabeça.
12. O que afogar a um seu filho pagará 17 libras e 15 xelins (ou seja, duas libras a mais do que por matar a um desconhecido) e se o matarem o pai e a mãe com consentimento mútuo pagarão 27 libras e um xelim, pela absolvição.
13. A mulher que destruir seu próprio filho levando-o em suas entranhas e o pai que tiver colaborado na perpetração do crime, pagarão 17 libras e 15 xelins cada um. O que facilitar o aborto de uma criatura que não for seu filho pagará uma libra a menos.
14. O assassinato de um irmão, uma irmã, uma mãe ou um pai, serão pagos por 17 libras e 15 xelins.
15. Quem matar um bispo ou prelado de hierarquia superior, pagará 131 libras, 14 xelins e seis centavos.
16. Se o matador tiver dado morte a muitos sacerdotes em várias ocasiões, pagará 137 libras e seis xelins, pelo primeiro assassinato, e a metade pelos seguintes".
17. O bispo ou abade que cometesse homicídio por emboscada, por acidente ou por estado de necessidade, pagará, para conseguir a absolvição, 179 libras, 14 soldos.
18. Aquele que quiser comprar antecipadamente a absolvição por qualquer homicídio acidental que vier a cometer no futuro, pagará 168 libras, 15 soldos.
19. O herege que se converter, pagará por sua absolvição 269 libras. O filho de herege que tiver sido queimado, enforcado ou executado de outra forma qualquer, poderá ser readmitido apenas mediante pagamento 218 libras, 16 soldos, 9 denários.
20. O eclesiástico que, não podendo pagar seus próprios débitos, quiser se livrar de ser processado por seus credores, entregará ao Pontífice 17 libras, 8 soldos, 6 denários, e sua dívida será perdoada.
21. Será concedida a licença instalação de posto de venda de vários gêneros sob os pórticos das igrejas mediante o pagamento de 45 libras, 19 soldos, 3 denários.
22. O delito de contrabando e fraude dos direitos do príncipe custará 87 libras, 3 denários.
23. A cidade que quiser que seus habitantes ou sacerdotes, freis ou monjas, obtenham licença para comer carne e lacticínios nas épocas em que está proibido, pagará 781 libras, 10 soldos.
24. O mosteiro que quiser variar a regra e viver com menor abstinência do que a prescrita, pagará 146 libras, 5 soldos.
25. O frade que por conveniência ou gosto quiser passar a vida em um eremitério com uma mulher, entregará ao tesouro pontifício 45 libras, 19 soldos.
26. O apóstata vagabundo que quiser viver sem obstáculo, pagará igual quantia pela absolvição.
27. Igual montante pagarão os religiosos, sejam eles seculares ou regulares, que queiram viajar em trajes de leigo.
28. O filho bastardo de um sacerdote que queira preferência para preceder o pai na cúria pagará 27 libras, 1 soldo.
29. O bastardo que queira receber ordens sagradas e gozar de seus benefícios, pagará 15 libras, 18 soldos, 6 denários.
30. O filho de pais desconhecidos que queira entrar nas ordens, pagará ao tesouro pontifício 27 libras, 1 soldo.
31. Os leigos feios ou deformados que queiram receber ordenamentos sagrados e ter benefícios, pagarão à chancelaria apostólica 58 libras, 2 soldos.
32. Igual quantia pagará o vesgo de olho direito; enquanto o vesgo de olho esquerdo pagará ao Papa 10 libras, 7 soldos. Os estrábicos bilaterais pagarão 45 libras, 3 soldos.
33. Os eunucos que queiram entrar para as ordens, pagarão a quantia de 310 libras, 15 soldos.
34. Aquele que, por simonia, queira comprar um ou muitos benefícios, se dirigirá aos tesoureiros do Papa, que lhe venderão os direitos a preços módicos.
35.Aquele que,tendo descumprido um juramento, queira evitar qualquer persegui
ção e se livrar de qualquer tipo de infâmia pagará ao papa 131 libras e
15 soldos. Além disso, dará 3 libras para cada um que ouviu o juramento.

V- Sardes ( 3ª Parte )

Capítulo V.
SARDES
(3a. parte)

Os grandes movimentos e denominações

As origens dos diferentes movimentos e organizações eclesiásticas do protestantismo não foram puramente religiosas. Entraram no jogo outros fatores como os políticos, nacionais, sociais e pessoais. As igrejas nacionais se interessaram mais por perpetuar sua instituição que em serem fiéis ao Senhor e servirem-lhe conforme os ensinamentos de Cristo, e por isso é que no século XVIII surge uma nova reação ainda dentro de Sardes. Trata-se dos que se negaram a seguir participando das igrejas nacionais, hora porque tiveram novas luzes sobre certas verdades bíblicas, hora porque se negavam a seguir participando do pecado alheio e outras razões, mas optaram por abrirem passo com outro avivamento, pois do primeiro somente havia ficado o recipiente de onde havia bebido a primeira geração; só ficava a conformação externa, e se abriram abaixo a bandeira e pretexto de doutrinas ressaltadas, abrindo primeiro igrejas dissidentes, as que mais tarde deram lugar à formação das grandes denominações históricas, mas estas grandes organizações denominacionais correram a mesma sorte, de tal maneira que se seguem disputando a possessão da melhor organização, do vaso mais reluzente, de onde a duras penas ficará alguma gotinha da primeira benção de Deus. Para que o vaso seja perfeitamente cheio da graça e benção genuína de Deus, é necessário ir ao principio bíblico, à norma de Deus. Por isso é que as obras de Sardes resultam ser boas, mas não perfeitas. É necessário saber como se receberam as coisas de Deus no principio. Aí estão na Bíblia. Aí está o depósito completo. Claro que os reformadores restauraram a leitura da Bíblia aos idiomas vernáculos, mas com o agravante de que não foi entendida e obedecida em sua justa medida. Os homens preferiram abrir os estatutos, as normas feitas pelos outros homens, seguir as heranças e tradições religiosas, os compromissos políticos, que abrir o livro dos Atos, as epístolas apostólicas, o Apocalipse e seguir o caminho fixado pelo Senhor.Dentro do panorama reformista inglês houve uma época em que se vislumbravam três diferentes tendências: o elemento romanista, que propugnava por uma nova união com Roma; o anglicano, que estava de acordo com a moderada reforma de Henrique VIII e Isabel I, e um terceiro grupo de protestantes radicais, de donde surgiram os puritanos, congregacionais, batistas, Quaquers, metodistas, e outros. No começo as pessoas que organizaram as igrejas independentes foram submetidas à severa perseguição e oposição por parte dos dirigentes das igrejas nacionais européias, os acusando de causar divisões e apelidando-os de sectários. Mas tenha-se em conta que as igrejas nacionais, havendo acabado mortas, além dos verdadeiros filhos de Deus, os que o pertenciam pela fé, incluíram pelo batismo aos não crentes; então aqueles que se apartaram foram dos que em verdade haviam crido, e havendo sido tocados pelo Espírito Santo, saiam do meio das filhas da grande prostituta. Mas as novas congregações também acabaram mortas. Está o protestantismo morto de todo? Não, porque há em seu seio umas poucas pessoas sem si contaminar, as quais são usadas por Deus poderosamente.Queremos deixar por certo que círculos religiosos romanistas, para defender sua postura e outros obscuros motivos, têm insistido na desinformação de que os movimentos protestantes que têm penetrado nos países do terceiro mundo e em especial aos da América Latina, se apegam à Bíblia como critério único e inefável de fé e moral e a seguem literalmente porque se baseiam em um fundamentalismo norte americano. Não é raro que se trate de uma seqüela de algum suspiro do fantasma da famosa teologia da liberação, e sorrateiramente se identifique com suspicácia ao protestantismo com o capitalismo associado ao imperialismo norte americano. No presente estudo não fazemos uma analise exaustiva do assunto, mas tratamos de apresentar a verdade de tal maneira que se esclarece que a maioria dos grandes movimentos protestantes se originaram na Europa, inclusive antes do desenvolvimento dos países no território norte americano, e que os movimentos protestantes norte americanos, por princípios constitucionais, não foram oficializados nem relacionados com o Estado. Sabe-se que os colonizadores pioneiros da América do Norte foram muitos dos irmãos protestantes que fugiam das perseguições de que eram objeto por parte dos intolerantes magnatas religioso políticos europeus.

Anabatistas. Já temos comentado que por razões de herança profeticamente analisadas, o luteranismo e a Reforma em geral em muitos aspectos constituíram uma continuação do sistema católico romano, pois em princípio o luteranismo recusou só aquelas características do catolicismo que ao parecer dos reformadores iam a sentido contrário das Escrituras. Em muitos territórios europeus as igrejas reformadas pretenderam ser "a igreja" em seu respectivo país, tratando de fazer entrar na igreja visível a todos os que nascessem na comunidade, não obstante que um dos princípios fundamentais da Reforma era a salvação pela fé. Inclusive na Dieta de Augsburgo, houve alguma disparidade entre as confissões de fé apresentadas em separado por Lutero e por Zwinglio. Em meio a toda essa confusão, se levantaram grupos de reformadores radicais (uns mais radicais que outros), que tinham às Escrituras como sua autoridade e desejavam voltar ao cristianismo primitivo, recusando tudo o que havia vindo por meio do catolicismo romano, trabalhando na formação de igrejas não identificadas com o mundo, compostas por pessoas que houvessem experimentado o novo nascimento.Nos começos da Reforma, entre os que lideravam aos mais radicais, estavam André Carlstadt e Tomás Müntzer, colaboradores próximos de Lutero no começo, quem estava ansiosos por acabar com todos os remanescentes da "igreja papista" e dos opressores de toda índole; lhe deram aos laicos tanto o pão como o vinho, recusaram as imagens, alguns sacerdotes e monges se casaram (isto o deixaram à consciência individual), caíram em desuso a confissão e os alunos, se permitiu o idioma germânico no sermão e a eliminação gradual dos altares, se aboliram as associações religiosas, suprimiram o batismo de crianças por ser contrário às Escrituras, e voltando a batizar os adultos, razão pela qual foram chamados anabatistas (rebatizadores). Recorde-se que o batismo de crianças é baseado nas doutrinas de Agostinho de Hipona. Não se pode determinar com precisão quando se originaram os anabatistas; mas se tem conhecimento de que o centro dos primeiros anabatistas foi Zürich, pois se associaram com Conrado Grebel (1498-1526), Félix Manz e Jorge Blaurock, integrantes de proeminentes famílias e antigos colaboradores de Zwinglio em Sürich, Suíça, mas que iniciaram um movimento ainda mais radical que o de Zwinglio, movimento que se conhece como os Irmãos Suíços, que estabeleceram contato com Carlstadt. Grebel foi executado, afogado, por ordem do conselho municipal.Os anabatistas foram perseguidos tanto pelo papado como por protestantes, porque viam neles uns revolucionários perigosos, que transtornavam a ordem estabelecida; além disso, devido a que batizar-se de novo era um delito que se pagava com a morte, de acordo com o código de Justiniano, incorporado em o Corpus Iuris Civilis (Código Civil vigente na Europa nessa época). Os anabatistas também recusaram o modelo da simbiose igreja-sociedade estatal, identificando o batismo com a profissão de fé de um crente em Jesus Cristo. Reuniam aos crentes em congregações separadas do mundo, desejando voltar ao cristianismo do primeiro século e libertá-lo das corruptas inovações de Roma. Lutero os chamou fanáticos, em parte porque alguns, os mais radicais, quiseram chegar a extremos perigosos como o de incitar a matar a certos ímpios. Os anabatistas constituem a si mesmos as raízes do posterior surgimento de importantes movimentos como os batistas e os Quaquers.

Menonitas. Este movimento teve suas raízes no anabatismo. Toma seu nome de Menno Simonis (1496-1561), nascido na Frisa Ocidental, quem originalmente foi ordenado ministro anabatista depois de haver sido consagrado sacerdote ao serviço do catolicismo romano, mas um ano depois de haver sido ordenado sacerdote teve dúvidas quanto à eficácia da missa. Todavia ao serviço do romanismo, e estudando a Bíblia, foi comovido profundamente pela execução de anabatistas em sua região. Por outro lado, por seu estudo escriturário, teve o convencimento que tanto o catolicismo romano como as correntes protestantes estavam no erro enquanto à prática do batismo infantil. O 30 de janeiro de 1536, Menno Simonis renunciou publicamente a seus vínculos com o catolicismo romano. Refugiou-se muitos anos nos países baixos, vítima de perseguições, mas apesar disso, estendeu seus trabalhos missionários até a Alemanha, Dinamarca, Holanda, escrevendo, organizando congregações, e foram escrito várias confissões de fé. Os menonitas chegaram a ser numerosos na Holanda e em várias regiões da Alemanha. Obrigados pela perseguição, e negando-se à resistência armada, os menonitas se dispersaram extensamente, chegando inclusive a estabelecerem-se no território do continente americano.

Os puritanos e o Novo Mundo. Na Inglaterra grande parte dos protestantes se identificaram com o calvinismo, dando origem aos chamados puritanos, que mais tarde colonizaram muitas das terras da América do Norte. Recorde-se que o barco Maryflower zarpou da Inglaterra em 1620 com um grupo de Separatistas que fundaram a Plymouth; eram os chamados pais peregrinos. Suas raízes se remontam desde o reinado de Henrique VIII. Muitos deles se refugiaram durante o reinado de Maria Tudor, filha de Catarina de Aragom, e reinando Isabel I tiveram contatos com os irmãos de Basiléia, Estrasburgo e outras cidades de onde se havia desenvolvido a Reforma. Ensinavam os puritanos a teologia dos convênios ou pactos, na qual as promessas que Deus lhes havia feito aos homens, estavam condicionadas à obediência do homem. Compreendia o pacto de graça entre Deus e Seus eleitos, e o pacto de obras entre Deus e Adão como representante de toda a humanidade. Reprovavam o episcopalismo em favor do presbiterianismo e não desejavam deixar de pertencer à Igreja Anglicana, ainda que um grupo importante deles anelava uma igreja mais autônoma, igual àquelas estabelecidas em Genebra e Escócia. Durante o reinado de Isabel, Tomás Cartwright, nomeado professor em divindade em Cambridge em 1569, foi um dos grandes exponentes do puritanismo presbiteriano.Durante o reinado de James I (reinou entre 1603 a 1625), sucessor de Isabel, influíram para que se realizasse a mais famosa das traduções bíblicas ao idioma inglês, a versão do Rei James, feita por cinqüenta e quatro eruditos da época, por encargo deste monarca e publicada em 1611. Destaca-se a figura do puritano João Milton, intimamente relacionado com o governo de Cromwell (1653-1658), quem se escapou da forca, e é muito conhecido por sua obra O Paraíso Perdido, na que descreve o drama humano abaixo a perspectiva cristã. Nessa época se impôs o elemento independente ou congregacional nos toldos puritanos. Depois da guerra de 1688, protocolizou sua independência da Igreja de Inglaterra, obtendo direitos como organizações separadas. Dos puritanos surgiram três grandes denominações, a Presbiteriana, a Congregacional e a Batista, as quais, como todas as demais agremiações protestantes inglesas, já para a primeira metade do século XVIII em um frio formalismo, levados mais por una crença intelectual que por uma vida de fé subjetiva. O racionalismo e o materialismo iam invadindo tudo, e as organizações protestantes oficialmente estabelecidas em muitos países europeus entram em uma espécie de letargia e aburguesamento.

Batistas. Os batistas tiveram sua origem na Inglaterra nos tempos de James I, e seu nome lhes veio porque recusavam o batismo infantil, e faziam ênfase em que fosse administrado somente aos crentes cristãos, daí seu apelido. Esse foi o principal aporte batista no trabalho da restauração da Igreja, e sua teologia foi originalmente de caráter calvinista. Os primeiros batistas se contavam dentro dos separatistas (congregacionais) anglicanos, os quais advogar pela formação de igrejas "reunidas", não compostas pelos habitantes de uma área dada, senão só pelos que conscientemente eram cristãos. A primeira igreja batista inglesa começou em Amsterdam sob a liderança de John Smith (morreu em 1612), um graduado de Cambridge, de corrente teológica arminiana. Foram os ascendentes espirituais dos Batistas Gerais da Bretanha. Tomás Helwys, antigo discípulo de Smith, depois de haver-se desassociado dos menonitas, fundou em 1612 fora dos muros de Londres a que parece haver sido a primeira igreja batista em solo inglês.Depois da morte de James I, como uma secessão dos separatistas, surgem os chamados Batistas Particulares, pois criam em uma expiação restringida, particular, limitada só para os eleitos, de teologia da linha calvinista. Estas duas correntes batistas, a de caráter geral da expiação de Cristo (arminiana) e a particular (calvinista), continuaram separadas até fins do século dezenove. A característica atual do movimento batista é bem mais simples. Cada congregação é autônoma de tipo democrático, regidas por um pastor e um conselho de diáconos, encarregados do cuidado espiritual e material da comunidade, e em geral são inimigos da centralização. Existe uma Aliança Batista Mundial que se reúne periodicamente com delegados de todo o mundo. Foi famoso o pregador batista de Bedford, John Bunyan (1628-1688), autor de sua autobiografia A Abundante Graça para o Primeiro dos Pecadores, onde narra a ardente fé que experimentou depois de uma prolongada luta ante uma onda de depressão; mas é mais conhecido por sua difundida obra escrita no cárcere, O Progresso do Peregrino, uma formosa alegoria da conversão e a vida cristã, hoje conhecida até por versões cinematográficas.Os batistas se têm caracterizado por serem grandes missionários, e em 1638, Roger William e John Clarke, foram os primeiros batistas de relevância chegados ao território americano. Atualmente nos Estados Unidos estão divididos na Convenção do Norte e a Convenção do Sul, a raiz do conflito racial chamado a Guerra de Secessão.Em 1792 foi organizada a Sociedade Missionária Batista, impulsionada principalmente pelo britânico Guilherme Carey (1761-1834), de uma humilde família, mestre autodidata, sapateiro, missionário na Índia e pastor espiritual. Começou seu trabalho com a ajuda somente de uns poucos amigos, partindo para a Índia em 1793. Em 1801 traduziu o Novo Testamento ao bengali, chegando a fundar mais de 150 escolas, duas sociedades agrícolas e uma caderneta de poupança.No século XIX correm na Europa fortes ventos de liberalismo teológico, concebidos como seqüela de pensadores da linha do Francês John James Rousseau (1712-1778), dos alemães Emmanuel Kant (1724-1804) e Jorge Guilherme Frederico Hegel (1770-1831), do escocês David Hume (1711-1776), entre outros, como um reverdecimento do racionalismo da centúria precedente; e essa teologia liberal relacionada com a alta crítica, provocou uma profunda crise espiritual inclusive nos círculos batistas ingleses, com suas repercussões por muitos países do mundo. Para fazer frente a essa situação, o Senhor levanta um grande pregador batista da linha teológica calvinista, o pastor Carlos H. Spurgeon (1834-1892), apelidado o "príncipe dos pregadores". Inusitadamente na época, logrou atrair ao evangelho ortodoxo as massas obreiras, endurecidas e decepcionadas do elitista anglicanismo.

Quaquers. Nos tempos do governo de Olivério Cromwell na Inglaterra (1649-1660), surgem os Quaquers, como um dos grupos radicais associados com o puritanismo inglês. O nome oficial do movimento era a Sociedade dos Amigos, fundado por Jorge Fox (1624-1691), homem de origem humilde, com a muita cultura e um amplo conhecimento das Escrituras. De formação puritana, Fox, a idade precoce horrorizava-se do contraste entre a profissão de cristão nominal e sua vida prática, sofrendo durante quatro anos uma severa depressão espiritual, anelando ter um acesso livre e direto a Deus. Não encontrando ajuda eficaz entre os sacerdotes e pregadores, chegou a ter um desdém por eles, chegando ao convencimento de que a verdade salvífica não se encontrava necessariamente nas elaboradas confissões de fé. No ano 1647 sua vida deu um virada quando pode sentir a realidade de Cristo em sua vida, e essa Luz Interior lhe impulsionou a ser um homem novo, renunciando à prática da hipocrisia e o formalismo religioso; insistindo na simplicidade no se vestir, no comer, no falar; demandou um trato justo para os desprotegidos, como os índios americanos, os presos nos cárceres; pronunciou-se em favor da tolerância religiosa universal; na sociedade Quaquer ensinavam que o corpo de crentes não devia ter sacerdote nem ministro com salário, e outras muitas facetas que lhe valeram ao cárcere muitas vezes. Viajou pregando pela Inglaterra, Gales, outros países europeus e América, onde se multiplicaram seus seguidores. O nome do movimento, Quaquer (quaker), se deriva do fato de que Fox cominava a seus juízes a tremerem (quake) ante Deus. Muitos deles foram perseguidos e até executados ainda em terras americanas.Um famoso dirigente e distinguido teorizante do movimento Quaquer na segunda metade do século XVII foi Guilherme Penn, filho de um almirante inglês nos tempos de Carlos II, quem definitivamente se estabeleceu nas colônias inglesas da América do Norte, onde fundou uma proeminente comunidade Quaquer.

Presbiterianos. A origem do movimento presbiteriano se relaciona com John Knox na Escócia e Irlanda. Nos Estados Unidos está relacionado com a pregação de Jonatan Edwards (1703-1748) e o grande despertar. Jonatan graduou-se na universidade de Yale e sucedeu a seu avô materno Salomão Stoddard como ministro na igreja congregacional de Northampton; costumava combinar o calvinismo com o neoplatonismo. O presbiterianismo tem também raízes puritanas inglesas, mas lhe introduziram ares de teologia liberal no século XIX. Seu nome deriva-se devido a que suas congregações se governam pelo sistema de um conselho de anciãos (presbíteros), com um pastor com determinadas funções, mas de igual autoridade. Suas características são muito parecidas aos Congregacionalistas, também de convicções calvinistas ao menos em suas origens, mas o Conselho Nacional de Igrejas Congregacionalistas não podiam evitar a introdução em suas filas da teologia liberal, a alta crítica alemã e o pragmatismo.Nos Estados Unidos em 1789, depois da guerra de independência, os presbiterianos, como outras confissões protestantes, formaram uma Assembléia Geral autônoma de tipo nacional e independente da matriz européia, ainda que não de caráter "oficial", pois desde seus começos nos Estados Unidos têm havido total liberdade religiosa. Os presbiterianos tem se dividido em vários ramos denominacionais, das quais só nos Estados Unidos há mais de dez.

Metodistas. Na primeira metade do século XVIII, devido sobre tudo à tolerância e liberdade religiosa, os círculos eclesiásticos ingleses sofreram um declínio espiritual, por meio daquele aburguesado clero anglicano surge um grande despertamento, preferencialmente porque o Senhor levantou homens de fé do tipo de João e Carlos Wesley e Jorge Whitefield, ardentes propagadores da fé, dos quais Whitefield era o mais destacado e eloqüente pregador. Carlos compôs centenas de hinos. Jorge Whitefield (1714-1770) nasceu em Gloucester (Inglaterra) em uma família pobre. Estudando na universidade de Oxford em 1733, sua vida se associou estreitamente com os irmãos Wesley, com quem o Senhor restaurou outros aspectos na Sua Igreja, como aquele de tirar o templo. Whitefield, anglicano como os irmãos Wesley, viajou pregando pelo território das Treze Colônias americanas, chegando inclusive a comover ao ultra prático e tão pouco ortodoxo em matéria religiosa, Benjamín Franklin; teve muitos seguidores principalmente entre os presbiterianos e congregacionales. Quando Whitefield se separou dos Wesley, levantou uma agrupação chamada os Metodistas Calvinistas Galeses. Note-se que cada avivamento surgido provocada novas divisões nos diferentes movimentos protestantes. É uma constante; os que se apóiam no statu quo de atitude fria e racional terminam por não se entendereme com os verdadeiramente envolvido em um avivamento espiritual, ou simplesmente porque não estavam de acordo com certas manifestações e excessos emocionais.O dos Metodistas na Inglaterra e América do Norte foi dos grandes movimentos surgidos da Reforma, no qual representaram um papel muito importante Jorge Whitefield e John Wesley (1703-1791), nascido em Epwort em uma família ancestralmente pastoral. John e Carlos eram filhos do clérigo anglicano Samuel Wesley (1662-1735), filho, à sua vez, de um clérigo dissidente. John estudou teologia e literatura em Oxford, e se destacou por ser o dirigente e estadista do movimento metodista. Seu talento peculiar era a organização e a administração. Foi ordenado sacerdote da igreja anglicana em 1728, e como clérigo anglicano vinha sentindo um grande vazio espiritual, não obstante que em Oxford havia fundado com seu irmão Carlos w Jorge Whitefield, um Clube Santo, ou reuniões para fomentar a santidade, sem que faltassem as intenções de dar um bom testemunho ao resto dos estudantes; o vazio seguia manifestando-se. Em 1735 foi decisivo para ele ter seu primeiro contato com os irmãos morávios relacionados com o conde Zinzendorf; e de quem obteve o conhecimento experimental da vida no Espírito, tal sucesso ocorrido no navio durante a viagem missionária que fez com seu irmão Carlos a Georgia, chegando a conhecer e relacionar-se com Spangenberg, um de seus dirigentes. Uma vez de regresso em Londres, experimentou sua repentina conversão, graças à intervenção do pastor morávio Böhler, iniciando um período de avivamento espiritual e se interessaram por evangelizar aos pobres, analfabetos e marginalizados.John e muitos membros do movimento receberam também impressão profunda de William Law (1686-1761), místico notoriamente influenciado por Jacob Boheme, e autor de Um Tratado Sobre a Perfeição Cristã e Um chamado Sério a uma Vida Santa e Consagrada. O movimento não deixou de ter seus inconvenientes para manter a unidade. Surgiram discrepâncias com os morávios, e entre Whitefield e Wesley. Deve-se ter em conta que Whitefield era calvinista convencido, com a doutrina da predestinação a bordo, enquanto que John Wesley havia sido cultivado na teologia da linha arminiana. Não obstante, que Wesley quis sempre manter aos metodistas dentro do sistema anglicano, não a considerando como uma denominaçao separada, o rompimento se deu, pois as autoridades anglicanas olhavam com receio esse mover pietista dentro de seus próprios toldos. Por seus costumes disciplinares, a seu movimento foi dado o apelido de Metodista, mais tarde título oficial de um movimento mundial. De acordo com o costume morávio, Wesley introduziu em seu movimento os ágapes (festas de amor). Ele organizou e multiplicou as sociedades dentro do movimento, mas as entreteceu em uma organização inclusiva. Percorria as sociedades a lombo de cavalo, pregando até quinze sermões por semana, sem que necessariamente o fizesse dentro dos recintos dos templos, e isso escandalizou os círculos clericais de seu tempo. Pelo estudo da Palavra, Wesley se convenceu que no Novo Testamento os presbíteros e os bispos eram da mesma ordem. Ao morrer, Wesley havia convocado um corpo de uns 540 pregadores para uma povoação de mais de 120.000 adeptos metodistas. Nos Estados Unidos foram organizados os metodistas por Wesley depois da guerra da independência em 1784. À morte de Wesley em 1791, foi formalmente constituída a Igreja Metodista Wesleyana, totalmente desvinculada da anglicana, que se estendeu por muitos países de todos os continentes, e de onde posteriormente, como de todas as grandes denominações, se desprenderam ramos dissidentes que adotaram novos nomes. O governo eclesiástico do movimento metodista em alguns casos é episcopal e em outros presbiteriano, mas em todos os casos de autoridade hierarquizada.

David Livingstone (1813-1873). Este pioneiro das missões protestantes na África, nasceu em Blantyre, Escócia, procedente de uma família humilde e muito religiosa. No começo se preparou suficientemente em teologia e medicina para embarcar como médico missionário na China, o qual não foi possível devido a uma guerra entre Grã Bretanha e China, indo, por isso, à África do Sul. Por seu caráter não denominacional solicitou integrar à Sociedade Missionária de Londres. Viajante incansável, na África negra se interessou pelo gravíssimo problema da caça e venda de negros como escravos, denunciando estes atos ante as autoridades britânicas. São dignos de mencionar a si mesmo os irmãos Carlos Grandinson Finney (1792-1875), evangelista e pregador americano nas Ilhas Britânicas; escritor. É famosa sua obra Conferências sobre Avivamentos de Religião. Dwight Lyman Moody (1837-1899), famoso pregador e compositor de hinos.

Ecumenismo

Por ecumenismo se entende a união das diferentes correntes, organizações, denominações, movimentos, missões do cristianismo nominal, mais a nível institucional que no marco da comunhão espiritual corporativa. No século XIX, surge dentro do protestantismo o Movimento Ecumênico, que se estendeu a alguns dos corpos eclesiásticos orientais e a certos indivíduos que ainda militavam dentro do catolicismo romano. Este surgimento se associa mais tarde com destacados líderes protestantes, como o norte americano Juan R. Mott (1865-1955), do movimento de Estudantes Voluntários para as Missões Estrangeiras. Iniciou-se este movimento por uma relativa unidade dos diferentes ramos do cristianismo protestante, sobre tudo em torno à cooperação em fazer os planos e ações através das linhas denominacionais, mas sem a participação dos corpos eclesiásticos. Os trabalhos se iniciam mais a nível individual ou grupal. No começo foram organizadas muitas associações parciais como as Associações Cristãs de Jovens, em 1844; a Aliança Mundial de Associações Cristãs de Jovens, em 1855; a Associação Cristã Mundial de Senhoritas, em 1894; a União Mundial de Esforço Cristão e a Federação Mundial de Estudantes Cristãos, em 1895; a Associação Mundial de Escolas Dominicais, em 1907. Os movimentos, grupos e pessoas comprometidas nestas diferentes associações, nunca deixavam de serem leais as suas respectivas congregações e denominações.Através dos anos houveram muitos intentos de unidade e cooperação entre as distintas correntes, movimentos, missões e denominações cristãs, e uma das mais importantes foi a Aliança Evangélica, iniciada em Londres em 1846, com mais de oitocentas delegações de muitos países. Mas por muitos esforços encaminhados pela unidade, as divisões crônicas a impediam de tal maneira que surgiam novas divisões. Das tantas conferências interdenominacionais mundiais ou regionais que se seguiram, é importante mencionar a Conferência Missionária Mundial, celebrada em Edimburgo em 1910, que veio a ser um marco na história do Movimento Ecumênico, e onde teve parte ativa Juan R. Mott, que a presidiu. Esta assembléia foi a autora de duas organizações, a Conferencia Mundial sobre Fé e Ordem e o Conselho Cristão Universal pela Vida e Obra. Estes dois corpos eclesiásticos, depois de 1914, se uniram para formar o Concílio Mundial de Igrejas, conhecido como CMI, constituído oficialmente em Amsterdam em 1948, ano em que foi constituído o moderno estado de Israel, dando início às profecias dos últimos tempos. Iniciou-se com um agrupamento de mais de cem diferentes denominações, incluindo várias das igrejas católicas ortodoxas, associações de jovens cristãos católicos da Polônia e a Igreja Ortodoxa Grega. As denominações batistas e metodistas são talvez os mais avançados em matéria de ecumenismo. O CMI adotou o Credo de Nicéia a fim de deixar aberta a porta a todas as confissões religiosas que estejam de acordo com seus postulados. Ainda dentro do protestantismo, o CMI tem sido criticado por suas implicações políticas, por seu intenso contato com o Vaticano, e pelos que proclamam um cristianismo baseado na conversão a Cristo mediante um novo nascimento e não através da educação e tradição.A respeito do ecumenismo diz Olabarreita: "Os protestantes aspiram a formar uma grande instituição universal centralizada parecida à católica, o que lhes desqualifica automaticamente para poder ser o pequeno rebanho do Senhor. E além disso, salta à vista sem dúvida alguma que o protestantismo futuro, potenciado pelos símbolos e sacramentos aos que aponta Tillich tão claramente, se acerca sobremaneira ao tronco católico do qual saiu. Movidos por estas aspirações e ambições de super-igreja, têm conseguido fundar o Conselho Ecumênico de Genebra, que hospeda a quase todos os protestantes do mundo, desde os presbiterianos dos Estados Unidos até os batistas de Birmania. Também têm logrado formar a ‘Federação Luterana Mundial’, a ‘Aliança Reformada Mundial’ e o ‘Conselho Metodista Mundial’, cujas diretivas se tem localizado no mesmo edifício que o Conselho Ecumênico de Genebra". (Santos Olabarrieta. "Cristo e Sua Igreja". Fort Lauderdale, Fl. USA. Pág. 28-29)O ecumenismo esta intimamente relacionado com a apostasia, relacionada a sua vez em primeira instância com a dissolução da legítima expressão da união do Corpo de Cristo e a dogmatização de erros que se contrapõe a verdades fundamentais das Escrituras que têm que ver com a vida da Igreja do Senhor. A união do Corpo de Cristo não se consegue com o fato de que as diferentes vertentes do cristianismo nominal se reúnam e se ponham de acordo em muitos aspectos. Como disse o teólogo K. Barth: "Toda divisão, como tal, é um profundo enigma, um escândalo". Na localidade de Corinto, por suas contendas carnais, já em seus corações egoístas os irmãos começaram a dizer: Eu sou de Paulo; e eu de Apolo; e eu de Cefas; e eu de Cristo. Quando Paulo lhes escreve pelo Espírito Santo condenando essa atitude, já estavam às portas de protocolizar a divisão. Se isso houvesse acontecido, as rivalidades de caráter pessoal e confessional houvessem seguido; então haveriam se levantado algumas vozes sensatas e lhes proporiam organizar um conselho que se reunisse anualmente com delegados das quatro facções, para ter certa classe de aproximação ecumênica. Isto haveria resolvido o problema? O haveria aprovado o Senhor por meio de Paulo? A Bíblia diz que não.

Vestiduras sem manchas

" 4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. ".Não obstante ser considerado Sardes em sua condição global como morta, há pessoas fiéis ao Senhor, líderes que não têm manchado suas vestiduras com a morte, espiritualmente vivos e usados por Deus. As vestiduras refletem as obras na fé dos santos, e mais que isso, a vida e a ação do Espírito Santo no espírito e no coração da pessoa, é o andar do crente e o que realmente é em seu viver. Esse revestimento é Cristo mesmo refletido em cada pessoa. Se a pessoa têm manchado seu vestido é porque há contaminação de morte; não necessariamente pelo pecado, porque a natureza da morte é mais contaminante que o pecado.2 Por outro lado as vestiduras brancas refletem a pureza, a vida de Deus, a aptidão para andar com o Senhor. O Senhor tem muito em conta também nestes nomes como pessoas individuais, não necessariamente no sentido corporativo, e no curso da história têm levantado servos a quem têm santificado e lhes tem revelado sua vontade para essa conjuntura histórica na vida da Igreja. Estes gigantes, pode ser que hajam recebido certa orientação profética ou hajam feito ênfase em alguma verdade ou doutrina em particular, e são os instrumentos para eventuais e grandes avivamentos, que as seguintes gerações não sabem conservar, e o Senhor se vê precisando buscar outra pessoa para dar-lhe uma nova graça, revelação e benção, com o resultado de um novo avivamento e de uma nova separação, porque os guiados pelo Senhor são objeto da oposição dos que não vêem o propósito de Deus nas coisas. Na prática, em todo avivamento há separações, não causadas necessariamente pela pessoa escolhida por Deus. Lutero não queria separar, mas o sistema religioso imperante o separou.

Os vencedores de Sardes

" 5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. " (Ap 3:5, 6).De que têm de sair vitoriosos os vencedores em Sardes? Da morte que prevalece dentro do sistema do protestantismo. Em outras partes da presente obra temos explicado que as promessas que aparecem nas sete cartas para os vencedores, são prêmios que têm de ter cumprimento no reino milenar do Senhor Jesus Cristo. De acordo com o andar nesta era da graça, assim será a retribuição na era do reino, sem que isto tenha que ver com a salvação, que é um presente de Deus. Aqui aparecem três recompensas para os vencedores de Sardes: Vestiduras brancas, não serão apagados seus nomes do livro da vida e serão confessados seus nomes diante do Pai celestial e Seus anjos.De acordo com os versos 4 e 5, vemos que o crente cristão necessita das vestiduras. A vestidura do verso 4 representa a Cristo que recebemos e que vem a nós dando-nos a vida de Deus, sendo fato para nós a justificação, redenção e salvação em forma objetiva. " O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; " (Lc. 15:22). " Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, " (1 Co. 1:30). A do versículo 5 representa a Cristo que mora em nós, que vivemos em nosso andar, nossa justiça subjetiva, pela qual possamos dizer como Paulo: " Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; " (Fp. 1:21; 3:9).O nome do vencedor não será apagado do livro da vida. Para entender isto é necessário saber que existe um livro nos céus onde têm sido escritos os nomes de todos os santos escolhidos por Deus e predestinados para participar das bênçãos que Deus tem preparado para eles, as quais são dadas na era da Igreja, durante o milênio depois que o Senhor regresse e por último na eternidade. " alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus. " (Lc. 10:20b). Estás tu seguro de tua salvação? " 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. " (João 10:27,28). Se teu nome está escrito no livro da vida agora mesmo estás recebendo algumas bençãos tais como a redenção, o perdão dos pecados, a vida eterna, a regeneração, a natureza de Deus, a santificação, a renovação, a justificação e outras. Se durante este tempo tu amadurecer em tua vida espiritual e chegas a ser um vencedor, o Senhor não apagará teu nome durante o milênio, senão que como prêmio o Senhor te permitirá participar com Ele no reino milenar, incluindo as bençãos de Seu gozo e repouso. " Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. " (Mt. 25:21).Nesta era da Igreja, um como humano necessita de certos incentivos para poder cooperar com a graça de Deus e fazer a correta e verdadeira obra do Senhor na construção da Igreja, mas se tu não avanças com Ele, se te contentas de pronto com ser um crente mais do montão, um menino espiritualmente, não te interessa vencer sobre o statu quo reinante, então teu nome é apagado do livro da vida durante a dispensação do reino e não terás participação com o Senhor nele, nem receberás as bençãos para esse tempo. Significa isso que perdem a salvação? De nenhuma maneira; senão que durante esse tempo os não vencedores são disciplinados como o servo mal que foi lançado às trevas exteriores até alcançar o amadurecimento necessário para participar das bençãos que Deus têm prometido para a eternidade na Nova Jerusalém quando seus nomes serão escritos novamente no livro da vida. Quais são essas bençãos eternas? O reinado eterno com Deus na Nova Jerusalém, o sacerdócio eterno, a árvore da vida, a água da vida. " 3 Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão,4 contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.5 Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos. 14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. " (Ap. 22:3-5,14,17).Os nomes dos vencedores também serão confessados pelo Senhor diante do Pai e de Seus anjos na era do reino milenar na terra. Inclusive aqui neste tempo de vida humana, às pessoas lhes agrada que seus nomes sejam confessados diante de altas personalidades e figuras de certo prestígio. Isso tem algo que ver com o período de Sardes? Desde suas raízes a história do protestantismo se tem visto relacionada com a vinculação de altos perssonagens, imperadores, reis, príncipes, eleitores, dignatários políticos e religiosos, abrindo-se passo por meio da política e a espada. Mas a casa construída pelos homens será deixada deserta (cfr. Marco 23:38).

Pietismo Ao largo do comentário de Sardes se têm destacado alguns irmãos dignos de terem-se por vencedores, e que junto com milhões de irmãos a maioria desconhecidos tem derramado seu sangue em seu afã de ser fiel ao Senhor, buscando acercar-se ao ideal bíblico da Igreja. Associados com certas correntes anabatistas, surgem os huteritas, ou Irmãos Huterianos, por seu líder James Hutter, torturado e queimado em 1536, que praticaram por muitas gerações a comunidade de bens, dos quais se destacaram os de Morávia, e que sofreram severamente na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Outro grupo de princípios anabatistas foi a Igreja dos Irmãos, ou Taufers, cujo fundador, Alexandre Mack, com oito irmãos mais, em 1708, movidos pelo movimento pietista, tomaram a decisão de ter à Bíblia como sua única regra e guia, e se batizaram por imersão no rio Eder. Inicialmente seus centros foram Schwarzenau, o Palatinado e Marienbborn.O pietismo foi um despertar à vida espiritual mais profunda, que surgiu depois da Guerra dos Trinta Anos, cujas raízes e contribuições as encontramos no misticismo alemão pré-reformista, no puritanismo inglês e nos anabatistas. No século XVII aparece O Verdadeiro Cristão, obra do luterano João Arndt, que originou o despertar de Felipe James Spener (1635-1705), considerado como a origem imediata do pietismo. Quando o movimento se estendeu, os grupos chegaram a se chamar “collegia pietatis”, de onde deriva seu nome. Eles se ocuparam em prol de uma reforma moral e espiritual, pois eram testemunhas da imoralidade de muitos clérigos, e o culto tendia à formalidade e a esterilidade. Era necessário que o Estado interviesse menos nos assuntos da Igreja, recalcando, além disso, a conversão genuína e o cultivo da vida cristã. Spéner foi acusado de sair dos esquemas doutrinais luteranos, mas ele cria firmemente que se a pessoa não estava autenticamente convertida, vivendo em uma retidão de coração, as diferenças doutrinais tinham, relativamente pouca importância. Os ortodoxos luteranos chegaram a acusar a Spener de 283 heresias. Registramos que eminentes músicos da altura de John Sebastián Bach e Jorge Frederico Hændel, extraordinários compositores da melhor música religiosa de todos os tempos, relacionem sua educação no seio de famílias luteranas e pietistas, respectivamente.Também o pietismo exerceu forte influência na Igreja Reformada Holandesa através do escocês André Murray, que exerceu também como missionário na África do Sul. Seus filhos John e André estiveram no íntimo contacto com um movimento de avivamento na Escócia, onde se graduaram. Em Utrecht lideravam um pequeno círculo que reagia contra o racionalismo do século dezoito. Na África do Sul se fizeram ministros da Igreja Reformada Holandesa. André Murray (filho) (1828-1917), se destacou como pastor e escritor de livros de ampla circulação dentro da linha protestante mundial inclinada aos avivamentos e ao chamado cristianismo de tipo evangélico.

V- Sardes ( 2ª Parte )

Capítulo V
SARDES
(2a. parte)


As obras imperfeitas de Sardes

" Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus." (v.2).Os versos 1 e 2 falam de que o Senhor conhece as obras de Sardes e que não as têm achado perfeitas. Inegavelmente em Sardes foram feitas muitas boas obras, mas o Senhor lhes reprova o não haver continuado elas, as deixaram pela metade, não as aperfeiçoaram. As obras de Lutero e dos demais reformadores foram boas, mas o Senhor lhes diz que não foram perfeitas. Os reformadores restauraram a doutrina da justificação pela fé, e de fato os que se salvaram em Sardes tinham a convicção de que não o faziam por suas próprias obras, nem por mediação dos sacerdotes, senão pela obra salvadora de Deus em Cristo, e como um presente; não obstante, há de se declarar que a justificação pela fé foi restaurada por Lutero mais como uma doutrina superficial que aperfeiçoada como vida no povo de Deus. Mas sobre tudo em matéria eclesiástica, ao invés de desprender-se totalmente de toda a degradação de Tiatira e voltar às fontes primigênias da Palavra de Deus, foram herdeiros de muitas das aberrações que quiseram reformar. É bom que eles tenham desviado sua visada do mundo religioso pagão para colocá-la no ideal da vida cristã, mas lhes faltou vida, não passaram de especulação teórica, sua regeneração era autêntica mas não produziu os frutos desejados, se produziu o novo nascimento mas não se desenvolveu o novo homem que o Senhor queria que se alcançasse, e a autêntica renovação para a restauração de todas as coisas que se haviam perdido. Não se pode chegar ao estado da igreja primitiva. Exteriormente a igreja protestante aparentava piedade, porém bem pronto se foi apagando o fogo inicial do avivamento reformista, a vida espiritual se foi deixando de lado. Há coisas que se haviam perdido, e ainda que algumas foram restauradas na Reforma, por essa falta de vida, estavam a ponto de morrer, e é por isso que ainda se necessita que essas coisas sejam revividas e reafirmadas no protestantismo, porque, como o viemos desmembrando, muitas coisas restauradas e começadas em Sardes, não têm sido terminadas nunca. Foi necessário que o Senhor reagisse novamente para completá-las, e isso o fez posteriormente com Filadélfia. No protestantismo com freqüência buscam os freqüentes reavivamentos.Não é verdade que a história se repit, como a concebiam os gregos, mas se ensina ao que queira aprender em suas fontes. Por exemplo, em sua oportunidade Deus fez não necessários tanto o templo como os elaborados sacrifícios do judaísmo, centro neurálgico de seu culto e do qual se ufanavam como definitivamente indestrutíveis e indefectivelmente únicos dono do favor de Deus. E esse disparatado orgulho foi sua ruína quando tudo isso foi destruído como trágico desenlace, como Jesus o havia previsto. Os primeiros cristãos se encarregaram de advertir os dirigentes judeus desse tempo, mas eles desprezaram essa advertência: " 48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? " (At. 7:48-49).Hoje sucede algo similar com a estrutura eclesiástica de nosso tempo. É perigoso querer ganhar o favor de Deus pelos meios legalistas, a força, o orgulho organizacional, as contas bancárias, os grandes e luxuosos templos, o amor ao elogio humano, os interesses egoístas, o desejo de dominação na comunidade cristã e a confiança em si mesmo; tentações crônicas em si mesmas. Isto não é novo. Se deu no mesmo no seio do círculo íntimo de Jesus. Também ali houve brotos de aspirações pessoais por ocupar classes superiores e ser objetos de reconhecimentos, ocasião que aproveitou o Senhor para fazer uma vez mais a diferença ou mostrar o contraste entre as duas classes de grandeza: a babilônica e a dos cidadãos do reino de Deus. " 26 Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;27 e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; " (Mateus 20:26-27). Na Igreja do Senhor se faz grande o que humildemente serve aos santos inclusive em ocupações que muitas vezes são desprezadas pela sociedade secular e algumas facções do cristianismo.Estes caminhos se afastam dos fundamentos da cidade de Deus. Ainda que o fundamento do edifício seja Jesus Cristo, é possível que se chegue a sobre-edificar com materiais diferentes ao ouro, a prata e as pedras preciosas. Quem segue pelo caminho e o poder legalista, descarta o autêntico poder empregado por Deus na cruz, que é, Quanto aos demais, o único válido ante o Senhor. " 23 mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios;24 mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. " (1 Co. 1:23-24).

Origem das "igrejas nacionais"

O protestantismo não foi uma reação puramente religiosa. A realidade é que outros interesses convergiram, como o nacionalismo, as aspirações de monarcas absolutos, dispostos a manejar tanto a vida política como a religiosa em seus domínios. O remanescente hebreu que voltou a Jerusalém a restaurar a cidade e reconstruir o templo, o fez com a proteção dos reis persas, e a subseqüente dependência de Alexandre o Grande e seus sucessores, e posteriormente dos romanos. Assim aconteceu com o protestantismo ao desprender-se do catolicismo; o fiz abaixo a proteção e dependência dos Estados europeus. Com o tempo na Europa a Reforma religiosa política foi degenerando em um cristianismo nominal; uma combinação de poder da igreja e das forças políticas que se opuseram a Roma. A cristandade nominal, tradicional, entendida como conjunto de sistemas religiosos, ainda que sempre hospedou em seu seio autênticos cristãos, entretanto se encheu de cristãos por herança, só de nome, havendo recebido o legado de fazer as coisas seguindo por inércia a prática de costumes ancestrais e ritos vazios, imersos nessa abúlica ignorância religiosa dos verdadeiros propósitos de Deus, tão distantes das rota humanas, ou simples e plenamente não conhecendo a Deus nem a Seu Cristo, adquirindo facilmente a tendência de ir com a corrente, ou de onde jamais tem saído. O termo cristandade generaliza demasiadamente, arrasta por si um cansaço semântico; que me impulsiona a afirmar que implica uma conotação pejorativa do significado da verdadeira Igreja de Cristo.Na Europa as duas forças, a religiosa e a política, deram origem às "igrejas nacionais": na Inglaterra, a Anglicana; na Alemanha, a Luterana; na Escócia, a presbiteriana; na Holanda, a Reformada holandesa, e outras, de tal maneira que quem nascera em um destes países, somente pelo fato de nascer, por exemplo, na Inglaterra, imediatamente era batizado como anglicano, sem mais considerações bíblicas, exatamente como ocorre nos países chamados católicos, como na Espanha e Itália, onde a Reforma foi abatida cruelmente. Isso indica que a igreja se confundia com a sociedade secular e eram, na prática, iguais quanto a sua membresia. Isso ainda ocorre hoje em dia; pagãos batizados dentro de um sistema cristão.Por que ocorreu tudo isto? Porque para a construção da casa de Deus, os cristãos aceitaram a ajuda de pessoas do mundo, e dos poderes políticos, e isso os levou a imitar ao mesmo sistema religioso do qual haviam saído, e as igrejas protestantes acabaram constituindo-se em uma mescla de política e religião. Permitirá Deus que alguém fora Dele, o Estado, por exemplo, reine sobre as almas de seus escolhidos? Se Tiatira se casou com o mundo, Sardes se uniu a diferentes nações. Nessa forma se criaram as extra-bíblicas igrejas nacionais. Por exemplo, já independentes de Roma, todos os ingleses ficaram incluídos na Igreja Anglicana, e todos os alemães na Igreja Luterana Alemã. Isso significa que se confundiram os termos Alemanha com Igreja Alemã, e todos os nativos do país podem batizar-se na respectiva "igreja nacional", e o Senhor lhes diz que têm o nome de que vivem, mas estão mortos. Há ali autêntico povo de Deus? Sim há, mas mesclado com infiéis, como ocorre com o sistema católico romano. Desde a Alemanha, o luteranismo se estendeu até outros países europeus como Escandinávia, Islândia e Finlândia, Dinamarca, Suécia e Noruega, onde os católicos romanos desapareceram quase por completo. Na atualidade, inclusive nos círculos hierárquicos do catolicismo, se sabe que as igrejas protestantes, sobre tudo as catalogadas como nacionais como a anglicana ou a presbiteriana, são estruturalmente o mesmo que o catolicismo romano, e não são temidas por Roma por quanto às consideram sérias, estruturadas e que não fazem um proselitismo agressivo, em contraste com os grupos mais recentes de tipo evangélico como os Pentecostais ou Assembléias de Deus.
Na Alemanha. Ao regressar a Wittenberg, em março de 1522, Lutero, com o apoio do eleitor, se ocupa da organização de uma igreja reformada na Saxônia, com base fundamental na justificação pela fé, mas deixando algumas práticas tradicionais na igreja que a seu juízo não se opõe abertamente às Escrituras. Prepara guias escritas para a ordem do culto, a celebração da Santa Ceia e o batismo. Por regra geral os protestantes conservaram, por causa da herança natural, a hierarquia sem o papa, o mesmo que os credos apostólicos e o Credo Niceno. As leis da genética ensinam que as filhas herdam as características das mães, e a Palavra de Deus diz que o sistema da grande prostituta é mãe de outras prostitutas, outros sistemas infiéis, que por muito que se hajam cercado ao Senhor, seguem envolvendo em seus ensinamentos e práticas de princípios não bíblicos, mesclando-los com os verdadeiros, mas o resultado carece da pureza que Deus demanda.Por exemplo, à medida que a Reforma tomava força e se estendia, necessitaram de maior organização administrativa para a engrenagem eclesial, contando Lutero, a sua vez com o respaldo da autoridade secular. Não importa que Lutero esteve convencido da conveniência da independência da igreja frente ao Estado, o fato é que aceita esse apoio do mundo, e até o presente essa relação estreita perdura nas nações luteranas. Ao ir se estendendo a Reforma, a estrutura eclesiástica ia se diversificando e desfazendo-se o padrão idealizado por Lutero, de tal maneira que este, a fim de resolver as divergências e tratando de recuperar a ordem, acudiu aos príncipes laicos, como o eleitor da Saxônia e de outros Estados protestantes alemães, que se encarregaram de nomear supervisores regionais e visitadores que informaram sobre o estado das paróquias.Surgiram sérios problemas, como o de certos nobres que quiseram aproveitar o momento conjuntural para sublevar-se e apoderar-se de terras episcopais, e o de certos antigos colaboradores de Lutero, empenhados em organizar uma comunidade eclesial mais rígida composta de autênticos protestantes. Por outro lado o movimento nacionalista em princípio viu em Lutero um grande protagonista para essas aspirações do povo alemão. Mas apesar dele, o número de seguidores se multiplicava grandemente; inclusive monges e monjas por centenas saiam dos conventos a fim de viver uma forma de vida cristã mais de acordo com as Escrituras. Para 1530, o norte de Alemanha havia sido ganhado para a Reforma; ou seja, ia se consolidando a formação de uma "igreja nacional" alemã, a luterana. Foi na Dieta de Espira em 1529, em que os príncipes luteranos, os do norte, protestaram ante os príncipes católicos, os do sul, por quanto o representante do imperador anunciou que Carlos V abolia a cláusula que na Dieta anterior ordenava que cada estado era livre de eleger sua forma de religião, ficaram conhecidos desde esse tempo como protestantes.Antes e depois da morte de Lutero, ocorrida em 1546, houveram guerras entre os príncipes luteranos e os católicos, incluído o imperador, e não foi senão até 1555 em que o luteranismo conseguiu o reconhecimento legal no Império, com ocasião da Dieta de Augsburgo, reunida por Fernando, irmão de Carlos V, mas só para os que se guiassem pela Confissão de Augsburgo, como um primeiro passo fazia a liberdade religiosa, e onde foi incorporado o princípio do “cujus regio, ejus religio” (tal governo num Estado, tal religião neste Estado), de onde se conclui que o credo religioso das pessoas dependia do pais onde nascesse e não por sua fé subjetiva, como temos comentado; assunto que determinavam os governantes, mais por seus interesses políticos que por seus princípios religiosos. Além da Alemanha, também nos países escandinavos (Suécia, Dinamarca e Noruega) se organizaram "igrejas nacionais" luteranas.
Na Suiça. Na Suíça a Reforma se desenvolveu simultaneamente com a alemã, entretanto mais independente que esta; de maneira que, como em outras partes da Europa, a Reforma na Suíça não se identifica como luterana, e na verdade os líderes que seguem depois de Lutero, ainda que indiscutível primeira ordem, já não se lhes tem como pioneiros, senão seguidores. Ali Ulrico Zwinglio em 1517, mais radical ainda que Lutero, enfrentou aos abusos eclesiásticos e à "remissão de pecados" que ofereciam por meio de peregrinações a um santuário da virgem de Einsieldn. Igual a Lutero, Zwinglio havia cultivado sua educação humanística nos meios universitários, se aprofundou em seu estudo do Novo Testamento e também foi ordenado sacerdote ao serviço do papado (1506), e nessas condições recebeu as 95 teses de Lutero, em um momento em que também se pregavam as indulgências em Zurich. Zwinglio rompeu definitivamente com Roma em 1522, data na qual se uniu em matrimônio com Ana Reinhard.Há de se ter em conta que a situação da igreja na Suíça era diferente à da Alemanha. Ali a igreja dependia mais do Estado, em tal forma que os conselhos municipais tinham autoridade para intervir nos assuntos eclesiásticos, fruto do espírito da época e das grandes lacunas da teologia escolástica imperante. Zwinglio se opôs a esta teologia e a todas as mentiras romano papistas como as indulgências, purgatório, relíquias, imagens, intercessão dos santos, a transubstanciação escolástica, os alunos quaresmais, o celibato, as tradições humanas, a riqueza da igreja, a distinção entre clérigos e laicos, o poder secular da igreja, o sacramento da penitência, como práticas estranhas à Bíblia. Desde o começo Zwinglio contou com a simpatia do conselho de Zürich, o qual acelerou e legalizou a reforma no beco e se foi estendendo por outros becos com a ajuda de outros pregadores do evangelho. Morre Zwinglio pelejando em disputa com as províncias católicas, na batalha de Cappel em 1531.

João Calvino. A reforma suíça seguiu seu desenvolvimento com figuras de primeira ordem como Guilherme Farel e João Calvino, considerado o maior e controverso teólogo da Igreja depois de Agostinho de Hipona, por ser sua teologia a mais bíblica de toda a Reforma. Nasceu Calvino em 10 de julho de 1509, em Noyon de Picardia, França, de uma família de antepassados humildes, mas de pais meio acomodados. Adiantou estudos de teologia na Universidade de Paris, os que mais tarde abandonou pelos de jurisprudência e humanidade. Escrevia com perfeição em latim, e adquiriu conhecimentos do grego e do hebraico, e foi atraído profundamente pelas idéias luteranas. Em 1535 fugiu de Paris a Basiléia e Genebra acusado de heresia, onde publicou sua famosa obra conhecida como a Instituição da Religião Cristã, a mais sistemática, coerente, ordenada e clara apresentação da teologia dogmática protestante. Está composta esta obra de quatro livros e dividida em oitenta capítulos, e é considerada a soma do sistema teológico calvinista. Há de se ter em conta que o propósito fundamental da teologia é o de guiar os crentes na busca de Cristo nas Escrituras.Grande estudioso da teologia de Agostinho, e tratando de expor o que era o cristianismo verdadeiro, a teologia calvinista separa temas como o do Pai como o Deus soberano sobre Sua criação, que governa, sustenta e preserva o universo com amor e justiça ao mesmo tempo; a natureza do homem, a imortalidade, o pecado, a redenção operada por Deus em Cristo; sobre o Espírito Santo; a Igreja e sua relação com as autoridades civis; as conseqüências da queda. Calvino nega a liberdade do ser humano no sentido pelagiano: primeiro, de acordo com a doutrina paulina, é escravo do pecado, escravidão da qual somos redimidos pelo Senhor por meio da fé; mas como a fé é um dom de Deus, é evidente que Deus elege, e viemos logo a ser servos do Senhor. Há biblicamente uma eleição e predestinação para salvação. Calvino estabelece a necessidade das Escrituras para o conhecimento de Deus, dado que Cristo é o único mediador entre Deus e os homens e Cristo é o centro da Bíblia. (Se pode ler no Apêndice II de este capítulo os cinco pontos da doutrina calvinista da graça).Enquanto à Igreja, na Instituição ou Institutos, Calvino ensina que a Igreja universal não é idêntica a nenhuma instituição visível; que não pode ser dividida, porque isso significaria que Cristo está dividido; a Cabeça da Igreja é Cristo, e os crentes juntos formam um Corpo; que a Igreja visível está composta de igrejas de diferentes cidades e aldeias.Calvino reconhecia dois sacramentos, o batismo e a ceia do Senhor. Ensinava também que os termos bispos, anciãos, pastores e ministros, têm o mesmo significado, mas seu ponto de vista era que, além da vocação interior de Deus, os ministros têm de ser eleitos com o consentimento e a aprovação do povo mediante eleições. Inclinava-se a fazer uma aristocracia eleita. A teologia calvinista teve tanta importância, que irradiou sua influência por outros países europeus como Holanda, Escócia, Hungria, França, Inglaterra, e mais tarde na América do Norte. As teologias, tanto de Lutero como de Calvino, foram as de maior influência nos movimentos protestantes que surgiram da Reforma.Em Genebra houve discrepâncias de tipo religiosa com os governantes civis, e devido a isso Calvino e Farel se retiraram a Estrasburgo, mas sendo chamados de novo, Calvino conseguiu que adotassem suas Ordenanças Eclesiásticas, uma constituição da igreja, para restabelecer por meio delas a ordem, mesmo que, ao não haver uma política clara de independência da igreja e o Estado, o poder civil continuou com suas pretensões de ser também o representante supremo do poder eclesiástico.Por exemplo, a confissão de fé se faz obrigatória para todos os habitantes da cidade. Os magistrados civis intervêm na nomeação de candidatos ao ministério, e os consistórios eclesiásticos eram integrados por ministros da igreja e membros dos conselhos municipais. Devido a essa sinistra herança, a esse critério dualista, a essa persistente união da igreja com o Estado, desafortunadamente Calvino foi um dos juízes inquisitoriais que condenou a morte na fogueira ao célebre reformador radical, médico, humanista e científico espanhol Miguel Servet, por seus erros antitrinitários e contra da predestinação e o batismo infantil, pois a heresia era um delito civil abaixo o Código Justiniano, ainda que Calvino tratou com empenho que se retratara. Servet havia sido médico do arcebispo de Viena na França, e havia sido julgado por herege no sistema católico romano, e fugindo a Suíça, foi reconhecido e arrastado a instâncias de Calvino. Servet foi queimado na fogueira em 27 de outubro de 1557, e entre as chamas clamava, dizendo: "Oh Jesus, Filho do eterno Deus, tem piedade de mim". Ainda que Calvino não era sempre o agente principal das atividades do consistório, é lamentável registrar o exagerado zelo por guardar a moral pública e as práticas cultuais, que as disciplinas e as censuras chegaram a um grau sufocante e exagerado de ridículo, de tipo inquisitorial.

Na França. Em contraste com Alemanha e Suíça, na França os protestantes formavam uma minoria, sobre tudo si se tem em conta que os reis franceses, nominalmente católicos, segundo interesses costumavam porem-se alternativamente da parte dos protestantes ou dos católicos. Destaca-se a figura do professor humanista, teólogo e tradutor da Bíblia, Jacobo Lefèvre d’Etaples, quem desde 1512 escreveu e pregou sobre a justificação pela fé, a ausência de méritos nas obras humanas e o caráter extra-bíblico da doutrina escolástica da transubstanciação. Na França o protestantismo teve uma história tempestuosa e se viu envolto o país em prolongadas e intermitentes guerras religioso políticas entre 1562 e 1594.A Universidade a Sorbona, fundada no século XIII por Roberto de Sorbom, se encarregou de publicar uma declaração das doutrinas da igreja católica, refutando os Institutos de Calvino e proibindo os livros dos reformadores, incluindo as obras de Lutero, Calvino, Felipe Melachthon e Clemente Marot. A maioria das aldeias valdenses nos vales de Provença foram destruídas e alguns irmãos queimados na fogueira. Um ato digno de se destacar é que a história registra a matança da noite de São Bartolomeu, em agosto 24 de 1572, em que por ordem de Catarina de Médicis, da família real, foram vilmente assassinados uns 70.000 huguenotes, nome dado aos protestantes na França, incluindo a quase todos seus dirigentes, entre eles o almirante Gaspar de Coligny, o qual foi atravessado por uma lança em seu leito e jogado ao balcão, por obra de um dos Guisa, da nobreza francesa. É lamentável registrar que quando a noticia chegou até Roma, celebraram festas especiais, o papado deu a ordem jubilosa de que se tocassem todos os sinos da cidade e se mandou cunhar uma medalha para comemorar a data.Em 1598, mediante o Edito de Nantes foi garantido aos huguenotes à liberdade de culto público em muitas cidades especificadas da França, entre as quais não se incluía Paris. As muitas perseguições na França contribuíram para a união entre os protestantes, o que os levou a organizarem-se em igrejas com seus pastores, diáconos, etc... Chegando inclusive a redigir uma Confissão de Fé e um Livro de Disciplina. No entanto, no vaivém dos interesses políticos, aos protestantes se lhes asseguraram os plenos direitos cívicos; e ao clero protestante se lhe concedeu as mesmas exceções do serviço militar e de outros cargos de que o clero católico gozava.Quando Napoleão Bonaparte ascendeu ao poder em 1799, uma de suas preocupações foi a de controlar a vida religiosa da França. As duas principais confissões protestantes, Reformados e Luteranos, foram reconhecidas oficialmente, e ao igual que o clero católico romano, seus pastores foram considerados funcionários do Estado, com direito a receber salário do fisco (1802).

Na Escócia. Antes que se difundissem as idéias luteranas, na Escócia já existiam pequenos grupos wycleffitas e hussitas, mas foi no século XVI quando foi introduzida a Reforma, a qual chegaria a ser acolhida pela grande maioria da povoação, de maneira que o protestantismo chegou a ser a religião oficial do Estado. É importante saber que a forma do protestantismo que prevaleceu na Escócia foi a presbiteriana, onde os termos pastor, bispo e ministro se empregavam para determinar o mesmo posto. Os presbiterianos, fiéis seguidores das idéias calvinistas, a diferença dos anglicanos, não estiveram de acordo com o rei, além de chefe político fosse o chefe da igreja. O protestantismo teve um grande desenvolvimento na Escócia devido à anarquia predominante entre a nobreza, a qual, como se sabe, monopolizava muitos postos eclesiásticos, que eram ocupados pelos filhos dos nobres que gozavam das rendas; mas o pior do caso é que eram ausentes, ou seja, que usufruíam das rendas sem cumprir as funções correspondentes. Surgem alguns precursores da vindoura revolução religiosa; os escritos de Lutero se difundiram e se conhecem insignes varões de Deus como Patrício Hamilton, que, acusado de heresia, foi queimado vivo em 1528 em Santo André, a capital eclesiástica do país; mas este martírio, longe de apagar o fogo da reforma, o avivou.O mais destacado Adail da reforma escocesa foi indiscutivelmente João Knox, que nasceu em Haddington em 1515, e depois de haver cursado estudos universitários, foi ordenado ao sacerdócio em 1540. Knox escutou as pregações de Jorge Wishart, mártir e companheiro de Patrício, convertendo-se em um dos mais estritos e severos teólogos de todo o século XVI, e com alguns companheiros se dispôs a pregar as doutrinas protestantes no castelo de Santo André. Havendo sido capturado e levado a França, permaneceu de galeote durante dezenove meses, até que por intervenção do governo inglês, foi liberado em 1549. Uma vez liberado foi a Inglaterra, onde a reforma estava em seu ponto culminante, e foi um dos capelães do rei Eduardo VI. Mais tarde em Genebra foi discípulo de Calvino. Escócia aderiu oficialmente à reforma em 1561, depois de uma guerra civil, quando o parlamento escocês adotou uma confissão de fé mais calvinista que luterana, que Knox e outros reformadores haviam redigido, a Confissão de Fé Professada e Crida pelos Protestantes do Reino da Escócia. Proibiram a missa e declararam nula a jurisdição papal na Escócia. Também redigiram o documento conhecido como o primeiro livro de Disciplina, no qual se estabelecia o regime presbiteriano, e o Livro de Ordem Comum, uma espécie de liturgia de Knox.. Como se vê, tal como o fizeram Lutero, Calvino, Zwinglio e outros reformadores, também Knox se valeu das autoridades civis para efetuar as reformas, ainda que houve setores minoritários do protestantismo, que eram menos insistentes na perpetuação desse statu quo, o mesmo que do ritual e organização herdados da grande mãe.

Na Inglaterra. Henrique VIII não foi necessariamente o iniciador da reforma na Inglaterra. Já desde os tempos do pré-reformador Wycliffe, existia na Inglaterra o movimento dos lolardos, que buscavam voltar á pratica do cristianismo primitivo. Além dos lolardos, os protagonistas da verdadeira reforma inglesa são o humanista John Colet e seu discípulo Guilherme Tyndale, destacado humanista cristão, sacerdote, mártir, tradutor da Bíblia ao inglês partindo dos originais hebreu e grego, e se ajudou com a Septuaginta e a Bíblia de Lutero, mas usando pouco a tradução de Wycliffe, quem havia usado a Vulgata. Além disto, muitos dos escritos de Lutero se haviam difundido por todo o país, achando um terreno abonado, e de grande influência inclusive nas universidades de Oxford e Cambridge. No princípio, Henrique VIII se mostrou contrário à reforma luterana, por considerar herege. O curioso é que Henrique VIII, depois que em 1521 recebeu do papa Leão X o título de Defensor da Fé, tempos em que na Inglaterra os estudantes de teologia deviam renunciar abaixo juramento às doutrinas de Wycliffe, João Huss e Lutero, esse mesmo monarca em 1534, por conveniências particulares, rompe oficialmente com o papado, e estabelece a Igreja Católica da Inglaterra, declarando-se ele mesmo como cabeça da mesma, respaldado por um vigoroso nacionalismo que incitava à oposição à intervenção de um papa estrangeiro nos assuntos eclesiásticos e à maneira em que os representantes papais derrotavam as rendas do país nos luxuosos palácios de Roma e Avinhão. De tudo isto se aproveitou o quase absolutista Henrique VIII.Henrique VIII (1491-1547), se casou por conveniências políticas com Catarina de Aragon, filha dos reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel, e na ocasião viúva de seu irmão Arturo. Este matrimônio não era permitido pelas leis canônicas da época, mas obteve a autorização do papa Julio II. Eles tiveram vários filhos, mas somente sobreviveu Maria. Henrique anelava apaixonadamente um herdeiro masculino, e começou a questionar-se se não fosse castigo de parte de Deus por haver se casado com a viúva de seu irmão, dúvidas que aumentaram quando foi objeto de atrações mútuas com Ana Bolena, com a qual se casou secretamente, solicitando a anulação de seu matrimônio anterior. Tenhamos em conta que os nobres ingleses em sua maioria eram opostos à cúria romana, e Tomás Cranmer, arcebispo de Canterbury e quem pôs o fundamento para a teologia da igreja Anglicana, simpatizava com as doutrinas luteranas. Os grandes canonistas das principais universidades européias, consultados para o caso por conselho de Cranmer, consideraram nulo o matrimônio de Henrique e Catarina, mas o papa se negou a anulá-lo pelo fato de que Catarina era tia do Imperador Carlos V, quem era mais poderoso que o monarca inglês.A ruptura com Roma não se fez esperar. O parlamento inglês em 1534 aprovou certas leis que protocolizavam a ruptura e nomearam a Henrique VIII cabeça suprema da igreja na Inglaterra. Foi a época quando foram decapitados o humanista, pensador e bom cristão Sir Tomás More e outros, por não estar de acordo com os sucessos. Logicamente que o papa excomungou ao rei. No ano 1535, Henrique se pronunciou a si mesmo como "in terra supremum caput Anglacanæ ecclesiæ" ("a suprema cabeça da Igreja Anglicana"), e ato seguido o nome do papa foi apagado de todos os livros cultuais, ficando assim dono tanto do Estado como da igreja.Não é nossa intenção ao largo do livro aprofundar-nos em detalhes, mas é necessário deixar registrado que durante o resto do reinado de Henrique VIII, a história registra suas muitas vacilações em assuntos doutrinários, sua não aceitação às fundamentais doutrinas da Reforma, as múltiples execuções de quem não estiveram de acordo com seu proceder, proibição da leitura da Bíblia, seus posteriores divórcios e re-casamentos, decepcionando a todas as correntes doutrinárias da época.A Reforma na Inglaterra se estabeleceu definitivamente durante o reinado de sua filha Isabel I, cujo reinado as prisões foram abertas, revogados os exílios, honrada a leitura da Bíblia, a época mais gloriosa da história inglesa. A partir dessa época a Igreja Anglicana tomou a forma que tem permanecido até hoje, com uma paróquia real de tão somente 6% do povo; da nominal não temos conhecimentos. É importante registrar que o tormento e até sangrento desenvolvimento da Reforma na Inglaterra, deu origem a muitos grupos minoritários de radicais, que posteriormente foram as raízes de movimentos separatistas e a formação de grandes denominações, como o veremos logo.As missões anglicanas estabelecidas em território norte-americano, depois da guerra da independência sofreram uma transformação, pois em 1789 os anglicanos dos Estados Unidos se organizaram em uma denominação independente, a Igreja Protestante Episcopal.



A Paz de Westfalia
Depois dos movimentos reformistas dentro dos toldos católicos, a Igreja Católica Romana se pôs em marcha para reclamar os territórios europeus que havia perdido em favor do protestantismo. Um século depois de institucionalizada a Reforma protestante, em 1618, e por defender interesses, ambições e rivalidades mais políticos que religiosos dos reis, generais y aventureiros, o mesmo que os impulsos do nascente nacionalismo se desatam na Alemanha e logo em outros países europeus uma guerra conhecida historicamente como a Guerra dos Trinta AnosO catolicismo romano recupera alguns territórios que havia perdido, assim como paróquias, monastérios e bispados, mas não pode acabar com o protestantismo. Finalmente, mediante o tratado de Westfalia de 1648 se firma a paz, e se fixam os lindeiros tanto dos estados católico romanos como protestantes, e se concedeu às nações européias o direito a eleger religião. Registram-se muitas mudanças e se frustram muitas aspirações habituais na Europa medieval.Recorde-se que, como o temos mencionado no capítulo de Tiatira, os idealistas do sistema romano haviam dado por sensato que o papado estava chamado a dar cumprimento ao reino milenar e fundamentaram suas esperanças na formação de um Estado universal com duas cabeças, o papa romano e o Santo Império Romano, confundindo assim praticamente a igreja com o mundo; secularizando a igreja, ou "cristianizando" o mundo. Será cumprimento disto o frustrado milênio que inaugurarão as duas bestas de Apocalipses 13? Mas ao surgir a reforma protestante, e começar a passar a velha ordem que havia estado associado com o cristianismo apóstata, muitos despertam do ilusório sonho à objetiva realidade de que o mundo não se pode "cristianizar", e de que a igreja secularizada não pode substituir nem à legítima Igreja de Jesus Cristo, em sua manifestação verdadeira, nem ao escatológico reino milenar do Senhor. Poderá o mundo ser "cristão" em certas épocas mais que em outras?É perigoso confundir o mundo e o Estado com a Igreja. Sabemos que Deus saca a Sua Igreja do mundo; faz um exagorazo*(1), para que não se siga nem, confundindo com o mundo, nem siga de escrava dessa corrente mundana. É verdade que a Igreja tem influenciado no mundo, porque é a luz do mundo, o sal da terra; mas é difícil determinar até que medida o mundo se conforma às normas cristãs.
*(1) Cristo ao redimir-nos, nos tem sacado da praça de mercado (em grego, agora) de escravos. O mundo é a praça de mercado de onde nos tem sacado o Senhor.
*exagorazo: "comprar e retirar do mercado”

Como ladrão na noite

" Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. " (v.3).A igreja protestante reformada se caracteriza por receber ensinamentos em insignes centros educativos, grandes seminários e incontáveis institutos teológicos, porém mais em teoria e na letra que no espírito; letra sem vida, conhecimentos na mente, onde esses velhos odres não puderam conter o novo vinho. Mas, esses ensinamentos seriam os autênticos de Cristo? Tenhamos em conta que Tiatira inventou seu próprio ensinamento, e muito desses ensinamentos passou a Sardes. O que fazia a igreja primitiva? " E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. " (At. 2:42). Mas chegou o momento histórico em que a Igreja se esqueceu da doutrina dos apóstolos, e se perdeu a comunhão de Cristo, mas Sardes não a restaurou completamente; seguiu inventando coisas.Com a Reforma se iniciou um avivamento, mas suas características foram mais exteriores que uma vida espiritual autêntica. A este remanescente de refugiados de Tiatira se lhes elogia haver aceitado esses revolucionários ensinamentos, mas por quanto esses conhecimentos não foram fonte de vida espiritual, aquela boa obra ficou pela metade, não completaram o propósito que o Senhor tinha de recuperar e restaurar por completo Sua Igreja. A reação de Deus a esse statu quo não foi respaldada inteiramente pelos homens. Receberam muitos ensinamentos em seus intelectos, mas não chegaram a seus corações; então se considerava viva, mas estava morta. "Tem recebido todo o depósito, com todas suas exigências e privilégios, mas o tem prestes a acabar". Disse o irmão Rick Joyner: «Não procures ensinar a outros a fazer o que tu, por ti mesmo, não estás conseguindo. A reforma não é tão somente uma doutrina. A verdadeira reforma vem da união com o Salvador. Quando estás em jugo com Cristo, levando a carga que Ele te tem dado, Ele estará contigo e a levará por ti. Tão somente poderás fazer seu trabalho quando o estejas realizando com Ele, não só para Ele. Somente o Espírito pode gerar aquele que é Espírito. Se estás em jugo com Ele não farás nada a favor da política nem da história. Tudo o que faças por motivos de pressão política ou oportunidades te conduzirá ao fim de teu próprio ministério. As coisas que se fazem em um esforço por fazer a história, serão a melhor restrição de tuas colaborações à história e fracassarás em teu intento de impactar a eternidade. Se não vives o que pregas a outros, te desqualificas a ti mesmo do sumo chamado de Deus». (Rick Joyner. La Búsqueda Final. Whitaker House. U.S.A. 1997)
Em Sardes foram restauradas algumas coisas, mais nada em matéria eclesiológica, e a vida do Corpo. Não há autêntica vida espiritual quando não se vive corporativamente, pois Lutero pode haver definido à Igreja como a comunhão dos santos, mas no fundo houve confusão, e se seguiu pensando em um edifício, em uma instituição. Recorde-se que para Lutero, o governo e a organização externa da igreja eram relativos, adaptáveis ao tempo e às circunstancias; em troca Calvino e Bucero (ou Bucer) pensavam que a organização da igreja devia sujeitar-se aos ditados da Bíblia, o qual tem uma validez permanente.A Reforma foi fundamentada mais por "teologias" e "doutrinas", que pela Palavra de Deus. O teólogo com relativa facilidade pode inclinar-se a certas correntes doutrinais, devido a que com segurança tem sido formado de acordo com os critérios dominantes de algumas escolas de pensamento, com freqüências fechadas a distintas outras tendências e considerações teológicas, dificultando assim o correto e verdadeiro enfoque da sã exegese da palavra profética. Hoje se tem milhares de escolas para pastores e até para profetas, mas isso não garante que hajam sido escolhidos por Deus para pô-los como pastores e profetas, nenhum grau ou diploma autoriza a ninguém a ordenar a outro de pastor ou profeta.O Senhor veio edificar uma Igreja para sua glória, para que seja Sua morada, Seu templo. Com freqüência, as eventuais representações têm sido formais, tanto que tem desvirtuado a verdadeira orientação histórica que o Senhor se propôs dar-lhe a Sua única e amada Igreja. É apenas compreensível que quem não contenha ao Senhor, em primeira instância a nível individual e logo corporativamente, não pode representar correta e profeticamente.Se o Espírito Santo não vive no espírito do homem e Cristo não habita em seu coração, é muito difícil a edificação da Igreja debaixo dos parâmetros e requerimentos da Palavra de Deus. Quando em Efésios 3:17 diz, " e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé ", o verbo habitar, em grego katoikeo, acarreta a idéia de "sentir-se em casa" ou "possuir-se de". A Igreja é a santa casa de Cristo, é Seu lugar onde Ele, como Cabeça, é quem manda. Mas através da história as coisas tomaram um rumo diferente, e os homens começaram a desconhecer o Cabeça, o chefe da casa.O nível da Igreja começou a deslizar-se à morte dos apóstolos; o método divino se foi perdendo, até que ocorreu o matrimônio com o sistema político religioso do mundo; e por Séculos a cristandade esta tratando de servir a Deus usando métodos artificiais, meramente religiosos e de humana invenção, introduzindo e adotando fogo estranho, tomando prestadas liturgias e costumes do antigo judaísmo mescladas com os rituais de origem pagã de heresias babilônicas, egípcias, gregas e romanas, cristalizadas primeiro no sistema católico romano e transpassadas a sua vez, com alguns atenuantes, às igrejas cristãs nacionais européias, e posteriormente, com certas roupagens de ortodoxia bíblica, às grandes denominações protestantes; mais tarde se vislumbram alguns vestígios dessa nefasta herança nos sistemas congregacionais, tais como seu clericalismo, seus templos, altares, economia.O que acontecerá com as igrejas reformadas protestantes? Continuarão existindo até a eventual vinda do Senhor, mas a nível organizacional estão mortas, e se não vigiarem, virá o Senhor no momento em que menos o esperam; individualmente os irmãos de Sardes não têm a suficiente clareza sobre o tempo da vinda do Senhor, que os surpreenderá como ladrão, quando Ele eventualmente estiver se manifestando aos que o buscam, aos vencedores. Em comparação com Filadélfia, para Sardes a vinda do Senhor será tão repentina e em uma hora em que ninguém em Sardes saberá, e será tão dramático, que o Senhor lhes diz que os surpreenderá como ladrão na noite. Para Sardes a vinda do Senhor os tomará por surpresa, assim como foi tomada por surpresa a cidade em duas ocasiões: primeiro por Ciro o Grande, o persa, no ano 549 a. de C., e depois por Antíoco III o Grande em 218 a. DC., apesar de que estavam confiantes, não estavam em vigilância, porque Sardes estava construída sobre uma colina cujos lados caiam perpendicularmente sobre a planície; e por último foi destruída por um terremoto no ano 17 DC., ainda foi reconstruída em 273. Mas o curioso é que o mesmo anuncio o tem o Senhor para o mundo que não lhe conhece. Sardes, se não se arrepende, é reduzida à condição de mundo. Meditemos no seguinte texto de 1ª Tessalonicenses 5:1-6:" 1 Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva;2 pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.3 Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão.4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa;5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas.6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. ".O que significa os versículos anteriores? Que necessitas estar totalmente preparado antes que chegue esse acontecimento. É necessário que sejas um vencedor, que conheça em quais dias vives, o tempo profético do Senhor, para que aquele dia não te surpreenda como ladrão. Podes ler a carta à Filadélfia com atenção e verás que na adequada restauração do Senhor as coisas são diferentes.